LEONARDO BOFF SOBRE A TERRA
... é ter uma compreensão melhor da terra. Normalmente na visão capitalista se entende a Terra como baú das coisas mortas da qual nós podemos tirar serviços, recursos para a utilização humana. Esse é um conceito pobre e redutor da Terra. A Terra é muito mais que isso. A Terra é um super-organismo vivo, como diz o grande biólogo, talvez o maior vivo hoje, que criou a palavra biodiversidade, Edward Wilson, se eu apanhasse uma colher com um pouco de terra eu me identifico com super microscópios de 30 a 50 bilhões de microorganismos presentes nesse punhado de terra. Imagine em todos os solos da terra. Por isso que do mesmo chão nascem os frutos e as flores da diversidade das plantas. Tudo aquilo que nós admiramos, que tem como substrato a Terra, que é a própria Terra. Mas a prova científica disso nos trouxe um grande cientista, James Lovelock, que tinha como tarefa com sua equipe junto à NASA de construir aparelhos que, colocados nas naves espaciais dos foguetes, pudesse identificar vida no universo. E esse aparelhos não identificaram nenhum sinal de vida, mas quando se voltavam para a terra, todos os ponteiros enlouqueciam porque apontavam aí tem vida. Então Lovelock e sua equipe comparou as condiçoes da terra com nosso dois vizinhos Vênus e Marte, porque hoje temos condições científicas de saber quanto de carbono, quanto de oxigênio, quanto de ferro, de enxofre cada estrela, cada planeta tem. Ele se deu conta que a terra se comporta como um super-organismo vivo que equilibra os elementos fisicos e biológicos de tal maneira que ela continuamente pode manter e reproduzir a vida. Ele analisou os principais elementos que compõem a vida na terra e se deu conta que sempre há milhões e milhões de anos, a terra sempre tem 21% de oxigenio, se descesse a 18 nós desmaiariamos, se subisse a 27 ou 28 nós não teríamos condiçoes de acender um fósforo sequer, porque queimaríamos o oxigênio logo. Pra sempre manter esse equilibrio produz esses 21% de oxigênio. A salinização dos oceanos, tão importante para os climas, para os regimes das estações, para a própria vida, há bilhões de anos sempre tem 3,4% de sal; se subisse a 6, seria como no mar morto, não haveria vida. Então, a terra mantém esse sutil equilibrio. Da mesma forma, mantém os outros elementos fisico-quimicos, como o magnésio, o ferro e o enxofre, para que a vida tenha a qualidade que ela tem hoje e ela possa sempre permanecer. Então, a terra é viva e nós somos a própria Terra que no momento da sua evolução, da sua complexidade, a terra começou a sentir, a pensar, a amar, a cuidar e esse momento é a emergência do ser humano. Por isso que homem e mulher precisam da terra fértil, e que Adão, na narrativa biblica, vem de Adamar, que significa “terra fecunda”, “terra fertil”, e Adão é o homem e a mulher vivos, filhos da terra…”
Terra e Humanidade: uma comunidade de destino
Leonardo Boff , OI DE JANEIRO DE 2010 Temos que começar o ano com esperança pois urge fazer frente ao clima de revolta e de frustração que significou a COP 15 de Copenhague. Seguramente o aquecimento global comporta graves conseqüências. No entanto, numa perspectiva mais filosofante, ele não se destinaria a destruir o projeto planetário humano mas obriga-lo a elevar-se a um patamar mais alto para que seja realmente planetário. Urge passar do local ao global e do nacional ao planetário.
Se olharmos para trás, para o processo da antropogênese, podemos seguramente dizer: a crise atual, como as anteriores, não nos levará à morte mas à uma integração necessária da Terra com a Humanidade. Será a geosociedade. Neste caso, estaríamos então, face a um sol nascente e não a um sol poente.
Tal fato objetivo comporta um dado subjetivo: a irrupção da consciência planetária com a percepção de que formamos uma única espécie, ocupando uma casa comum com a qual formamos uma comunidade de destino. Isso nunca ocorreu antes e constitui o novo da atual fase histórica.
Inegavelmente há um processo em curso que já tem bilhões de anos: a ascensão rumo à consciência. A partir de geosfera (Terra) surgiu a hidrosfera (água), em seguida a litosfera (continentes), posteriormente a biosfera (vida), a antropofesfera (ser humano) e para os cristãos a cristosfera (Cristo). Agora estaríamos na iminência de outro salto na evolução: a irrupção da noosfera que supõe o encontro de todos os povos num único lugar, vale dizer, no planeta Terra e com a consciência planetária comum. Noosfera como a palavra sugere (nous em grego significa mente e inteligência), expressa a convergência de mentes e de corações dando origem a uma unidade mais alta e complexa.
