Jorge Bichuetti
Voo... entre pássaros e estrelas;
meus riscos no chão agrestes só são
meu corpo descamado,
meu tédio emparedado,
minhas feridas que sangram
nos reveses das cicatrizes...
Voo... além das palavras;
além do silêncio... sou folha seca,
no vento bailo a última valsa...
Depois, descerei... degrau por degrau;
não ouvivei o canto mágico da vida, nem
cantarei o samba da minha gira de alegria...
Descerei... e louco-criança somente hei de tecer
um novo sonho na argila formada pela poça
das lágrimas que voando, chorei
e das outras, que o caminho recolheu
e o tempo louco por ir
não parou para secá-las...
NO HORIZONTE AZUL
Jorge Bichuetti
No horizonte azul, onde deposito minha vida
de sonhos e poesias... magia do luar
no encanto das manhãs,
deve existir um ninho...
um ninho atapetado
de folhas secas e flores murchas,
mas um ninho;
e, ali, no longe tão-perto,
pois sendo infinito
não deixa de ser também
a ante-sala do meu coração...
ali, tão longe tão perto...
adormecerei para sempre,
ouvindo no canto
dos meus brejeiros passarinhos
a sinfonia do adeus...
entre o silêncio dos deuses
e as badaladas dos sinos
que transformarão
meu desespero e minha solidão
numa terna e pueril
profana oração...
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