sexta-feira, 13 de abril de 2012

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: ENTRE A VIDA E O ABISMO

                              Jorge Bichuetti

Pouco sabemos sobre os processos sociais e existenciais que tornam a dor da dependência química um grave problema da contemporaneidade...
Há os que diabolizam o usuário... e nem mesmo percebem que economia marginal do tráfego é uma força institucionalizada no funcionamento do capitalismo mundial integrado...
Outros criminalizam o uso... não percebendo que, assim, discriminam, marginalizam e mortificam... um corpo que passa, então, a ser mais frágil... fadado a impotências... Quanta hipocrisia!... Se a luta pela superação da destrutividade das drogas exigem um corpo valente, audaz, criativo e guerreiro, primeiro, o anula; depois lhe exige forças que foram danificadas em nome dos bons costumes...
Sejamos sinceros: assim, como a ameaça do inferno não criou a santidade, a repressão não logrará sucesso da produção da sobriedade, na reinvenção da alegria e da vida afirmativa...
Dependência química é dor humana que clama por práticas clínicas e sociais inventivas e includentes...
Vendo o despenhadeiro, o que faz a repressão? amarra pesos e espinhos no corpo sofrido e este despenca com maior velocidade e com feridas mais profundas...
Dependência química pede cuidado: cuidado é acolher; acolher é incluir...
O que não queremos ver é que vida banal e cinzenta da globalização neoliberal é insuportável...Exclui, isola, robotiza... marca o ser humano com os signos do desalento, das desilusões e da tristeza... gera vazio e solidão...
Não queremos aqui reduzir à esquerda, diante dos reducionismos estreitos da direita...
Urge reinventar práticas de cuidado e novo socius...
Queremos convencer nossos jovens a abandonar suas viagens sobre o abismo, acorrentando-os num brejo cinzento de areia movediça...
Reduzir danos, cuidar... é reinventar a nossa potência ativa, insurgente... Uma clínica não-normôtica se faz necessário...
Temos que cuidar colorindo o caminho, desbravando o azul do horizonte numa clínica da alegria e dos bons encontros...
Não é com armas que venceremos; mas, sim, com com arte, carinho, ternura e compaixão...
Já dizia Nietzsche, o velho passarinheiro, não domamos o diabo com palavras... como não se voo sobre abismos com as mãos e pés acorrentados...
Voa-se na potência da liberdade que reinventa-se vida de harmonia na alegria e de companheirismo na solidariedade...
Há de se empoderar de audácia e criar um clínica rebelde: que nos permita sonhar e amar, poetizar e borboletear na pura coragem de tecer asas...
Uma clínica que seja cais e ninho... Novos voos não cunhados pelas inscrições de morte da voracidade clínica...
Inventar voos cura; cortar asas cria vidas amputadas...
Eis o nosso grande desafio... Uma obra de arte e amor...


4 comentários:

paulo cecilio disse...

Texto denso. A utopia pinçada pela técnica e pelo coração do amigo: há um arco íris no horizonte.Busquemos!!

Anônimo disse...

CARÍSIMO AMIGO JORGE: HE ADMIRADO, ENTRE OTROS, TU BELLO ARTÍCULO SOBRE LA DEPENDENCIA, SUS DAÑOS Y SUS SOLUCIONES. DEMÁS ESTÁ DECIR QUE COINCIDO PLENAMENTE CON TUS DULCES PERO CERTERAS OBSERVACIONES, AHORA BIEN: ES INDISCUTIBLE QUE TENEMOS QUE BATALLAR POR RE-INCLUIR AL DEPENDIENTE EN SOCIEDAD, PERO EN CUAL SOCIEDAD? PROBABLEMENTE, EN MUCHOS ASPECTOS, SERÁ LA MISMA SOCIEDAD QUE LO EXCLUYÓ, O MEJOR DICHO, QUE LO EXPLORA HASTA LA MUERTE POR CAMINOS QUE "DICE QUE SON EXCLUSIONES". LA MICROPOLÍTICA DE LA DEPENDENCIA SIGUE SIENDO NUESTRO RECURSO PRINCIPAL, PERO NO DEBEMOS NUNCA OLVIDAR QUE EN ESE ASUNTO, COMO EN TANTOS OTROS,HAY UNA ESTRECHA ALIANZA ENTRE LOS TRAFICANTES DE ARMAS, LOS DE CRIANÇAS, LOS DE ÓRGANOS, LOS DE MUJERES, LOS DE TRABAJADORES INFORMALES, LOS PIRATAS, LOS CONTRABANDISTAS,LOS COMPRADORES DE VOTOS, LOS TERRORISTAS DE ESTADO Y LOS TERRORISTAS CONTRA EL ESTADO, LOS TERRORISTAS FINANCIEROS, LOS TERRORISTAS DE LA "SALUD", LOS TERRORISTAS DE MEDICAMENTOS...EN FIN...SE HACE LO QUE SE PUEDE...Y LA LUCHA CONTINÚA.
UN FUERTE ABRAZO.
GREGORIO B.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Paulo Cecílio; na tempestade, podemos adormecidos fugir e no medo, ver o fim... Ou inventar caminhos da poética do arco-íris: a ternura que se faz coragem de sonhar, entre escombros; porém, semeando floradas de vida nova - sonhadora e guerreira... Abraços com cariño... jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mi gran maestro y amigo querido: tus palabras son estrelaas que dan claridad a nuestros pensamientos que empiezan todavía abajo de la oscuridad que obstaculizan los flujos creativos en sus momentos de nacimiento. Los dolores de la de pendencia química y la textura de crueldad y miseria que involucra este dolor a movimientos de los horribles procesos de opresión y explotación de la vida en los días de hoy, nos llevan a creer que necesitamos aprofundizar nuestra lectura de las tramas y trampas de contemporaneidad... Bien como, inventar modos de cuidar y incluir que sean dionísicos y guerreros, militantes y artísticos... Así, es... Pienso que vamos a tener que aunar ideas y sueños de nosotros todos... para generar flujos y lineas de vida con la potencia de maquinar manejos de vida y vida resitente entre los tiroteos que dibujan un siniestro abismo... ¿ Como es difícil tejer alas, en mundo donde todo sostiene los pies atrapados en nudos espinosos?... Hay que inventar se un Kínica de nidos que sea, de igual, una klínica de vuelos sobre los abismos... Abrazas con cariño y respecto, jorge