Jorge Bichuetti
Entre xavantes e caiapós,
chacoalho canções tupis;
tecendo entre tribos uma
só caminhada... terra e fé,
um povo, agora, meu no
afã de redescobrir um país:
meu Brasil Tupiniquin... sonhos
ancestrais nas contrações do porvir...
Entre livros e poesias,
assobio co'os passarinhos;
orquestrando u'a sinfonia,
cantiga de roda-gigante
que num só movimento
me permita inventar:
meu Brasil Macunaíma... arte
peralta no fogo da dança, devir...
ESTRELAS MATUTINAS
Jorge Bichuetti
No céu, estrelas... flores no chão:
eu no colo do amor primevo que
embalou-me na aurora... dando-me
o orvalho como refrigério e alento
para mi'a alma inquieta e indolente...
Cresci... no orvalho das noites boêmias;
nelas, entre serestas e beijos, vi Deus:
uma cósmica composição, fértil e terna
germinação... com Ele, resisti e segui,
nunca deixando de ver na sua face
o carinho incondicional do rosto da mi'a mãe...
Jorge Bichuetti
Na solidão da noite, escuto a voz
da vida na multidão errante; nela,
há o profano calor das vãs paixões...
e há o sacro voo entre o verme e Deus,
como se o brejo fosse um pedaço do céu,
contemplando o luar e as estrelas...
sem a lembrança que no princípio
o tudo e o nada se abraçavam tecendo a vida
entre a força viril do verbo e a fertilidade sutil da lama...
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