Jorge Bichuetti
O bullyng é só uma palavra adocicado para enunciar uma velho e cruel evento do cotidiano: os microfascismos...
Quando Foucault propunha a invenção de uma vida não-fascista, dizia-nos que o fascismo de estado não é o único... existe um fascismo que se realiza nos becos do cotidiano... no nosso dia-a-dia.
Manifesta-se na intolerância, na estigmatização, na discriminação, na violência direta ou travestida de cordialidade falsa, na segregação, no autoritarismo, na inviabilização das trocas dialogais, na dominação, na imposição, na exclusão...
Não age por decretos: atua por meio de palavras, gestos, olhares, normativas, chistes, brutalidades, mentiras, dissimulações, omissões, tiranias domésticas e situacionais...
É a voz que grita para intimidar...
É a ironia que desqualifica...
É a verdade absoluta e soberana que desacretida a verdade emergente e diversa que o outro corpo anuncia...
É o olhar de desprezo, de nojo, de repugnância...
É a força bruta... Os podres poderes que instituímos no dia-a-dia para nos manter autoridades e superioridades, negando o outro e a diversidade...
Toda exclusão e toda estigmatzação, como toda dominação, se dá mediante a força breuta , física ou inteletual, verbal ou expressiva, que subjuga, violenta, silencia, anula, intimida, danifica, inferioriza, isola, menospreza, estropia, acua o outro...
O microfascismo é força da morte, não da vida...
A vida é alegria, troca, compreensão, tolerância, inclusão, vitalização, partilha... a vida é diversidade, transversalidade, soidariedade e comunhão.
Os microfascismos geram a morte civil, os complexos de inferiridade e um cotidiano marcado por um funcioanamento paranóide.
Toda vez, que subjugo outra vida, instauro um microfascismo...
Há fascistas e há fascismos perambulando pelos corredores da vida.
A vida é expansão, afirmação singularizante, devires...
O fascismo produz sub-vidas: retraídas, contidas, servis... que podem explodir ou implodir...
O episódio de Realengo é um analisador dos microfascismos que permeiam a capilaridade da vida cotidiana.
Para se construir uma vida não-fascista não basta ser boa gente; urge romper o silêncio e as nossas omissões diante de todo fascismo.
Urge comprometermo-nos com a vida. Com a liberdade, com a diversidade, com a solidariedade, com a ternura, com a não-violência, com uma inclusão social radical e austera...
Precisamos, urge que enfrentemos os capatazes, os tiranos, os veiculadores do fascismo no dia-a-dia.
Não se pode tergiversar... o fascismo pueril e risonho mata e aniquila como mata e aniquila o fascismo dos quartéis...
Optemos radicalmente pela vida.
Mergulhemos com intensidade no processo de produção da liberdade e não nos omitamos, pois, não há vida procriativa, criativa, inventiva, de paz e suavidade, sob os auspícios dos microfascismos.
Um dia, acordaremos e veremos que a vida se faz e refaz, se desfaz e se reinventa, todos os dias...
E, também, veremos que ela se aniquila, se perverte e se desatina nos meandros do cotiano, quando não ousamos impor a ética da vida , com a nossa vida, formando barricadas para deter os microfascismos...
Persiste a voz clara e insurge: não se transforma o mundo sem mudar a vida...
quarta-feira, 20 de abril de 2011
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19 comentários:
Olá meu amigo Dr. Jorge, grata por compartilhar essa realiade gritante entre nós, num mundo onde a tecnologia e a ciência vem sendo tão bem evoluída enquanto alguns humanos caminham nada mais nada menos para a era do homem da antiguidade com ações sempre instintivas e profanas. O que ocorre, na realidade, é que, hoje o homem não acredita mais no seu semelhante, na sinceridade de seus propósitos, nos benefícios da honestidade pessoal, nos princípios de dignidade, em tudo só se vê uma racionalização de propósitos inconfessáveis e desta forma o direito não tem mais nada que dizer, passou a ser apenas uma forma de um mal menor e não mais a arte de fazer o bem entre os homens de boa vontade.
Abraço forte de paz e agradecimentos. Se não se importa, esse será o tema das minhas próximas publicações. Abraço amigo. Cumprimentos de LuGoyaZ.
