O amor erótico não pode ser reduzido a sua função orgástica ou reprodutiva. Ele é um agenciador da alegria e dos bons encontros. Longe destes territórios, é masturbação a dois...
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Sexo é vínculo, partilha, comunhão.Doação. Cumplicidade, festa, arte. Vida em movimento e movimento da vida.
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Não há prazer duradouro alheio à arte de amar. Prazer instantâneo e fugaz não supre a sede e a fome de carinho, carícia e ternura, estes nutrientes essenciais da existência humana.
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A sexualidade pulsa, vibra, ativa, atiça, incendeia toda natureza; ela está no cerne da vida. Quando, porém, ela violenta a potência do existir de uma vida, é que ela está enredada nos labirintos do fascismo.
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A intolerância com a diversidade sexual revela nossa inconsciente ambiguidade renegada.
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O enamorar-se acontece... O amor é fruto de uma sementeira diuturnamente cultivada.
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O estupro, a sedução inconsequente e a violência nas relações afetivas são crimes. Crimes contra a vida, crimes que lesam a humanidade. Particularizá-los ou privatizá-los é negar que a vida estagna, atrofia e fenece na intimidade da lágrima que surge destes crimes desumanizantes, degradantes, vis... Urge combater nos territórios do amor, onde hão de florescer a plenitude do novo, as algemas que escravizam, na dor de uns, a vida de todos...
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A vida não pode com a morte, longe do amor...
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O sexo é livre. Mas a liberdade é força inovadora e responsável, que não sobrevive se não cuida, não cultiva, não frutifica a alegria para além dos limites do ego. Liberdade é paz... paz na coletividade.
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O amor nunca escraviza nem gera servidão... As forças sinistras da escravidão e da submissão são expressões e efeitos do egoísmo, do narcisismo, dos microfascismos...
O amor sempre vitaliza e liberta...
13 comentários:
Amei tudo isso aqui. Beijos
Tânia, são singelas síntes da reflexões que fazemos ou que vida conta nos sussuros do silêncio.
Abraços com ternura; Jorge
Isso Jorge ... o som do silencio e a gratuidade da sua origem...
nem sempre suportamos essa gratuidade ...mas quando nos dispomos ela é assim .... deliciosamente inspiradora ...belo escrito ...pbens
Jorge querido, sexualidade liberada é o que mais vemos atualmente. Liberada o que não quer dizer liberta e libertária.
Me bate forte o Pasolini. Assassinado não por ser liberado mas por ser libertário. 35 anos se passaram e de lá para cá, a coisa só piorou. A coisa que o próprio Pasolini foi incansável combatente: " o desejo ansioso e conformista transformou os jovens em pobres eretomaníacos neuróticos, eternamente insatisfeitos (precisamente porque sua liberdade sexual não foi conquistada, mas oferecida) e, portanto, infelizes.".
E não são só os jovens. Não são poucas as ofensas que uma mulher como eu recebe. Ontem, tomando uma única e preciosa cerveja num buteco, fui agredida por um sujeito também de cabelos brancos. Depois de receber um não ao seu nojento assédio em que tentou me submeter ao seu poder fálico, me agrediu duramente. Disse aos brados coisas do tipo "uma velha como vc não pode escolher". Mais uma vez escolhi: saí do buteco e nele não volto mais. Era o único lugar em que me sentia a vontade para tomar uma cerveja sem precisar de acompanhante. Não existe mais esse lugar. Vou ter que inventar outro.
Tenho vivido diversas experiências desse tipo. Há quem diga (os moralistas dos outros): "também, frequentando butecos...". Mas eu digo, como disse tantas vezes Pasolini: essas maldições acabam sendo verdadeiras bençãos pois elas alimentam em mim uma outra racionalidade não moralista, aquela que não descarta a paixão e a irracionalidade mas é incansável no combate aos irracionalismos anarquicos, desesperados e infelizes. Também como Pasolini, essa resistência vem com algumas lágrimas. "Lágrimas de nostalgia e de cólera". Nostalgia da elegância libertária e cólera pela modernidade liberada não libertária.
beijo
Marta
Jorge querido, sexualidade liberada é o que mais vemos atualmente. Liberada o que não quer dizer liberta e libertária.
