VOÔ RASANTE
Meiriane de Souza
Fico pensando o que me move a escrever estas linhas, talvez a ânsia de me sentir compreendida, talvez pela vontade de dizer pro mundo que estou muito viva. É o mesmo sentimento de nascer de novo.
Está nascendo muita coisa, a vontade de escrever, de ver, de sentir.
Isto pra mim é vida, vida que quero que seja vivida, dignamente exaltada.
Cora Coralina disse que “não podemos acrescentar dias as nossas vidas, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias” Como de que forma? Que cor usarei azul, rosa, branco ou vermelho? Não sei que cor cai bem na minha vida, talvez escolha o arco íris, pois tem um bocado delas que eu gosto. Pretendo me soltar, quem sabe agora me desamarrar de vez de minhas próprias amarras, tenho a bússola, a direção, não terei mais a desorientação, mas talvez nem chegue perto da coragem de antes.
Quem sabe o quê? Somos detentores de um saber limitado, ínfimo e provisório, que pode ser roubado, levado, somos mortais apenas esta é a certeza de que nos deram que estamos todos a mercê de um destino que se ora se tem forma em outras aparece disforme, promove encontros, mas também desencontros, se atrai, afasta, ou nos mantém ligados nem sabemos ao certo o porquê. Escolhas? As quais me refiro, me perco no meio delas, ou quero ser adolescente pra nem me responsabilizar, pois a juventude tudo se desculpa. Mas e para a maturidade haverá perdão, salvação? Que nada, haverá sempre muito mais condenação! Sempre me alegro de ter o que escolher e não o tédio de nada acontecer. Agora estou aqui sem nada prever, apenas aguardo com sonho e desejo por mais esta noite que vai e o que será que me reserva no alvorecer? Mas o dia de amanhã aprendi em trecho bíblico que pertence a si mesmo, não é algo meu, seu, nosso, pertence ao tempo, que nos rege, governa, guia, ou simplesmente impõe.
Livre arbítrio é coisa bonita de se ver, mas arde a alma de quem quiser entender, fico indagando que expressão complexa se inicia com um ar de liberdade mas encerra com tom de austeridade.
Quisera eu ser um pássaro e pra muito longe poder estar,saberá Deus onde eu pousaria? Talvez encontrasse os meus afins e faria um vôo rasante sobre as águas que delicia!! Depois seguiria para um destino suave, escolheria uma árvore alta e florida para beleza da natureza lá de cima eu contemplar, depois seguiria procurando a outra parte de minha alma, que em algum ninho deve estar.
Todavia a vida vai e vem sem nunca saber o que se tem exatamente no porvir.
Somos a dualidade em tempo integral nos mostrando mais uma vez que a vida deve ser vivida de modo frugal.
"Santo Agostinho disse que a
medida do amor é amar sem medida"
SINGULARIDADE
Paluo Cecílio
não abro mão de minhas alegrias.
não abro mão de minha unha encravada,
de minhas saudades, amputaçoes,
joelhos ralados, queimadura,
tombo de jabuticabeira,
tropeço em chão molhado.
tiros acidentais,palavras não ditas.
não abro mão do meu sarampo rubéola malária solidão.
eu sou o sofrimento da ultima imagem de meu pai,
a angustia do irmao acossado.
não, não abro mão de minha alegria,
de meus foguetes rojões, junhos...
sou minhas decepçoes: elas foram esperança.
sou esperanç:, só eu conheço minha esperança.
quero minha carne doída, moída,
sendo minhas, sei onde dói.
quero minha lingua de lamber açucar,
e curar ferida em filho machucado.
quero meus anivbersários.
minha ternura. minha falta.
minha falta só serve para mim.
nada sou sem minhas alegrias.
minhas dores não aceitam outra pessoa.
querem a mim.
quero meus sonhos.
defendo meus sonhos a pau.
o que seria de meus sonhos sem mim?
eu os conheço,
eles podem habitar minhas carnes,
morar no meu verbo,
despedir-se de mim...
quero minhas agruras.
quero derrotá-las.
como saberei que errei, se me abadona o erro?
sou assim . ferida e cicatriz. pinga e ressaca. filhos e saudade.
órfao,único, como todos os órfaos.
agora, vou tomar um suco.
suco de melancia: é do meu...
SALA DOS MILAGRES
Paulo Cecílio
à beira do precipicio azul, a igrejinha d'ajuda.
corredor longo, pés direitos altíssimos
janelões recortados , paredes seculares,
o vento testemunha a sala dos milagres...
desfilam silenciosos, milhares de retratos,
milhares de olhares,
contam histórias de histórias,
com infinitas possibilidades...
são olhos amendoados,
redondos, puxados, singulares,
olhos sem olhos, olhos sem luz,
olhos de milagres...
meninos mancos distraídos,
fotos de sangue amarelo...
a mulher bela cafusa
sorri com os lábios,
chora com as íris doces...
talvez seja a mãe do menino:
um pivete magrinho e torto,
que veio ao arraial do sertão,
no dia em que faltou vacina...
UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI - ENCONTRO DIA 11 DE JUNHO DE 2011
HORÁRIO: 13:30... LOCAL _ AV. NOSSA SENHORA DO DESTERRO, N 545. UBERABA.
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO NO CAMINHO DA LIBERTAÇÃO...
2 comentários:
Lendo aqui me inspirou isto: que dixo aqui:
O amor que se sente
é alma que se liberta
é espaço que se conquista
só quando se entrega
quanto mais nós damos
mais plenos ficamos
Concha Rousia
Abraços com carinho
Concha, uma poesia viva do amor: com caminho, voo e suavidade de partilha: abraços, jorge
Postar um comentário