DIÁRIO DE BORDO: UM CADINHO DE SAÚDE... VIDA E ALEGRIA...

                                                                    Jorge Bichuetti

Manhã já com cheiro de almoço... No alvorecer, vi meus álamos celebrando a alegria dos raios do sol que os beijavam, carinhosamente; e ouvi os trinados dos pássaros que me diziam inomináveis poesias sobre a arte do existir.... A Lua, me acompanhou, passo a passo, ouvi as canções e curiosa queria meus óculos...
Só ontem soube do acidente da nossa grande amiga e amiga das artes Elisa Carvalho; me tranqquilizei, lendo no seu blog que estava serena e sem complicações de saúde... Lhe envio meu abraço.... E no meu abraço, uma reflexão: da importância dos que dignificam a vida na nossa caminhada. E como vivemos sem contar para os nossos amigos o quanto aprendemos com eles... De longe, a vi trabalhando arte com os portadores de sofrimento mental... Carinho, ternura, liberdade... Sabia estar com o outro para que o outro descobrisse suas potências e sua arte. Nunca lhe disse o quanto é terno o seu olhar e o quando alegra a vida o seu meigo sorriso...
Pensando no trabalho que vi, sou obrigado a frear minha escrita e deixar Guimarães, abraçá-la, a esperaremos com ternura e carinho, enviando sempre um tantinho de serenidade, ao ouvir com ela O Rosa lhe dizendo: " Qualquer amor já é um cadinho de saúde, um descanso na loucura."
Quando algo nos obriga a parar, vivemos antecipadamente uma situação analisadora da qualidade da nossa vida.
A doença, a velhice, a aposentadoria, muitas vezes, geram crises e crises que se cronificam...
São vivências e experiências que revelam a falência de um modo de vida dominante: o pragmatismo, o imediatismo, o tempo loucamente ocupado, uma exterior que exclui qualquer espaço para a interiorização... Nosso corre-corre... nosso consumismo... nosso sensorialismo... Enfim, uma vida que se realiza servil ao trabalho, e com atividades que se baseiam na força física; com anulação das práticas intelectuais, artísticas, e as que nascem da potência da suavidade, da serenidade e da ternura.
Se uma cama nos prende, no repouso de alguns dias, ou se sentimos nossas forças diminuídas pelo tempo, só sobrevivemos vida e alegria, se podemos... amando... ler, ouvir uma canção, prosear, escrever, mergulhar num romance  ou num filme... semear flores e amigos...
O capitalismo joga fora os que já não produzem ou compram mercadorias... E nos diz, sutilmente, que a vida e vida das mercadorias...
Há um outro mundo... O mundo da arte e dos sonhos, da magia e do místico, da amizade e da suavidade, da ternura e da generosidade... Do amor, que é um cadinho de saúde...Um cadinho do tamanho do mundo.
Esta conversa que faço com os meus pensamentos que me trazem imagens,, leituras, histórias de vida... ela prova a tese de Deleuze, Foucault e Negri... Todos eles dizem que somos deformados pela ditadura do mercado, da vitória, da força bruta, do pragmatismo, da beleza, da juventude, da vida coisificada e robotizada nas repetições de uma rotina que não escuta nosso coração, nossos desejos e sonhos...
Me implico: outro dia, estive adoecido e me peguei reclamando do tédio... Leia-se onde está escrito tédio, da minha rotina... Rotina que me entedia pela falta de tempo de ler uma poesia nova, ver um filme, escutar meus velhos e novos livros, cuidar do meu quintal, brincar com a Lua, conversar sem presa, mineiramente, com meus amigos... Então, o sentimento de tédio era da minha subjetividade capitalista que não escuta o que pode a vida para além do marcado e do fetichismo da mercadoria...
Um mundo para ser reinventado: um caminho com arte e suavidade, direito à diferença e direito à preguiça, um território de sonhos, magia e poesia... uma nova suavidade.
Assim, concretizamos Rosa: viver é etecetera... Um voo na imensidão, um pouso na lua e nos luares.. Um mergulho no devir e um estradear, só para sentir na pele a linha do horizonte...

 

DIA 9 DE ABRIL: ATIVIDADES DA UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI.... SÁBADO, ÀS 13 HS.