... NO TEMPO DA DELICADEZA
jorge bichuettiVivemos tempos áridos... As guerras, a violência urbana, a miséria e o desamor... Um tempo de hostilidades, rispidez, truculências...
Todo dia encontramos um olhar que nos olha e não nos vê... Uma palavra rude que nos corta e cujo sangue goteja sem a cumplcidade de um abraço amigo... Um entrave burocrático, um atropelo do sistema...
Todo dia... vemos a Terra agonizando e clamando pelas feridas milenares do rude trato humano que recebe.
Todo dia... escutamos alguém que se sente menos, desvalido, porque atropelado pelo humor caústico de um outro que não deu atenção.
Todo dia... Todo dia...
Um jovem corpulento fura a fila e o velho atrás, agora, engole seco, contendo sua indignação por instinto de autopreserversão;
Um chefe humilha um subalterno que se cala preservando o emprego;
Um mendigo é tripudiado, um cão é pisoteado, um grito inibe a voz trêmula de algum indefeso;
Um homem, todo dia, é desumanizado pela indelicadeza vigente.
Pais e filhos se agridem, professores e alunos se desrepeitam...
Todo dia... um amor se torna menos amor pela desatenção, pela falta de carinho e respeito, pela ausência de ternura e amabilidade.
Quando olhamos a vida e a queremos nova, não podemos evitar de entender que urge decretar um novo tempo.
... O tempo da delicadeza!...
Se o "o deserto é fértil", como afirmava Dom Hélder, floresçamos...
Comecemos já...
Sejamos amáveis, ternos, respeitosos, gentis, carinhosos...
Semeemos flores pelos caminhos das nossas existência.
Uma rosa na janela... Um afago de carinho... Uma palavra doce e compreensiva... Um gesto de educação...
Andemos pela praça de mãos dadas...
Cedamos algo pelo outro...
Abaixemos o tom da nossa voz...
Calemos, evitando dispustas inúteis...
Auscutemos as necessidades daqueles que nos cercam...Permitamos que o devir ternura remodele nossas vínculos e relações, tornando-as afáveis, melodiosas, cantigas de viver e fazer viver...
Um beijo, um abraço, um bilhete acolhedor, uma palavra amistosa...
... " Não perder a ternura jamais"
Semeá-la.
Talvez, pareça difícil e até mesmo fora do tempo: sim, é um o outro tempo, o tempo da delicadeza.
Difícil? Não, não o é, pois como assevera Gullar" somos muitos homens comuns e podemos formar uma muralha com os nossos corpos de sonhos e margaridas."
3 comentários:
Gentileza
Gonzaguinha
Feito louco
Pelas ruas
Com sua fé
Gentileza
O profeta
E as palavras
Calmamente
Semeando
O amor
À vida
Aos humanos
Bichos
Plantas
Terra
Terra nossa mãe.
Nem tudo acontecido
De modo que se possa dizer
Nada presta
Nada presta
Nem todos derrotados
De modo que não de pra se fazer
Uma festa
Uma festa.
Encontrar
Perceber
Se olhar
Se entender
Se chegar
Se abraçar
E beijar
E amar
Sem medo
Insegurança
Medo do futuro
Sem medo
Solidão
Medo da mudança
Sem medo da vida
Sem medo medo
Das gentilezas
Do coração.
Feito louco pelas ruas...
Bj, Samara.
Dr Jorge,
Segundo o psiquiatra R. L. Laing, nada mudou mais o nosso mundo nos últimos séculos do que a obsessão dos cientistas pela medição e pela quantificação. Deveriam ser retiradas da ciência propriedades como som, cor, sabor ou cheiro, pois eram projeções mentais subjetivas. Edgar Morin destaca que o paradigma mecanicista é um paradigma de separação. Separou-se o sujeito do objeto, a filosofia da ciência; separou-se o conhecimento das artes do conhecimento que vem da pesquisa científica e separou-se o homem da natureza.
O Diário de Bordo ... NO TEMPO DA DELICADEZA, nos mostra que o planeta tem cada vez mais necessidade de pessoas aptas a aprender os problemas fundamentais e globais, e a compreender realidades complexas, transversais, multidimensionais, globais e planetárias.
Para tal, é necessário que haja abertura para o novo e coragem de renunciar ao conhecido. É o ser humano voltar a ser parte, e não estar à parte. Emerge a necessidade de se eleger uma ética, fenômeno este essencialmente humano e necessário para garantir a sobrevivência dos seres humanos.
Dr Jorge finaliza ... NO TEMPO DA DELICADEZA: “Difícil? Não, não o é, pois como assevera Gullar’ somos muitos homens comuns e podemos formar uma muralha com os nossos corpos de sonhos e margaridas."
Gentileza, vida divida: não somos suaves porque seguimos padrões excludentes. Na ciência, no trabalho, no amor e na rua somos homens desconectados do ético e do estético, da natureza e da arte, somos homens instrumentais - técnicos que buscam a vitória e não o encontro, a supremacia e não a solidariedade, a cooperação e gentileza que nos agregaria numa comunidade libertária. jorge bichuetti
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