segunda-feira, 4 de abril de 2011

BONS ENCONTROS: PADRE JÚLIO LANCELLOTTI E O POVO DA RUA

                           UMA CAMINHADA DE CALVÁRIO, LUTAS E AMOR NO CUIDADO DO POVO DA RUA: UM SONHO DE LIBERTAÇÃO....

                                PADRE JÚLIO LANCELLOTTI


Júlio Renato Lancellotti nasceu em 1948, é sacerdote católico, formado em pedagogia e teologia, foi professor primário, professor universitário, membro da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo desde seu início e há mais de dez anos é o Vigário Episcopal do povo de rua, com muitas virtudes e particularmente a virtude da caridade vivida na esperança. Padre Júlio é fiel servidor da Igreja de Cristo há 22 anos como presbítero.
É pároco da pequena Igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo. Um sacerdote de missa diária e compromisso eterno. Um homem que não se cansa de lutar contra o pecado e a injustiça. Um testemunho para a comunidade, em que senhores e senhores se cotizam para ajudar a emancipar pessoas de situações de miséria e de exclusão.
  A categoria "povo de rua" não é uma criação sua, nem neologismo, mas um conceito válidopara compreender estas milhares de pessoas que vivem nas ruas paulistanas.
  Pesquisa de órgãos de governo e de Universidades revelam que nessa "categoria" há famílias, há jovens, há gente desempregada, há drogados, há crianças, há estrangeiros, há negros, brancos, mestiços, há gente pobre e migrante, há gente que foi rica e há até aqueles com universidade feita. Há muitos alcoólatras. Há muitos jovens. Há catadores de papel. Há trabalhadores e albergados. E há muitos: algo como dez a quinze mil pessoas. É, portanto, realidade complexa que exige respostas complexas.
  A Igreja de Padre Júlio sempre foi abrigo; pequenina que é, desde seu nascedouro, pois os católicos da Mooca e Belenzinho, sempre souberam acolher os mais pobres com amor e carinho. Nenhuma grade jamais existiu nesta Capela e Igreja para impedir de receber qualquer ser humano.
  Dezenas de comunidades na Zona Leste, particularmente aquelas que existem nas favelas se cotizaram para construir a comunidade S. Martinho. Para apoiar a Casa Vida, para acompanhar a Liberdade Assistida, para visitar a FEBEM, para valorizar as crianças, para apoiar os portadores de HIV-AIDS, para recolher e apoiar migrantes e sem teto. Tudo fizeram para rezar e partilhar na Catedral de Oração no bairro da Luz, esta construída com doação de budistas japoneses da Fundação Niwano. Fizeram com o Padre Júlio aquilo que todos sempre quiseram e buscaram numa cidade digna: transformar as vidas e construir igualdade social. 
  Padre Júlio é Doutor Honoris Causa pela PUC-SP.
Padre Júlio recebeu no Rio de Janeiro o Prêmio Alceu Amoroso Lima das mãos do reitor da Universidade Candido Mendes.
Padre Júlio é diretor da Casa Vida I e II.
Padre Júlio é da Pastoral do Menor. E de inúmeras Comissões de Direitos Humanos.
Padre Júlio Renato Lancelotti é um homem transparente.
Não é conivente com o pecado nem com a injustiça.

                                   ELE E O SEU TRABALHO COM O POVO DA RUA NUMA TESE DE DOUTORADO...

"Pe. Júlio visa a quebrar estereótipos muito fortes em nossa sociedade e que identificam o pobre, o doente, o desvalido, o oprimido com o “diferente”, o “outro”, o que não merece figurar na sociedade que vivem as pessoas “boas”, “normais, “entre as quais me incluo”, “com as quais me identifico”... estereótipos que determinam a exclusão, a discriminação, o racismo. Segundo ele, o indivíduo não deve ser considerado só por um aspecto – por exemplo, ele não é só o  infrator, o assassino, mas também possui uma história, uma família, é também marcado pelo sofrimento e pela dor. Sua luta é pela educação, pelos limites, mas é também pela reintegração na sociedade; para que não se tente resolver os problemas através do ódio, da vingança, da crueldade, da tortura. É por tudo isso que ele se coloca na contra-mão da visão dominante de subjetivismo e de estereótipos, ao mesmo tempo em que se expõe aos ataques cada vez mais fortes de grupos que se sentem ameaçados por ele, por seus exemplos, por suas palavras e por suas ações. Para ele, o Amém, que é a resposta que se dá quando se recebe a hóstia consagrada, tem um significado muito sério e consciente de compromisso pela partilha, de escolha de um caminho solidário e de inclusão, de luta pela vida do povo e dos mais sofridos – daí essa mistura entre discurso, evangelho e prática de vida."

