terça-feira, 12 de abril de 2011

DIARIO DE BORDO: O SER HUMANO, ESTA OBRA INACABADA...

                                                           Jorge Bichuetti

Amanheço e escuto no silêncio da noite, madrugada serena e diáfana, uma rosa e um Rosa... e o Rosa me diz
" Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando."... Respiro o ar que se move lentamente no balanço das álamos, do pé de romãs e do limoeiro... Os pés de beijos estão verdes, foram-se as flores, ficou o verde preparando novas floradas... As samambaias, tão esquecidas, verdejam, dando louvores ao novo cacho de rosas brancas... Siriemas gorgojeiam um estribilho que ora fala de suas dores, ora clama por um mundo de amor... Cantam, longe... Distante, ladram os cães... A Lua dorme, meu olhar desvenda encantos mágicos na tranquilidade do seu ressonar,,,
Somos seres metamorfoseantes... Somos a mudança, a impermanência, o movimento, os devires, as expansões de trocas e a eufórica sociabilidade e as retrações das silenciosas buscas no labirinto da nossa vida interior...
Somos; não somos... Fazemo-nos, desfazemo-nos e nos refazemos na caminhada...
Obra inacabada; projeto; conjunto de tarefas: vamos nos construindo no caminho...
Tristeza e alegria; palavra e silêncio; egoísmo e generosidade solidário; regressões fascistas e voos libertários...
Caminhamos  permeados de paradoxais momentos, um instante de brilho e um segundo de obscuridade...
Somos do caminho e somos caminho...
Singulares; diferentes... cada um semeia um destino...
Somos ontogeneticamente destinados à vida, ao amor, à liberdade e ao homem novo...
Obra inacada - o que influencia na nossa autoconstrução?...
Há um socius  - de nortimazação, de exclusão, de desamor, de opressão, de individualismo, de exploração, ganância e competição, mitos e alienação, estigmatização, diluição, espetáculo e de baixo grau de sociabilidade -  que nos pressiona e nos induz a ser um não-ser, a ser um robô, um corpo silencioso e vazio, escuro e triste, servil e reativo, submisso e bruto...
Há cantos de sereia que nos chama para o fundo do mar, para os abismos da morte: são as vãs ilusões...
Há, também, o porvir, a aurora, outros mundos possíveis que nos agenciam e nos convocam à mudança... ao novo... aos direitos humanos e ao direito à diferença... ao cuidado amoroso e à arte criativa...  á suavidade e a ternura... ao compromisso com o outro, com a dor-lágrima do outro e com os sonhos de libertação...
O porvir fala no silêncio... Uma canção, uma pagina, uma vida pela causa... uma indignação perante as injustiças...
Não somos livres, ainda; tão pouco, vivemos alijados de entre estes emaranhados de influência, realizarmos nossas opções...
Escolhemos, optamos... Há espaço para a vontade, desejo e sonho que não cruzam os braços, não abaixam os olhos, nem se acorvadam diante da luta...
Longe da luta, a vida é uma prisioneiro dos pesadelos de desamor e violência do mundo onde as armas e a moda, o poder e o império, os tesouros e os espetáculos centralizam o vegetar diluído da maioria...
Se queremos a solidez de uma vida ética e libertária de sentido e inovação insurgente temos que nos rebelar, agir, compor, partilhar, inventar dispositivos que nos permitam a dignidade num mundo de corrupção dissemida, a paz nos escombros do belicismo, o amor num tempo de solidão...
Mudamos... e mudamos a vida. Não magicamente, não passivamente... Mudamos no caminho de lutas, sonhos e construções coletivas que dão vida a vida que queremos ver florescer nos jardins da existência...
Todo dia, o sol levanta...
É hora de nos levantarmos, deixar nossa cómoda rede-de-balanço... e rebelados, insurgentes, caminharmos...
Buscar no caminho a vida novo, o homem novo e a luta pela vida que queremos... no horizonte de esperança das nossas utopias...
Ali, mora nossa felicidade...

DIA 22 DE ABRIL: DIA DA TERRA... NO TEU - TEATRO EXPERIMENTAL DE UBERABA...
UM DIA DE OFINAS, ATIVIDADES ARTÍSTICAS E DEBATES SOBRE O PLANETA TERRA...
ARTE, LUTA E SONHO... PROTEJAMOS A TERRA... SEJAMOS COM ELA NA LUTA POR SOBREVIVÊNCIA, FLORADAS E AURORAS NO VERDEJAR DE UM TEMPO DE AMOR À VIDA E HARMONIA COM A NATUREZA... NÓS, NATUREZA, AMEMOS A TERRA, NOSSA ALMA, NOSSO CAMINHO E NOSSA DESTINAÇÃO... NÃO APRESSEMOS O FIM...

2 comentários:

Adilson Shiva - Rio de Janeiro - Brazil disse...

é assim ............ tem que participar ....
Abraços meu companheiro de passagem

No grito ou no apito...

Se a proposta é o grito
Que o seja bendito,
Alerta para as multidões
Que venha como sol que doira
Que não seja moira
De uma vida triste
Teime ,resista ,persista no grito
Na marca dos 45 , o apito
Se a multidão não tem ouvidos
Tu tens os teus
(@by Adilson S. Silva)

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Adison, esta poesia chegou feito brisa ... abraços com carinho, Jorge