Jorge Bichuetti
Eu não quero uma eternidade com harpas, anjos e estrelas;
para o céu, eu levarei... meu tamborim, u'a roda de samba
e o coração vadio santificado
nas acres lágrimas da nossa humanidade...
Eu não quero a vida elegante gloriosa, com troféus e aplausos;
sigo pelos caminhos, levando, dentro de mim, uma mala
com sonhos e fantasias,
tecidos na loucura indigente da minha pele, ferida, porém,
cheia de estigmas que cantam as dores da vida
e alguma e outra saudade...
A LUA
Jorge Bichuetti
Há no céu lua e luar;
mas, é no chão que me encontro
com a magia da minha pequena Luinha...
Ela não brilha, prateando o horizonte;
nem hipnotiza, despertando novas paixões...
Ela, tão-somente, é o carinho e a ternura
que me ergue, ensinando-me a ser na vida,
o obstinado desejo de caminhar e sorrir...
Não é deusa; mas, sabe secar no instante do desespero
as turbulências intempestivas das minhas ocultas lágrimas...
O POETA
Jorge Bichuetti
Quanto entre a palavra e o silêncio,
pulsa a vida na sua inquietude de borboleta;
a razão do lagarto cala... a aurora alucina
o coração da estrada... fermentando na pele
a voracidade do porvir que se almeja profecia;
assim, alguém rabisca, numa imersão sonâmbula,
a beleza e a ternura que é grito da vida na semente
do amanhã, vida que germina no coração de uma poesia...
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