ÉRAMOS, PÁSSAROS...
Jorge Bichuetti
O tempo passou...
entre bondes e aeronaves, se foi;
e, no agora, parados, olhamos...
Não olhamos o horizonte...
Não olhamos o poente...
Não olhamos nossas cadeiras vazias...
Nos olhamos, ternamente... e no silêncio do nosso olhar.
perguntamos:
terá o tempo roubado nossa capacidade de voar...
Nos olhamos e caminhada, seguimos...
De mãos dadas, rabiscando no asfalto
palavras... gemidos... adeuses...
Seguiremos, certos, que as nuvens
e as estrelas... ou uma noite de luar,
virá e nos dará na magia dos sonhos
a arte de florescer e voar...
OUVI PALAVRAS...
Jorge Bichuetti
Ouvi palavras: insurgências maternais...
Depois, um grande silêncio...
O silêncio corta a alma; sangra o tempo...
As palavras voaram; ficou o vazio:
a mesa posta... o café quente... e um lenço molhado
no lamaçal da saudade; as lágrimas caíram
na poça... no lodo... no abismo...
Agora, resta a lembrança... e o medo
que aprópria saudade se perca no meio da fumaça...
O VERBO AMAR...
Jorge Bichuetti
A gramática não conhece a vida;
sabe do prosear falseado na calçada....
O verbo amar não admite pretérito perfeito;
fluxo permanente... primavera que não passa...
Quando se carrega no peito um pretérito perfeito,
a vida nas suas travessuras armou uma trapaça:
deixou a morte falar onde ela era a voz esperada...
terça-feira, 1 de novembro de 2011
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2 comentários:
Jorge, o tempo passou e aprendemos com ele a alçar novos vôos... e entre pedras e flores, aprendemos o verbo a-mar!
Parabéns pelos belos versos!
Beijos...com carinho...Mila.
Mila, e o tempo nos refaz: tece o novo no vento e pousamos no amanhã, ccheios de luar... abraços ternos, jorge
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