Me bate forte o Pasolini. Assassinado não por ser liberado mas por ser libertário. 35 anos se passaram e de lá para cá, a coisa só piorou. A coisa que o próprio Pasolini foi incansável combatente: " o desejo ansioso e conformista transformou os jovens em pobres eretomaníacos neuróticos, eternamente insatisfeitos (precisamente porque sua liberdade sexual não foi conquistada, mas oferecida) e, portanto, infelizes.".
E não são só os jovens. Não são poucas as ofensas que uma mulher como eu recebe. Ontem, tomando uma única e preciosa cerveja num buteco, fui agredida por um sujeito também de cabelos brancos. Depois de receber um não ao seu nojento assédio em que tentou me submeter ao seu poder fálico, me agrediu duramente. Disse aos brados coisas do tipo "uma velha como vc não pode escolher". Mais uma vez escolhi: saí do buteco e nele não volto mais. Era o único lugar em que me sentia a vontade para tomar uma cerveja sem precisar de acompanhante. Não existe mais esse lugar. Vou ter que inventar outro.
Tenho vivido diversas experiências desse tipo. Há quem diga (os moralistas dos outros): "também, frequentando butecos...". Mas eu digo, como disse tantas vezes Pasolini: essas maldições acabam sendo verdadeiras bençãos pois elas alimentam em mim uma outra racionalidade não moralista, aquela que não descarta a paixão e a irracionalidade mas é incansável no combate aos irracionalismos anarquicos, desesperados e infelizes. Também como Pasolini, essa resistência vem com algumas lágrimas. "Lágrimas de nostalgia e de cólera". Nostalgia da elegância libertária e cólera pela modernidade liberada não libertária.
beijo
Marta
Adilson, nós poetas, não sabemos, mas o somos porque estamos vozes: do silêncio, do vento, das marés... e das vidas e nas vidas a vida.
Abraços com carinho e muito desejo de partilhar caminhadas e sonhos, Jorge
Marta, me sinto como você... mais, vejo a vida dos nossos dias, assim... microfascismos travestidos de liberalidades; onde o libertário é eexcluído e violado.
A liberdade que reina é imposição fotográfica... não pode ser vivida; se vivida ameaça. É rebeldia insurgente. Daí persistir, resistindo e dizendo que queremos de volta os botecos.
Que saiam os fascistas!...
Ontem, reunidos pelo dia da Terra, conversávamos num butiquim e começamos a fazer a reconstrução deuma escola de samba, que anda parada, e todos desejam que lea volte cantando: romaria da paixão, um elogia a vida que levávamos, antes dos burgueses descobrirem que estava ficando chique "ser livre".
O sexo é livre, libertário... porém, andam propondo masturbação a dois, pois, negam o outro e as singularidades.
Pasolini, neles...
Beijos, com a ternura, de quem a vê musa de uum novo tempolibertário e de alteridade nos devires, nos redemoinhos andarilhos da ousadia.
Abraços, Jorge
Marta Rezende,
Acho que não a conheço mas me identifiquei com esse chopinho.
Na minha opinião voce foi assediada
moralmente por um ser inferior, idiota, talvez com a cabeça de cachaça.Desculpe ser franca mas será que o p.... dele sobE?O bar tem dono?Não suporto desaforo mas adoro um chopinho.Que tal?Tem muito bar nessa terra. Um abraço da
Denise Jardim
Marta, é para você. Embora, repita: viva a liberdade.! Abraços, Jorge
Dr.Jorge o que é liberdade?
Seria falta de educação?Seria falta de respeito?Seria desfazer de uma mulher sozinha?
Não engulo.Não engulo.
Feliz Páscoa De
Ah comprei um Lhasa Apso lindo!
Ahhh Minha querida Marta ...continue com seu choppinho
....nesse mesmo Boteco ... essa assediosa agressão precisa ser denunciada
.. afinal há muito as mulheres conquistaram esse direito de dizer não e serem respeitadas ...denuncie ... berre tb ...pelo seu chopp ... e viva o feliz encontro do boteco e da cerveja ... abraços com carinho...
Denise, liberdade é ética e vida, respeito e ternura, leveza e suavidade.
abraços Jorge
Adilson, sua palavra reforçanos a todos que queremos uma vida não-fascista; abraços,Jorge
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