domingo, 24 de abril de 2011

POESIA: ASAS DA PÓS-MODERNIDADE

                                          PÓS-MODERNIDADE
                                                                 Jorge Bichuetti

Não sabem
não sentem
não vêem...
Só lamentam...

Algo, se passou...

Foram-se os sonhos
as utopias
a esperança...
A vida se esfriou...

Algo, não funcionou...

O mundo de concreto
de fios invisíveis
e serpentes diluídas
no fel da descrença,
não conseguiu alegrar
e vitalizar os dias,
as noites... os caminhos
da nossa fútil existência.

Uma flor, um abraço,
um passarinho no ninho,
meninos no quintal,
frutos e o varal
de poesias e magia
teciam um mundo
onde a vida acontecia...

Algo, se foi
e já estamos
moribundos
de saudade...


                                        ESTE VAZIO
                                                        Jorge Bichuetti

Oco. Solencioso,
eu e minhas lacunas...
Um barco sem leme,
um voo no abismo...
Este vazio...
Onde hei de encontrar
uma palavra, uma miragem,
um som... uma cor... uma ilusão?...
Este vazio dói, corrói,
inclemente...
Será que o mundo
descarrilhado
segue
as ladeiras
ensaboados do inferno?...
Anda empoeirado
pelas ventanias
do deserto?...
Ou, Meu Deus, será
tão-somente
a vida doída e amarga
que mal se sustentaao ver
na loucura pós-moderna
as cinzas dos sonhos
sepultados?...


                                    VILEZA
                                              Jorge Bichuetti

Esta vileza
assusta
assombra
destrói...

Esta vileza
é sombra
deserto
o incerto...

O mundo
de vileza
é o avesso...
Vida sem sonhos
é um quase
lento  morre...

um martirizante
des-aparecer...


VIDA LÍQUIDA
Jorge bichuetti

a vida líquida
já nos envolve e nos desata 
dos sonhos... da vida.


                                SUBMERGIDOS NO ESPETÁCULO
                                                              Jorge Bichuetti

um palco iluminado, de neón,
redemionhos do vento, gazes,
nossa vida no cenário, freio,
fotos imagens flashes zoon
e a difusa solidão: a platéia... 

carnavais na esquina, becos,
não há fundo musical, samba,
passarelas corporais de vidro
num espetáculo triste e vazio
das tenras pulsações viscerais...

                         

4 comentários:

Anne M. Moor disse...

"Este vazio", belíssimo poema, como os outros, mas que me tocou profundamente!

Este vazio louco faz parte de um caminhar de vida nénão?

beijos
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, a vida dá lacunas e se sonhamos esas lacunas não nos movem: são ventos do norte.
Abraços com carinho, Jorge

Tânia Marques disse...

Jorge, você é o poeta da vida, da vida urgente, da vida que emerge do amor, da fraternidade, da igualdade!
Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, são meus sonhos que precisam emergir poesia para que a caminhada-luta siga com alegria; abraços a minha poetiza da pele que escreve na rua com as estrelas do céu devindo-se alfabeto.Jorge