sexta-feira, 25 de maio de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: A POESIA DE PAULO CECÍLIO NA LIRA DOS SONHOS PASSARINHEIROS


  SONHOS MORREM !!!
                Paulo Cecílio
como um documento amarelo que guardo: 

uma carta que escrevi 
no tempo que tinha dedos 
quando ainda existiam poemas
e o sol se punha sob cavernas perdidas 
nas entranhas dos amores com teu cheiro 
de peixe sem aquario ofegante  angustiado

morre um sonho 
e isto eu nunca vira: 
os sonhos tambem morrem

mas morrem nascendo
como a crizálida que explode 
em dor e levita em asas novas

morre o dia sem
sem rojões sem medéias 
sem mulheres medusas 
sem que o do vento sul 
encha de caroços minha pele

cobras esvoaçantes na cabeça 

nos corais sentado 
com menos que um sorriso 
me desfaço 
diante do perfeito compasso 
do arquiteto na curva do céu  

permanece lá meu motor de pano 
impávido com suas velas remendadas 
de sonos sem dormir de sonhos sem sonhar

nas estrelas de ontem 
parecia intransponivel 
o  mar cheio de magias em 
sonhos de ulisses  ilhas  desertas  

a carne do marlin masco
e ofereço a gaivota que calada 
espera o momento incerto da partida  

quis partir um dia remando
de qualquer modo escondido 
sob o lenço que ao chao lançaste 
pra que eu menino me curvasse 
e olhasse pra ti dos pés ao alto 
ate morrer em teus cabelos cinzas de vulcão  

no assovio do teus ventos
moram lendas sussurradas
gravadas aos pes de fogos solitários 

como um documento amarelo que guardo: 

uma carta que escrevi 
no tempo que tinha dedos 
quando ainda existiam poemas 
e o sol se punha sob cavernas perdidas 
nas entranhas dos amores com seu cheiro 
de peixe sem aquario ofegante  angustiado

entao acordei assim 
sem cores nos olhos 
ou musica nos ouvidos ou vento na pele 
apenas o aroma de meus albatrozes cinzas 

meus olhos secos sem lagrimas 
encheram esta bacia tao grande 
pra que tu pudesses  de mim  partir

nao quero partir mais nada
apenas descansar 
num tempo 
sem sonhos 
sem despedidas  
com meus peixinhos  descalços:

o mar tornou-se pequeno! 


2 comentários:

Concha Rousia disse...

O Paulo é um grande poeta, mas aqui está errado, sonhos nunca morrem :) eles só acordam... nunca morrem... Abraço vocês dois, meus amigos amados, com toda a minha ternura.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, Concha: adormecem, ficam à espera de quem lhes possa dar vida numa calavagadade luta e voo poético. abs, jorge