Jorge Bichuetti
Nos Manuscritos Económicos-filosóficos, Marx já percebia a situação contraditória do trabalho: vida e morte; saúde e doença; alienação e produção... E com audaz genialidade, o jovem Marx, sonha com uma nova sociedade: socialista, de superação do trabalho alienado e da exploração sofrida pelo corpo do trabalhador...
Sonha e no seu sonho, iríamos pela manhã, labutar e produzir nas fábricas o pão do corpo; a tarde, estudaríamos e nos encantaríamos com as flores que perfumam e são o pão do coração nos voos da filosofiae da literatura; e na noite, junto com o luar e as estrelas, tocaríamos uma canção, teríamos a música, o pão dos sonhos...
O trabalho é o ato de produção e reprodução da própria vida. transformamos a natureza e por ela, no processo de trabalho, somos transformados...
Só que o trabalho dissociou da criação produtiva, tornou-se trabalho, relação de exploração e opressão, e trabalho alienado, processo de mortificação da potência-vida imanente ao trabalho...
Separou a criação da execução, o intelectual do manual... dividiu os proprietários num grupo que vive da lucro, mais-valia, e não trabalham, são donos dos meios necessários à produção pelo trabalho... e os despossuídos, que foram expropriados dos bens da natureza, passam a ser uma coisa, uma mercadoria, força de trabalho vendida e comprada no mercado... depois, fragmentou, parcializou e robotizou, mecanizando o processo de trabalho numa série de atos repetitivos... assim, o trabalhador já não se vê, potência, pois, não possui nem percebe como obra sua o resultado do trabalho.
Este trabalho adoece, limita o funcionamento do corpo, o inibe e o vulnerabiliza...
Torna-se corpo servil-passivo- submisso e silencioso...
A vida resiste... Resiste no trabalho, nas lutas sociais e na própria vida...
Já sem criatividade no trabalho, o homem se converte numa presa fácil das ideologias e mentalidades, ideias e imagens, que lhe vão subjetivando e no capitalismo mundial integrado, somos subjetivados como multidão, passividade e individualismo, consumismo, informações bancárias que nos depositam e não nos deixa lacunas... cala-se a força da criatividade.
Domenique de Masi... resgata na minha visão dois ícones da vida : "O direito à preguiça" de Paul Lafargue e
"Macunaíma" de Mário de Andrade...
Agora, escutamos um novo: o ócio é território de saúde e criatividade...
Na minha humilde compreensão, se resgata, igualmente, o que pensavam e viviam os surrealistas...
Onde mora a potência do ócio?... primeiro, nos diz que estar na TV capturado e sonolento, é vida vegetativa, não é ócio... O ócio estaria no pescar, no acampar, no lual, nas serestas e serenatas, no dançar, na roda de mate, no poetar e no pintar, no grafitar, no forró, no no surfar... Surfar no mar e surfar na vida...
A potência do ócio é que a criatividade deslocou-se e ali no seu coração fez morada...
Diz que sua potência nasce das pulsações que desenha e o inventa: o cio é alegria, expontaneidade, coletivização via cooperação, sonhos e magia, liberdade, conexões de harmonia com a natureza, serenidade, lentidão e movimento, ambos no compasso do que pode um corpo, e arte...
Ele está claramente espinoziando... O trabalho, hoje no capitalismo, adoece e mata porque se converteu num mau encontro e é regido pelas paixões tristes... o corpo não é corpo que pode... não cria, não experimenta, não é livre...
O ócio é um bom encontro, de paixões alegres, que possibilita a experimentação e criatividade que nasce do que pode um corpo...
Gera, assim, saúde, leveza, criatividade, potência...
Ousaria concluir, com um verso de um poeta nordestino que o traduzirei com alterações, permanecendo o espírito:" hora de cantar, cantar... hora de dançar, dançar... hora de sonhar, sonhar... hora de trabalhar, descansar porque... ninguém é de ferro"...
DIA 21 DE ABRIL: DIA DA TERRA... LUTA E ARTE PELA VIDA NO TEU ( TEATRO EXPERIMENTAL DE UBERABA.) .. ÉS O MAIS BONITO DOS PLANETAS...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
"" hora de cantar, cantar... hora de dançar, dançar... hora de sonhar, sonhar... hora de trabalhar, descansar porque... ninguém é de ferro"...
Hoje, minhas horas são de cantar, de dançar, de sonhar, de sexualizar, de viver ... viver ... viver ... o trabalho para mim hoje é só descanso pois eu não sou de ferro ...
Parabéns! Belíssima contextualização ...
Paulo, fico feliz que tenha gostado... me perguntaram que eu tinha de importante para vie para casa: respondi - vou devir índio, pachorrento, lento, cheio de ssejos e magias... Abraços com ternura, Jorge
AMIGOS ..PRECISO DE TODA ENERGIA BOA QUE VCS PUDEREM COMPARTILHAR COMIGO NESSE MOMENTO...HJE NÃO SINTO O CÉU E NEM O CHÃO...ESTOU TRISTE COMO NUNCA "ME" PERCEBI...PRECISO DO SOPRO DE VIDA!PROMETO MELHORAR....BJOS,ATÉ AMANHÃ.
ALZIMARA
Oi Dr.! Encontrei um texto de Marina Colassanti, maravilhoso, este seu texto me deu a idéia de publicá-lo em meu blog. Ela é escritora, e já publicou livro também, conquistou um prêmio jabuti, me parece. Vc sempre transmite lindas inspirações. Irei publicar e gostaria de vê-lo lá também. Abraço com muita ternura. Eu quem o admiro, poeta, médico e tudo de bom. Fica com Deus! LuGoyaZ.
Alzimara, nossos omentosde tristeza parecem um turbilhão de cinza que nublam o horizonte; mergulhamos numma dor de aprente duração infindável... Contudo, agora, com o céu estralado, 2 h da madrugado, iniciando meus trabalhos, li e queria lhe dar meu ombro. Meu ombro é teu... ombro amigo e ele conhece a sabedoria da vida que viu, tudo passa... As dores vão, o horizonte se aclara e a vida ganha novo brilho... um canto novo. Confia, estamos juntos. O sol nascerá... Venha um dia conversar com café e canções, minha amizade é um verdadeiro quintal... de energização mútua.
Abraços com ternura e orações pela vida; Jorge
Lu, o trabalho flui quando nos afetamose somos afetamos, com nossa pele de vida sentimose ai nasce o desejo de buscar um texto, uma canção... uma nova inspiraçõa, irei ver seu blog, assim, terminemos as atividades da Upop... Aí, a casa fica vazia, mas não fico solitário; eu e lua vemos o céu as plantas e visitamos os blogs amigos que alimentam de vida...
Abraços com carinho; Jorge
Postar um comentário