Eu aqui outravez Dr. O que deveria ser mas não é espantoso, é que, a natureza humana é falha em todos os sentidos quando o assunto são os direitos humanos, paz e união. A segregação racial, o facismo, o ódio entre as raças, infelizmente não estamos lutando o bastante para diluir esses maus, tão antigos quanto o mundo. Uma prova maior desse desprepraro, na minha visão, foi no Julgamento de Nuremberg, dos maiores da história,
realizado de 20 de novembro de 1945
a 1º de outubro de 1946, no Palácio da Justiça de
Nuremberg. Já o tratado de Versalhes previa o julgamento dos responsáveis
pela guerra, mas não houve seguimento no assunto, principalmente com a fuga
de Guilherme II para a Holanda, que recusou-se a entregá-lo. O julgamento
teve uma importância fácil de calcular, e provocou grandes discussões. As
principais alegações são a inexistência de lei anterior definindo os crimes
de guerra, e uma justiça que teria sido feita por vencedores. Não há nem que
perder tempo em refutar esses argumentos. Quando a justiça exige o sacrifício
do direito positivo, ele deve ser sacrificado. Quanto a ser justiça de
vencedores, é preciso primeiro averiguar se os vencedores fizeram os mesmos
atos que os vencidos. O julgamento foi público, com todas as garantias, que
os vencidos nunca concederam às suas vítimas. A base do julgamento foi a
noção do direito anglo-americano de conspiração, aplicada às relações
internacionais. Conspiração contra a paz mundial. Incriminou também pessoas
jurídicas, organizações inteiras do nazismo. Proibiu que fosse alegado como
defesa a obediência a ordens superiores. Do julgamento decorre que há um
dever de desobediência às ordens do Estado que violem obrigações
internacionais, considerando o homem como sujeito do Direito Internacional,
antes de ser sujeito de um Estado. O julgamento foi uma conseqüência da
revolta da consciência universal, uma grande vitória da justiça. A conclusão que tiro, é que, o homem está mais preparado para não perder o território, com armamentos nucleares, e outros com precisões exatas do alvo, do que estaríamos preparados para perder a nossa própria dignidade humana. A desunião é patente, e, o que precisaríamos é justamente o que não estamos nunca preocupados, a união em tempo de guerras, sejam elas quais forem. Abraço Dr. Jorge. LuGoyaZ.
Apenas para constar.
Lu, suas reflexões enriquecem o debate; um debate necessitamos alimentar Vejo valioso e urgente seu desejo de abordar o tema, com seu conhecimentoe sua sensibilidade nos trará novas luzes nestes escaninhos da escuridão.
Abraços com carinho, Jorge
Ei Jorge, salve! Tenho andado por aí e, mesmo com tanta vida já vivida, não me canso de espantar com os apertados becos da vida social e com tanta gente estúpida. Ontem, depois de assistir a um bocado de desentendimentos e violências abertas, cheguei em casa cansada/desanimada. Pensei: preciso de filosofia senão morro de tristeza (ando meio longe dos livros e até da internet para poder pensar por mim mesma). Peguei Conversações, o primeiro livro que vi na estante. E veio a luz que buscava: "É verdade que a filosofia é inseparável de uma cólera contra a época, mas também de uma serenidade que ela nos assegura." Gilles Deleuze e a decisiva guerra de guerrilha contra todas as formas opressão. Assim, me reintegrei ao devir-povo. Nós, o populacho, não podemos desanimar das conversações e da guerrilha por uma nova terra e um novo povo por vir.
abraço amigo da Marta
Marta, querida, como é bom sentir que podemos derivar novas bifurcaçõese guerrear, tirando nosso corpo da atrtilharia fascista no dia -a-dia... Deleuze nos reanima: vitaliza nossa insurgência. Ler o livro das experimentações é fascinante; porém, há os becos e ostes sem luzes. Então, ando sempre como minha lanterrna, um poemeto no bolso, nele vvo e deixo para trás o fascismo capilarizado que tanto nos machuca. Abraços com carinho e ternura, Jorge
A percepção da condição humana não é fácil.
É difícil para muitos entenderem que somos todos iguais. Ou seja, ninguém é mais santo ou demônio que o outro. A realidade é um jogo, e todos jogam com as armas que tem com o objetivo, definido em nossa natureza, de vencer o outro. Não há como evitar isso. Somos selvagens e nunca deixaremos de ser. Por isso se fazem leis para controlar alguns dos nossos instintos, pois vivemos em sociedade.
