quarta-feira, 9 de maio de 2012

POESIA: UM CORPO ALADO

                      NO CHÃO
                          Jorge Bichuetti


Obstinado quis voar,
entre estrelas riscar no azul
a palavra mágica do carinho maior
escrita com as garatujas do coração de um menino...


Desejei sonhar e tecer
no horizonte um criptograma,
todo esculturado pelas rosas miúdas
que anônimas perfumam
os caminhos desertos dos guerreiros
na ousadia de desbravar novos alvoreceres...


No entanto, não voei... sonhei
entre a aridez do chão ressecado
da nossa crua e triste realidade...


No chão, somente pude gritar:
- piedade!... Santa Vida, cuida 
das lágrimas que jorram das incontáveis feridas!...

Assim, vi o mundo e suas mazelas...
Indignado, também, chorei...
Contudo, como se tivesse um corpo alado
adormeci na roda dos deuses compassivos
que longe dos altares, vivem, sonhando
entre a teia dos sonhos e a poesia grávida,
oração cósmica do novo insurgente,
a avidez da Vida que teimosa tenta nascer
na aurora da mudança, 
parto floral de u'a nova realidade...



                                   SONHOS
                                           Jorge Bichuetti

Miro a vida e nos vejo 
fogueira de vaidades e
solidão de folha seca no vento...


Cheiro a vida e nos percebo
vendavais sanguinolentos e
corpo dado aos escaninhos do mercado...


Assim, não vendo rastros do além-do-homem
na poeira tresloucada da nossa vil realidade, voo
para encontrá-lo na poética arte de sonhar...



Nenhum comentário: