Jorge Bichuetti
Os carros, as sirenes e os sinos acordaram, hoje, a passarada... Cantam, num cenário, pós-moderno, diluídos no meio de rumores e tambores de tecnocratas... Estive no quintal... A Lua dorme tranquila, com seus anjos de harpeados miais... Fui só... O pé de romã e o limoeiro dobram-se e oferecem seus frutos, gentilmente... A roseira anda tímida, nenhuma flor... O manacá e pés de beijo... também... Mesmo eles que sempre florescem, são só folhas... Entre eles e meus álamos, me pus a pensar... Será que as plantas que só florescem se recolhem, culpadas, vendo o apogeu das árvores frutíferas... Oh! não pode... O que seria da vida sem as flores que colorem e perfumam nossas primaveras... O fruto sustenta o corpo; as flores alimentam os sonhos e os diversos amores... Direi todo dia a elas, que não se intimidem pelas pressões do Capital... A vida mais...
A vida não é um acontecimento simplista: ela tem faces e fases...
Nenhum ser humano vive plenamente a vida se percorre um só caminho...
Ninguém consegue paz e felicidade se mira um só horizonte...
A vida peregrina... mutante... transformista... e uma audaciosa ilusionista.
Muitas vezes, tem cara de menino... Brinca e chama para brincar... êta, vida, menina travessa...
Já a vi com um rosto de aventura, querendo a ousadia de um devir Quixote e um devir Guerreiro...
Ás vezes, olhamos nos seus olhos e eles brilham com malícia, é vida com sua face sensual e vadia de pura paixão e libido intempestivo... Vida da luz vermelha...
Há momentos que é ela é um livro: pede e dá sabedoria...
São múltiplas as suas faces: vida de trabalho, vida de amar, vida de brincar, vida de lutar, vida de aprende, vida namorar, vida de vadiar, vida de sonhar... vidas...
Já a vi uma grande trapezista...
Queremos sempre cristalizá-la e ela se movimento e vivencia fases... Vida cheia, crescente, minguante, nova... Primavera, verão, outono, inferno...
Só vive com profundidade e versatilidade os que a assumem e são como ela metamorfoseantes...
Na primavera, o suave brincar e os sonhos ilimitados; no verão, o calor das paixões, no outono, a maturidade das construções; no inferno, a suavidade da ternura e voos da meditação...
Muitos decretam a chegada e partida das fases da vida...
Criança, brincam e sonham; jovens, enlouquecem nas aventuras, na rebeldia e nas paixões; adultos, só trabalham; e velhos, se aquietam, oram, pensam e sofrem as dores das recordações...
O pode um corpo?... O que pode a vida?...
Podemos ser a multiplicidade, todas vidas num só momento; todos os momentos numa só vida...
Podemos ser "rizoma, fluxos subterrâneos, linhas de fuga"..
Podemos ser metamorfoseantes... trapezistas.. transformistas...
Podemos sempre: brincar, sonhar, aventurar-se, amar, vagabundear, penar, refletir, construir; projetar...enlouquecer nossa santidade e santificar nossa loucura... Podemos...
Podemos florir, frutificar, ensolarar-se e brilhar, descansar na sobra e dar sombra para os que necessitam do descanso da nossas ramagens e folhagens...
Todos somos chamados a viver e experimentar a vida; a vida com suas faces e fases...
Tudo é magia...
Só há um imperdoável: não viver... não ousar na vida conhecer e desfrutar desta tresloucada diversidade que compõe a vida...
Daí, entendemos que sempre na vida existe algo mais, um além, um horizonte novo: "viver é etecetera"...
Assim, meu amigo, algo quero lhe dizer: ontem, eu e minha pequena Lua saímos para o quintal enamorados da beleza da outra lua... Lua crescente... Disse, despreocupado: Luinha, é bonita, mas não quanto a cheia...
Ela me olhou, com o olhar de quem se viu contrariada; sem palavras, me respondeu, olhando, demoradamente, a beleza daquela lua..
Compreendi. Agora, sei... quanto sentir o tédio, o vazio, a angústia, me perguntarei: que face e fase da vida, anda ausente ou negligenciada na vida da minha longa caminhada...
DIA 22 DE ABRIL: DIA DA TERRA... IYI PORÁ... ARTE, SONHOS E LUTA.. NO TEATRO EXPERIMENTAL DE UBERABA (TEU ) - PELA TERRA, LUTEMOS... PARA ELA E PARA NÓS - CONSTRUAMOS NA LUTA UM NOVO DIA, UM BELO E SUSTENTÁVEL PORVIR...
TEU - Upop-JA - CORDAS DO CERRADO
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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12 comentários:
Jorge
Bom dia! A vida é movimento, como já bem disseste por aqui. E gosta de nos lembrar de nossas inseguranças! Sempre achei e confesso que me pego ainda vez por outra achando ruim, mas certezas são as que nos enterram, nos afundam e nos causam tanta dor!!
Estou rodeada de filhos esta semana para me afagar e para eu tapar de carinho e amor. :-)
beijos
Anne
Anne, que bom estar entre os filhos; o carinho nos energiza e dá vida. Eu queria ter certezas definitivas, também... Crecemos, porém, no meio das nucens onde se encontram as estrelas ocultas.
Abraços com carinho, Jorge
Bom dia Jorge.
Anne eu somos "irmãs" e foi no site dela que li a entrevista que fizeste. Cheia de muita verdade, sabedoria, alegria e, principalmente amor.
Porque ela é assim!
Estou gostando muito da tua produção: profunda, marcante, sensível. Parabéns!
Silvia
Sivia, com sua presença, digo: a entrevista da nossa querida Anne, está gerando frutos; ela com ternura nos levou a pensar nossas e nossos caminhos... Grupos andam lendoe debatendo, isso me encantou.
Trabalho entre o sonho e o amor, sigo com o canto dos passarinho.
Abraço com ternura, Jorge
Lindo texto amigo ...lindo texto vc é um iluminado ... um forte abraço
Jorge, e a mim também! :-)
bjos
Anne
Anne, descobrimos o que pode um vida; viver vale... frutifica, florsce e dá luminosidade para nossa própria estrada,
Abraços ternos e carinhosos, jorge
Adilson, sou parceiro de caminhada; Abraços com gratidão, Jorge
Concordo com Adilson. Você é iluminado, Jorge, e iluminador.Beijos
Tânia, a luz é coletiva, é nossa dos nossos sonhos: somos do tamanho deles... Abraços com ternura, Jorge
Re-inventando minha vida, um novo ciclo, com anjos em seres humanos estou superando esta fase e te envio este poema que achei bonito com o que eu estou vivendo e aos poucos superando ... com fraterno carinho Clara
Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeça levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.
Jorge Luís Borges
Clara, vamos vivendo aprendendo e nos renovando: a alegria, novos sonhos, uma nova primavera. abraços com muito carinho, jorge
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