Mas quando se é tentado pelas ideologias com sua falsa moral, se é que alguma moral é boa, a racionalizar a vida, desconhecendo a nossa natureza, aquilo que era ruim ou menos ruim, se transforma em coisa muito pior.
As pessoas sem a liberdade individual, como objetos de um estado, acabam por não se interessar pelo sucesso, não criam nada, trabalham mal e nem mesmo se interessam por viver, pois o estado lhes tirou a liberdade de sonhar com um amanhã diferente .
O prejuízo da falta de liberdade individual é coletivo.
"Persiste a voz clara e insurge: não se transforma o mundo sem mudar a vida..."
Pois Jorge, é isso, mudar a vida. Mudar a vida é se enxergar ao se olhar, é ter coragem de se reinventar repetidas vezes, é amar muito...
beijo grande
Anne
Jorge, que lindo isso que você disse para a Marta: "Deleuze nos reanima: vitaliza nossa insurgência. Ler o livro das experimentações é fascinante; porém, há os becos e ostes sem luzes. Então, ando sempre como minha lanterna, um poemeto no bolso, nele vivo e deixo para trás o fascismo capilarizado que tanto nos machuca." Excelente força de resistência aos micro e macro fascismos. Bullying, um tema já muito abordado por mim no Palavras e Imagens, pois fui, e às vezes ainda sou, vítima dessa violência silenciosa no serviço público, onde um carguinho para algumas pessoas é sinônimo de trono imperial. Realmente, esse é um assunto que não dá para encerrar aqui...é somente o começo de uma caminhada longa para que as pessoas venham a entender como e por que ele se constrói em determinadas relações. Beijos
Jorge, gracias. Tenho escrito Poe-metos. Muitos deles dedicados ao diabo que me fez levar para casa os livros diabólicos de Deleuze, Guattari, Foucault, Spinoza e Marx, entre outros capetas que são mestres tão mestres que me ensinam inclusive a não colocá-los em pedestais e até mesmo a abandoná-los. "É isto, e nada mais", a não ser o eterno gaguejar:
Jorge urge
não ego.
Vivo ergo
não nego.
Em qualquer
língua, meu nego,
linguamos,
cogitamus,
descer da vida cruces.
Felizes,
abandonamos os credos.
beijo amigo
Jorge, não deixe de visitar este blog:
http://esquizofia.wordpress.com/
Depois dá uma passadinha nos meus, postei vários conteúdos. Beijos
Meu amigo, penso que este texto, fala das suas preocupações... o poder capilarizado e os mcrofascismo... há que se ousar, como Nietzsche, e pontear sobre o abismo.
Abraços com carinho; Joorge
Anne, o amor detám o dascismo; p amor altivo, compromisso com a vida e a alegria... Inegável, são as laágrimas que ele, este demo - nos impõe nas nossas aspirações mais ternas... Resistamos, Abraços com carinho, Jorge
Tânia, cresci este texto, por nós: os que ousam a aventura de abrir os portais do amanhã, e os microfascismo não nos perdoam.Dói, porém, perviro seus ataques do que os loucos do capitalismo canibal.
Abraços, Verei hoje seus blogs e vou anotar este, andei sobrecarregado clínica-aulas-Upop- e preparação do eixo do Congresso de Setempro.
Abraços com imenso carinho. Jorge
Marta , seus poemetos ão vida pulsante, efervescência existencial e saltos disptivos para alvoreceres de paz-paz aguerrida.
Abraços com carinho; Jorge
Tânia, hoje é dia grande, não tedioso, de livros, canções e blogs amigos, visitarei-os todos, com carinho, Jorge
Dr. Jorge, dei uma paradinha neste espaço, para dizer como fiquei feliz com a volta da Marta Rezende.
Amo seus pensamentos, sua forma de ver a vida. É bom demaissssss ler o que ela escreve... livre, leve e solta!
Neste tempo da sua ausência, senti muita falta, dos comentários.
Amo todos, mas "O Buda + .... + .... = o fim do mundo". Demais...
Para Dr. Jorge e Marta Rezende, simbolos da vela.
"Uma vela não perde nada quando acende outra vela"
Abraço vocês.
maria alice
Maria, ela é genial: direta, profunda e singelo. Você é preciosidade dos céus nos caminhos da vida; abraços. Jorge
Olá Jorge!Nestes momentos fomentados de todas as formas de fascismos, seu texto foi luz para clarear nossas formas de viver com os outros. Forte abraço! Irenes
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