EU
Jorge Bichuetti
Das peneiras
que chacoalhavam no Garimpo, eu sai
pedrinha miudinha...
não sendo ouro nem diamante,
me vi na estrada
na companhia das folhas secas
que atapetam a vida...
roçadas pelos pés cansados dos
andarilhos, operários, poetas e meninos-cirandeiros...
Andei... longe de casa;
sonhei... com um ninho...
Um ninho tecido de retalhos,
retalhos de pano, de árvores
e retalhos da minha própria vida que ia
pelos caminhos do mundo
recolhendo a música do vento
e a magia insurgente no silêncio do tempo...
Assim, eu sou... u'a pedrinha miudinha
de todos os caminhos; mas, meu coração,
não, ele ficou... no campanário da igrejinha deserta
onde pássaros e anjos conversam nas manhãs,
cantando a esperança da volta na recordação
da lágrima que orvalhou o primeiro adeus...
SONHOS MATINAIS
Jorge Bichuetti
Extranho, me pareço natural:
acordo pra sonhar e sonho azul...
Sonho minha vida, vida-menina
nos braços calorosos do luar;
vida-alucinada com o meu coração
todo mergulhado no oceano de amor
que vi e senti no brilho do olhar
de Deus que habitava o carinho fraternal
dos meus inesquecíveis pais...
Nas manhãs, então, na saudade do amor,
que um dia aqueceu meus sonhos, eu sou
tão-somente um menino que brinca nas rugas
do meu já cansado e envelhicido rosto...
LUINHA
Jorge Bichuetti
Santa Luinha, orai por nós....
Cuida dos versos que descamam
do meu corpo, fiapo de sonho na
beleza singela das nossas manhãs...
Santa Luinha, cuida de mim...
Nos teus afagos encontro a magia
da vida que envergonhada com os crimes da razão;
agora, se travestiu para sempre... e é poesia
no que resta de humano,
vela acesa no nossa indigente podridão...
quarta-feira, 23 de maio de 2012
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Um comentário:
Vai falando em mim para a Luinha! Beijos
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