"Segundo suas próprias palavras, esse é um caminho duro e sofrido, tem muita luta, muita reação contra, mas o que ele busca é “defender a vida, defender a dignidade da vida, as vítimas da história, e mostrar isso ao sistema, inclusive a forma como esse sistema faz isso e depois diz que não – e fazer com que as pessoas entendam, explicar para que as pessoas entendam e mudem seu modo de pensar e de agir no mundo...”(Pe. Júlio, em entrevista de 12/05/01).
O trabalho com o povo, a descoberta junto ao povo de uma realidade muito dura e sofrida foram sendo construídos, na vida do Pe. Júlio, ao longo do tempo, criando um vínculo marcado por fatos de dor e de esperança. E saber dessa realidade significa comprometer-se com ela, enfrentá-la sem medo, colocando-se contra estereótipos tão presentes no nosso tempo – para isso Padre Júlio utiliza seu discurso e seus exemplos, todos tão repletos dessa misericórdia que o sustenta e o faz viver o que prega.
Padre Júlio tem consciência de que este é um processo longo e demorado, de que a trajetória de vários grupos é uma trajetória histórica e de que não vamos ver a mudança: “...a mudança vai acontecendo misturada ao complexo da história, às condições da história, o tempo todo... é um processo contínuo e permanente, e nós não vamos ver a mudança... esse processo de mudança não é para agora, é para mais de cem anos!...Por enquanto, é uma busca!...”

        Maria Cristina Vignoli Elias

                          ACUSADO INJUSTAMENTE E CRUCIFICADO PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DA MÍDIA DOMINANTE, RECEBE O APOIO DOS AMIGOS E DO POVO:

                                        08/11/2007
                          A revista e o padre - Frei Betto

Veja o leitor, há uma revista semanal que odeia pobres e quem a eles se dedica. Revista que ignora as regras básicas do bom jornalismo e nem se preocupa em bem informar o leitor. Todas as suas matérias são editorializadas, de tal modo que até mesmo uma entrevista é publicada, não segundo palavras do entrevistado, mas de acordo com a conveniência do veículo entrevistador. 
  Semanas atrás, no encarte contido na edição destinada a São Paulo, a revista desancou uma das pessoas mais íntegras que conheci em toda a minha vida: o padre Júlio Lancellotti. Um dos raros santos vivos de quem tenho a graça de ser amigo.
  Júlio se dedica, há anos, ao povo da rua da capital paulista: pedintes, doentes mentais, desempregados, catadores de papel etc. A todos serve com espírito evangélico. Quando sofrem violência por parte da polícia, é Júlio o anjo que lhes dá proteção. E abre as portas de sua igreja para que ali se sintam em casa.
  Júlio faz o mesmo com a crianças de rua e os internos da Febem. E não age como quem se interessa em "catequizá-los". Sabe muito bem, graças à sua boa formação teológica, que essa gente excluída expressa de modo especial a face viva de Jesus, que com eles se identificou (Mateus 25, 31-44). Quer apenas que se sintam pessoas dotadas de dignidade e direitos, ainda que a nossa sociedade, fundada na desigualdade econômica, os tenha escorraçado para as calçadas da mendicância e os becos do desamparo.
  Veja, leitor, a revista semanal, do alto de seu empertigado farisaísmo, identificou na atitude de vida do padre Lancellotti pura demagogia, levantando indagações que fazem eco às cobranças dos fariseus a Jesus. Por que o padre Júlio não vai morar debaixo da ponte? Por que não abre a igreja para servir de moradia ao povo da rua? O que revela desinformação a respeito dessa parcela sofrida da população. 
  Só o preconceito e a ignorância explicam a miopia de certas pessoas que confundem morador de rua com bandido e julgam que ele vive ao relento por não ter um teto que o abrigue. Há exceções, mas a maioria faz da rua uma opção de vida. Ali há liberdade, o descompromisso, o fim de opressões outrora sofridas no trabalho e na família (espancamentos, abusos sexuais, alcoolismo etc). E são raros os que mendigam. Preferem viver do próprio trabalho, como catar lixo reciclável.
  Quem levaria para casa uma criança nascida com Aids e abandonada pela família? Padre Júlio já levou centenas. A revista não viu as duas unidades da Casa Vida em São Paulo, que visito com freqüência. Ali as crianças recebem cuidados médicos e terapêuticos; são educadas no asseio e escolarizadas; aprendem a ter auto-estima e ser felizes. Cega, a publicação semanal não quis ver nada disso. Nem mesmo este detalhe: cerca de 90 crianças, mesmo virtualmente condenadas à morte por uma enfermidade incurável, já foram adotadas por famílias européias.
  A revista que se gaba de ver não viu que há milagres no mundo: casais que, impossibilitados de procriar, escolhem adotar uma criança filha da miséria e contaminada pelo vírus HIV. Graças à evangélica dedicação do padre Júlio Lancellotti, cujo testemunho enobrece a espécie humana.
Frei Betto
Frei dominicano. Escritor.

