segunda-feira, 7 de maio de 2012

DIÁRIO DE BORDO: CAMINHADA...

                    Jorge Bichuetti

O frio da madrugada pede carinho e aconchego... A solidão é o lamento do corpo e o canto do coração, desejando solfejar a oração pela partilha. O céu escuro entre nuvens que turvam minha mirada me induzem a pensar no caminho... Luinha, logo, me abraça: teme que o pensar gere partidas, adeuses... distância...
Viver é caminhar... Mas, o caminho é germinação permanente de raízes... um estar com... um estar entre... Caminhando, tecemos vínculos... O vínculo é u'a matriz que alberga os voos da nossa alma na nostalgia das badaladas dos sinos que animam os campanários.
Queria, voar... como os passarinhos: seguem cantantes, confiando que as árvores guardarão o tesouro de seus ninhos.
Queria ir para o mar como caminham os riachos e rios, carregando consigo os ungüentos da vida: folhas secas, flores da margem, cardumes... sonhos e cantigas.
A tempestade molha meus livros; porém, eles anseiam copiar as lições das estrelas... com medo da tempestade, os privo do horizonte, no baú dos meus guardados...
Caminho... mas, preciso aprender a abrir caminhos...
Meus pés andam cansados dos velhos roteiros; meus amores anseiam por viver os passos da estrada...
Será mesmo que é matriz dos vínculos seja uma raiz?... Por que não flores, ramagens, sementes?...
Caminhar é semear e colher novas sementes, para que a vida se reinvente na ousadia de diversificando, colorir-se e se perfumar... encantar e se encantar...
As borboletas voam...
O néctar das flores lhes asseguram o retorno dos pássaros...
Viver é libertar-se... A liberdade nos enriquece, nos empodera de novos caminhos e horizontes...
Faz frio... O calor da casa agasalhada nos aterroriza diante das intempéries do caminho...
Contudo, a rotina, a mesmice... nos acinzenta, nos vulnerabiliza, nos entristece...
Como deixar nossos olhos encantados com o brilho das estrelas, se o medo da cegueira dos ciscos nos inibem de mirar alto?...
Caminhar é desbravar novos modos de viver e existir... Experimentar novos eus, pari-los e nos transformar numa multidão andarilha... seres metamorfoseantes...
A segurança do ontem, do vivido é puro acorrentamento...
Temos asas... e não as usamos...
Aposentamos a magia e poesia; a paixão e o misticismo...
Racionais contamos vil metal na sala de jantar...
Depois, morremos...
Assim, sabemos a data da nossa morte... mas, não a do nosso verdadeiro, ativo e intenso nascimento...


4 comentários:

paulo cecilio disse...

Jorge, raízes fazem parte do caminhar. Se vamos em frente,rompemos raízes podres, e germinamos raízes novas e suaves, que não seguram nossos vôos...

Lillian disse...

Jorge!!!! Quanta saudade!!!!

"Como deixar nossos olhos encantados com o brilho das estrelas, se o medo da cegueira dos ciscos nos inibem de mirar alto?..."
Esta pergunta me intriga muito...

Quero compartilhar contigo reflexões sobre caminhos que tenho andado (texto mais abaixo no meu blog); especialmente para mundos internos. Aliás, ando sumida, não por falta de saudades que me façam procurar, mas por necessidade de seguir nestes mesmos percursos de que falei.
As vezers necessitamos recolher e esta recolhida as vezes é mais longa do que esperavamos...

Amo muito vocês todos da FBG.

Abraçosssss

Blog Lírio em arte fênix:
http://lirioemartefenix.blogspot.com.br/2012/05/sozinha-em-caminhos-nareviravolta-do.html

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Paulo, caminhar é voar enraizado nas flores miudinas da estrada... abs ternos, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lillian. vamos trocar e poetizar o caminho. Assim, avistamos na pele o alvorecer. abs ternos, jorge