O que, entretanto, nos falta é uma Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade que coordene as consciências e faça convergir as diferentes políticas. Até agora nos limitávamos a pensar no bem comum de cada pais. Alargamos o horizonte ao propor uma Carta dos Direitos Humanos. Esta foi a grande luta cultural do século XX. Mas agora emerge a preocupação pela Humanidade como um todo e pela Terra, entendida não como algo inerte, mas como um superorganismo vivo do qual nós humanos somos sua expressão consciente. Como garantir os direitos da Terra junto com os da Humanidade? A Carta da Terra surgida nos inícios do século XXI procura atender a esta demanda.
A crise global nos está exigindo uma governança global para coordenar soluções globais para problemas globais. Oxalá não surjam centros totalitários de comando mas uma rede de centros multidimensionais de observação, de análise, de pensamento e de direção visando o bem viver geral.
Trata-se apenas do começo de uma nova etapa da história, a etapa da Terra unida com a Humanidade (que é a expressão consciente da Terra). Ou a etapa da Humanidade (parte da Terra) unida à própria Terra, constituindo juntas uma única entidade una e diversa chamada de Gaia ou de Grande Mãe.
Estamos vivendo agora a idade de ferro da noosfera, cheia de contradições. Mas mesmo assim, cremos que todas as forças do universo conspiram para que ela se firme. Para ela está marchando nosso sistema solar, quem sabe a inteira galáxia e até este tipo de universo, pois, segundo a teoria das cordas, pode haver outros, paralelos. Ela é frágil e vulnerável mas carregada de novas energias, capazes de moldar um novo futuro. Talvez a noosfera seja agora somente uma chama tremulante. Mas ela representa o que deve ser. E o que deve ser tem força. Tende a se realizar.
“Queremos uma justiça social que combine com uma justiça ecológica. Uma não existe sem a outra.” Leonardo Boff
Se olharmos para trás, para o processo da antropogênese, podemos seguramente dizer: a crise atual, como as anteriores, não nos levará à morte mas à uma integração necessária da Terra com a Humanidade. Será a geosociedade. Neste caso, estaríamos então, face a um sol nascente e não a um sol poente.
Tal fato objetivo comporta um dado subjetivo: a irrupção da consciência planetária com a percepção de que formamos uma única espécie, ocupando uma casa comum com a qual formamos uma comunidade de destino. Isso nunca ocorreu antes e constitui o novo da atual fase histórica.
Inegavelmente há um processo em curso que já tem bilhões de anos: a ascensão rumo à consciência. A partir de geosfera (Terra) surgiu a hidrosfera (água), em seguida a litosfera (continentes), posteriormente a biosfera (vida), a antropofesfera (ser humano) e para os cristãos a cristosfera (Cristo). Agora estaríamos na iminência de outro salto na evolução: a irrupção da noosfera que supõe o encontro de todos os povos num único lugar, vale dizer, no planeta Terra e com a consciência planetária comum. Noosfera como a palavra sugere (nous em grego significa mente e inteligência), expressa a convergência de mentes e de corações dando origem a uma unidade mais alta e complexa.
O que, entretanto, nos falta é uma Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade que coordene as consciências e faça convergir as diferentes políticas. Até agora nos limitávamos a pensar no bem comum de cada pais. Alargamos o horizonte ao propor uma Carta dos Direitos Humanos. Esta foi a grande luta cultural do século XX. Mas agora emerge a preocupação pela Humanidade como um todo e pela Terra, entendida não como algo inerte, mas como um superorganismo vivo do qual nós humanos somos sua expressão consciente. Como garantir os direitos da Terra junto com os da Humanidade? A Carta da Terra surgida nos inícios do século XXI procura atender a esta demanda.
A crise global nos está exigindo uma governança global para coordenar soluções globais para problemas globais. Oxalá não surjam centros totalitários de comando mas uma rede de centros multidimensionais de observação, de análise, de pensamento e de direção visando o bem viver geral.
Trata-se apenas do começo de uma nova etapa da história, a etapa da Terra unida com a Humanidade (que é a expressão consciente da Terra). Ou a etapa da Humanidade (parte da Terra) unida à própria Terra, constituindo juntas uma única entidade una e diversa chamada de Gaia ou de Grande Mãe.
Estamos vivendo agora a idade de ferro da noosfera, cheia de contradições. Mas mesmo assim, cremos que todas as forças do universo conspiram para que ela se firme. Para ela está marchando nosso sistema solar, quem sabe a inteira galáxia e até este tipo de universo, pois, segundo a teoria das cordas, pode haver outros, paralelos. Ela é frágil e vulnerável mas carregada de novas energias, capazes de moldar um novo futuro. Talvez a noosfera seja agora somente uma chama tremulante. Mas ela representa o que deve ser. E o que deve ser tem força. Tende a se realizar.
“Queremos uma justiça social que combine com uma justiça ecológica. Uma não existe sem a outra.” Leonardo Boff
DIA 22 DE ABRIL: IYI-PORÁ - DIA DA TERRA... ARTE, CONHECIMENTO-LUTA E SONHO PELA VIDA, PELA TERRA... PARTICIPE... DAS 8 ÀS 23:30 HS... NO TEU ( TEATRO EXPERIMENTAL DE UBERABA.)
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