sexta-feira, 4 de maio de 2012

DIÁRIO DE BORDO: A VIDA BAILA NAS RUGAS DO TEMPO

               Jorge Bichuetti

Ontem, adormeci entre luas... O luar clareando o quintal com recordações das antigas avoengas que acalantam nosso sono, despertando sonhos e caminhos... Luinha, do meu lado, era a quentura gostosa do amor incondicional, ternura vital... Assim, dormi...
Acordei com o canto dos meus passarinhos, que livres voam... e se comigo amanhecem, amanhecem na alegria de serem na vida os guardiões da esperança...
O céu cinza estava suave... como se já sentisse os raios do sol e o azul roçando a pele da vida.
O vento frio... pedia café quente... boa leitura... e quem sabe um abraço cálido como são cálidas as estrelas que partiam...
Ali, no quintal, fiquei... silêncio profundo na minha alma que aspirava o perfume das rosas e o cheiro do mato, transportado à casa paterna, onde o olhar da minha mãe era um rosário de fé e um faiscar da alegria serena que mora no coração dos que transitam entre o divino e mundaneidade...
Escrevo, com saudades de Casa... Da minha casa que deles, casa de café e aconchego, casa de folguedos juvenis e sonhos imortais... Como é fértil o ventre o amor!
Olho meu caminho e não posso negar que meu coração deseja romper grades e grilhões, para seguir vagabundeando entre amigos...
Vadiar é ir no vento... tecendo no tempo o fio que transforma as belas amizades numa tribo pós-moderna...
Como é bom descobrir sorrisos nas lágrimas; quietude no desassossego... poesia no silêncio do corpo doído, corpo, porém, que carrega uma alma cantante...
Quero cantar a aurora... as paixões... os bons encontros... a alegria e as tristezas... o luar e o céu estrelado...
Quero cantar, fazendo azulados os sonhos de Luinha e as utopias da humanidade...
Viver é sempre lutar...
Há lutas e lutas...
Eu quero a boa luta...
A boa luta é aquela que acorda o canto dos passarinhos e desperta no ser humano a ternura e generosidade...
As dores do meu corpo andam silenciosas...  As chagas do caminho seguem suspirantes... Há tanta dor... Mas, a vida canta...
Canta a esperança no sol que rompe a escuridão da noite...
Canta a resistência das flores miúdinhas que embora dispersas nos canaviais são as estrelas do céu nas paragens do mundo...
Canta, o amanhã...
Acomodados, vemos num depois; contudo, o amanhã é aqui e agora... É salto... Efervecêsncia vital... Vida enraizada na magia de ser parideira de porvires...
Que direi?...
Me perco no meio da multidão de palavras...
Talvez, somente deveria dizer: amanheceu... e no silêncio da vida que é diálogo da relva verdejante com as carícias do orvalho, tudo é poesia... tudo é clamor por ternura... tudo é desejo de ser e amar...
Assim, se tecem os sonhos... Assim, o barco navega.... Assim, se dão os passos no caminho no encanto do horizonte azul...


4 comentários:

Anônimo disse...

AH! o café hoje desceu melhor...

Anônimo disse...

Sua imagem vem de repente, sem que eu espere.
Saudade, saudade imortal.
Está ficando complicado escrever-lhe aqui.
Como tem passado? Dr. fala de dores.
Meu querido genio, amanhã levo meus pais para uma casa de idosos.
É dolorido demais. Beijos e um carinhoso abraço. Denise

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Denise, um fraternal abraços com a alegria de vê-la firme e caminhando nas lutas da vida. abraços ternos, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Um café amacia os pensamentos e acalenta o coração. abs ternos..