domingo, 10 de abril de 2011

DIÁRIODE BORDO: O CANTO DA TERRA

                                                      Jorge Bichuetti

Dia de vida. Vida renovada... Não vi o céu, ontem... As estrelas estavam no chão. Homens, mulheres, jovens e velhos, crianças... e a Lua... Meu povo, meu sonho... Nos reunimos no quintal, festa da vida: encontro mensal da Universidade Popular Juvenal Arduini... A Lua me convenceu, chorando... Choro, baixinho de quem com dengo, consegue nos encantar... E participou da plenária final... E pode ouvir, os guerreiros do TEU ( Teatro Experimental de Uberaba) poetizando a vida, e divulgando o Dia da Terra: 22 de abril, estaremos nas oficinas, na discussão, nas apresentações artísticas, no canto do povo pela vida e pela Terra...
Não consigo pensar minha vida fora das lutas e das utopias que me fazem caminhante, um guerreiro nômade, um estradeiro... Ontem, vi a vida e olhei nos olhos dela e me descobri um eterno apaixonado, por ela: a vida, moça singela, ternura e bravura, coração e sonho.. Onde anda a nossa vida?... O que nos move?... O que nos alimenta os passos na caminhada da existência?...
Alguns encontram sentido na acumulação de riquezas, vivem escravos do dinheiro, do patrimônio que cresce e nunca é suficiente, pois, é capital, não é fruto, não é florescência... Outros se vem servos do poder: o querem a qualquer custo... Há quem julgue a beleza  um fim... e vivem atrás de se tornarem belos... E a gente que vive para acumular sabedoria, informações, conhecimento...
Eu descobri que vivo para viver.. Que a razão da minha existência é transformá-la em vida... Vida com.. Vida entre.. Vida para..
Viver é con-viver, é partilhar, é dar-se, é amar, é coletivizar-se, é criar; é sonhar; é poetizar o caminho e o próprio corpo...
Eternizamos nossa exstência dando-lhe um sentido que a torne um valor para além da minha própria vida, da minha vida de ser humano individual... O outro e a vida dos coletivos, da huamnidade me eterniza...
Se a minha vida só importa a mim, não entrei... não mergulhei no mar da vida... Estou num mundo que é somente o porão da minha subjetividade...
A nossa ausência se presentifica e materializa quando algo legamos, algo produzimos, algo fazemos que dá vida à  vida de alguém...
As lágrimas que secamos; as árvores que plantamos; o lixo que reciclamoos; a ternura que espalhamos nos tornam vivos para a vida...
É a ética do  bem comum... E se desejamos viver a ética do bem comum, necessariamente, temos que nos coletivizar, devir comunidade... devir tribos... Múltiplas grupalidades, já que são múltiploas nossas potências e utopias...
O coletivo agrega um dimensão de potência que extrapola a matemática do que pode a somatória das individualidades que o compõe...
A utopia, o sonho, que se realiza na caminhada com materialidade e virtualidade, ganha a capacidade de nos sustentar como vidas que se dão para a vida... Vidas pela causa...
Sonhar é viver... Se buscamos a concretização dos sonhos na realização coletiva do bem comum... Assim, exterminamos o tédio e a angústia... Porque deixamos nossa vida ser guiada pela constante busca da alegria... E já não depositamos a alegria na satisfação do nosso ego, traiçoeiroe vingativo, que deseja ser felize destrói os caminhos da felicidade... Aventuramos na alegria que nasce dos bons encontros...
Aprendemos, então, que só o amor e a solidariedade nos corporifica para além dos limites da finitude...
O resto é silêncio...

4 comentários:

Tânia Marques disse...

Que linda mensagem de esperança. Estamos necessitados de vida no seu sentido deleuzeano, devir-vida-esperança-renovação-transformação. Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querida Tânia, te escrevi um email: a vida é potência que se afirma na própria transformação; num permente movimento de sonhoe alegria, luta e utoia, por uma nova ternura nos caminhos da vida-compaixão.
Abraços com ternura e carinho; jorge

Tânia Marques disse...

Obrigada pela sua amizade, pelo seu carinho. Você é tudo de bom na minha vida. Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, pão e venhoi, a amizade é um diferencial que nos transversaliza e nos humaniza um novo ser humano; é elo que cria grupos sujeitos, vida.
Abraços com carinho, Jorge