quinta-feira, 26 de maio de 2011

DIÁRIO DE BORDO: TRISTEZA DO JECA... ESPERANÇA DA VIDA...

                                                              Jorge Bichuetti

Hoje, só os sinos musicaram o amanhecer... Os pássaros estão silenciosos, dorme? não sei, Talvez, estejam , como a própria dignidade de um pais de luto; chorando as árvores que cairão assassinadas pelo machado cruel da ganância... O perfume das rosas me entristecem... As conheço, sei que perfumam por resistência na saudade do canto dos passarinhos... A Luinha dorme e acorda, assustada, com medo da vida... Ela é tão valente; tão desejosa de novidades... é o luto...   
Eu movido a cafeína, trabalho: a vida continua, a luta não pode parar...
Lento, velho: escrevendo com as forças da indignação...
Não quero, porém, ficar rodopiando na ferida que sangra...
Falando de tristeza, recordo que nunca conversamos sobre a mídia e a ditadura da alegria na perspectiva dos que chorando, logo, se imaginam deprimidos...
Tristeza é vida sofrida, intervalo... momento onde nas agruras da dor, decidimos com ousadia e destemor buscar, caçar, perseguir as paixões alegres.
O choro é humano; compõe nossa humanidade...
O sorriso permanente na tela da TV é alienação e mistificação: simulação de espetáculo... Não é vida humana de carne e osso, vitórias e dissabores...
Só quem se permite chorar, sabe e consegue sorrir, verdadeiramente...
Não o riso banal, nem o fotográfico: o riso da vida exultante, embriagada de alegria no singelo e belo do cotidiano.
Sou feliz... e, também, muitas vezes, sou triste...
A depressão é a melancolia cronificada num cinzento e desvitalizado existir: tristeza sem motivo, desânimo crônico, pessimismo e niilismo, o cinza da morte...
Muitos que se cuidam devido uma crise de depressão esperam que a medicação lhes garanta uma felicidade impertubável... Robôtica, asséptica, insensível...
Saímos da depressão e caminhamos com nossa humanidade que tem nas suas entranhas infinitos paradoxos, um deles -  a alegria e a tristeza...
Raspemos o vício da tristeza paralisante; mas não o exilemos de nossas vidas...
Mudemos nossas narrativas...
Ninguém é triste durante todos os minutos... Ninguém é triste em todas situações e contextos...
A tristeza tem uma geografia e uma história: a superamos vendo com coragem o emaranhado da vida que as produzem...
Assim, buscamos alegria inventando novos caminhos, novos modos de viver e existir e novos horizontes...
A vida é inacabamento, projeto, um conjunto de tarefas, obra em construção. Somos capazes de nos refazer.
Aceitemos a lágrima que cai... Sequemo-la na luta... E cuidemos de produzir novos e novas alegrias...
Para isso, recordemos que alegria não é sinónimo de vida perfeita; é vida que se realiza na poesia da esperança que nos permite sair de nós mesmos e nos encontrar com paisagens, pessoas, grupos, realizações, canções... outra vidas que agenciam o sorriso singelo da aurora florescente...

6 comentários:

Marta Rezende disse...

Jorge Jorge, vc é meu mestre da alegria. Todos ficamos tristes, vc também, mas até a sua tristeza é alegre, pois há nela a mais pura poesia.
Venha pro Facebook Jorge. Não é nada urgente nem importante. Importante é a vida. Mas temos amigos lá para mais bons encontros e paixões alegres.
VERDE QUE TE QUERO VERDE. E DE TODAS CORAÇÕES.
Forte, terno, saudosos e amoroso abraço da amiga Marta

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querida, eu não sei ir: hoje, gostaria , mas sou um analfabeto: fiquei hoje três parados por problemas técnicos, irei... irei ; aprenderei.
Abraços de verdes matas e de indignação com o cinza congressual.
Ternamente, Jorge

Marta Rezende disse...

Jorge não aguento ler tudo o que saiu nos jornais sobre o código florestal, mas sei que a bancada ruralista é terrível, temível, horr´vel. Essa gente não presta. Então à luta. Eles não passaram!
beijos beijos muitos beijos estou com a boca cheirando/amargando jiló, jilózinho, plantado colhido distribuído pelas mãos dos pequenos agricultores. São eles que nos alimentam. Tá provado que são eles que, principalmente, nos alimentam e cuidam das terras, dos rios, dos ares, dos passarinhos. Adoro jiló. E adoro muito mais você. Eu e Lucia mandamos abraços doces, tão doces como a melancia que comeremos agora de sobremesa, melancia vinda de um pequeno sítio em torno da nossa Sunpaulo.
Se precisar de ajuda, chame, faz zun zun que vamos te ajudar, estamos aqui, firmes, fortes, alegres.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Marta e Lúcia, resistimos: o agronegócio levou; porém nossos sonhos florecerão
avraços j´rge

Tânia Marques disse...

Jorge, a depressão é o nosso atual "mal do século". O legal é que hoje existem recursos medicamentosos e avanços de estudos na área cerebral, mas mais importante que tudo é entender o porquê de nossa existência, por que os cérebros ficaram tão sensíveis numa sociedade que valoriza somente o "ter", uma sociedade esquizofrenizante que nos deixa muitas vezes impotentes diante de tantas coisas que ela oferece e nos cobra, obviamente, coisas materiais em detrimento da valorização do nosso eu particular. Levantemos a cabeça, pois beijo, carinho, proteção e amor ajudam ou são os melhores remédios.Beijão amado-amor-amigo.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, o amor é o continente que faz oo potador de sofrimento mental sentir-se capaz de recomeçar. Estar com... estimular... agenciar... com alegria e inclusão cria vida nova.
Abraços com carinho; Jorge