                     EM 29 DE FEVEREIRO DE 2008, UM LUZ NO TÚNEL
A Justiça começa a ser feita. Para o padre Júlio e todos os que o admiram por sua coragem na defesa dos pobres, confirma-se aquilo que muitos de nós sabíamos. O Ministério Público proclama o que nós esperávamos, inclusive nós da administração e a redação deste jornal. Padre Júlio foi, sim, criminosa e cruelmente chantageado por jovens em cuja recuperação ele confiava e a quem tratava com carinho paternal. Sob ameaças de jogar lama em seu trabalho junto aos menores carentes, junto às crianças infectadas pelo vírus da Aids, junto aos moradores de rua. Somaram-se a essas ameaças as agressões verbais, a proximidade constante e muitas vezes agressivas junto ao padre e seus familiares.
O calvário do padre Júlio está para terminar, calvário que se foi agravado pela irresponsabilidade de parte da imprensa, de modo tristemente particular, aquela parte da imprensa nas mãos de uma igreja (a letra minúscula é de propósito) que aliciou falsas testemunhas, postou-se ameaçadoramente junto à casa do sacerdote, acusou sem provas, caluniou nosso padre Júlio.
Houve também fiéis católicos e até sacerdotes que se deixaram levar pela orquestração absurda. Reescreveram-se assim cenas do famoso, imaginário e absurdo drama descrito no livro "O processo" de Franz Kafka. E agora? Agora é esperar a decisão final do juiz. Haverá certamente os que pleitearão uma batalha judicial para compensar a honra aviltada, e não faltam razões para tal. Será justo se isto acontecer, porque não basta punir os chantagistas, é preciso punir também os que tentaram forjar provas, os que acusaram, os que caluniaram. Haverá também os que não ficarão satisfeitos com a condenação dos criminosos e insistirão na culpa do padre Júlio.
É o mal da calúnia. Honra manchada dificilmente se limpa, particularmente nos corações fechados para a verdade. Haverá, enfim, e certamente os que darão graças a Deus porque a verdade brilhou sobre as trevas e isto lhes bastará. A verdade pura e cristalina do crime contra o padre Júlio dissipará as trevas da dúvida provocada pelos criminosos e alimentada por parte da imprensa.
Graças a Deus pelo que padre Júlio precisa e deve voltar logo às suas atividades porque os menores carentes, as crianças com aids e os moradores de rua desta cidade precisam de sua voz profética. 

                        "FELIZES OS PERSEGUIDOS POR AMOR À JUSTIÇA E À SEARA DO AMOR"... 

                                  ELE: O PÃO DA VIDA DOS POVOS DA RUA!
O Evangelho deste domingo nos questiona e inquieta.
Entendemos a mensagem de Jesus ou queremos que Ele resolva todos os nossos problemas? Acreditar e aceitar a Deus que consequências traz para o nosso viver?
Um grande comentário sobre o Evangelho de João traz a seguinte afirmação:
¨Receber o pão sem aceitar o seu significado é fechar-se à comunicação divina¨ ( Juan Mateos – Juan Barreto).
Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?
A obra de Deus é ACREDITAR NAQUELE QUE ELE ENVIOU.
Acreditar não é uma idéia, mas uma nova maneira de ver, pensar, sentir e agir.
Acreditar é assimilar, assemelhar-se, unir-se  de tal modo que o que assimila torna-se o assimilado!
O Povo pede dá-nos sempre desse pão.
JESUS diz: EU sou o pão da VIDA. Quem vem a MIM não terá mais fome e qum crer em MIM nunca mais terá sede.
Quem assimila JESUS em sua Vida, quem come desse PÃO , será uma pessoa da PARTILHA, que supera a acumulação e o egoísmo, não vai esperar chover o maná do céu, mas vai trabalhar com fé pela transformação da vida .
Acreditar em JESUS é impactante e traz consequências!
Não se pode celebrar a EUCARISTIA e não perceber seu significado pessoal e social, o compromisso que gera.
Nos alimentarmos do PÃO da VIDA , é aceitar a proposta de uma nova maneira de Viver e de ser. É configurar-se a ELE.
JESUS ensina-me, alimenta-me, ajuda-me a partilhar e a comprometer-me com uma vida mais humana, onde ninguém seja esquecido ou abandonado.
AMÉM. ( HOMÍLIA DO DIA  02 DE AGOSTO DE 2009)





AMIGOS DO BLOG UTOPIA ATIVA, ESTA NÃO É UMA POSTAGEM RELIGIOSA, É A HISTÓRIA DA LUTA NOSSO POVO...
PADRE LANCELLOTTI, LIVRE DA CALÚNIA, DA INJÚRIA  E DAS PERSEGUIÇÕES, PERSISTE... E CONTINUA COM SEU ÚNICO PECADO, UM PECADO IMPERDOÁVEL PARA AS NOSSAS ELITES... ELE CONTINUA CUIDANDO, PROTEGENDO E ACOLHENDO O POVO DA RUA...


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