domingo, 8 de maio de 2011

AFORISMAS DO LUAR

                                                                    Jorge Bichuetti

A estrela da manhã brilha, solitária, persistente. Não chora as constelações que partiram, não se desalenta...
Mira insistente e espera paciente...
Ela ama as cores da aurora.
Brilha no instante inundada de porvir...
O futuro vitaliza os guerreiros que no hoje desbravam novos horizontes e abrem as cortinas do tempo...
                                              ***
Há uma floresta adormecida no coração da semente.
A semente vive, resiste e persiste, porque rompendo as barreiras dos sentidos,
Ausculta nos arquivos do infinito a sinfonia dos passarinhos , no novo que amanhece...
Resiliência é recomposição, reconstituição...
A produção da resistência é a germinação, ativação, tecelagem do devir.
                                              ***
O riacho pequenino não se intimida com as pedras do caminho; ele é riacho e é mar.
Sabe que tudo é uma questão de luta destemida e travessia errante.
Eis os enigmas da geografia da felicidade.
                                             ***
Diante do abismo, ponte e asas. Trabalho e sonhos.
                                             ***
O amor nasce no olhar encantado, consolida na pele acariciada, perpetua no dialogo e na escuta onde a palavra e o silêncio copulam, parindo poesias.
Assim, o amor conhece sabores, inventa novos sabores... e os plenificam na ternura de um beijo.
                                            ***
A multidão clama liberdade; mas se fragmenta se não encontra nos labirintos das lutas e sonhos um caminho de libertação.
                                            ***
A palavra não-dita gangrena o vínculo, quando é areia movediça, terra traiçoeira dos desenganos.
O silêncio é palavra... Palavras com asas cujas narrativas o vento assobia...
                                           ***
A revolução é amor, amor andarilho, amor que na escuridão arde e profetiza o clarão de um novo dia.
                                           ***
Se no princípio era o verbo, o verbo se substantivou na vida que escapuliu e se fez afirmação.
                                           ***
A servidão, psíquica e corporal, é verme virulento que aniquila corpos, até que sejam escutados, pois seu desejo é aniquilar este mundo de opressão e abrir as janelas da imensidão.

8 comentários:

Tânia Marques disse...

Jorge, com tantas pessoas aqui te elogiando, terás que saber livrar-se de qualquer aspecto narcísico a fim de que não venha a ocorrer uma auto-mitificação, uma autoidolatria. Isso seria por demais egoísta para a nossa proposta de guerrilha virtual. Todos somos capazes de ser o que quisermos, apenas os alienados não conseguem abstrair e racionalizar sobre o sistema, mas eles aprendem sentindo a opressão na pele, infelizmente. Temos que nos unir para mudarmos e que sejamos luzes, cada uma brilhando numa ponta do planeta, para iluminar e eliminar a ignorância. Beijos-queridos-e-intermináveis-de-mim.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, concordo, penso que precisamos pensar rizomatizando, não me sinto autor de nada nem mesmo dos meus desenganos: vejo a vida fluindo nos entres e são estes que precisamos valorizar: uma sociedade de amigos.
Abraços com muito carinho, querendo um dia sentar e escrever um texto a mil mãos. Quem sabe em Bh? Abraços jorge

Tânia Marques disse...

Sentaremos e faremos reflexões sobre a vida, num deleitar poético à luz da lua. Bj.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, querida, e olharemos as montanhas azuis com utopias que circularam nas nossas veias nos chamando para lutar e sonhar, sempre.
Tânia, abraços com muito carinho, Jorge

Tânia Marques disse...

Jorge, esqueçamos os nossos "defeitos", porque nem sabemos se eles são defeitos. Não os encaremos assim, pois para serem defeitos temos de ter um paradigma que nos diga o que é ser virtuoso. Portanto, se em alguns momentos nos perdemos de nós mesmos é por que estamos nos achando num outro contexto, afugentando as linhas territoriais da opressão imposta maniqueisticamente pela sociedade, onde sempre tem de existir um bem e um mal. Bj.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, lhe devo uma sessão. Não brinco... Andei muito crítico, inclusive com minhas limitações ... Ouvindo-a, fiquei leve, De coração, lhe agradeço: e concordo.
Vamos seguir semeando... sonhpos e alegrias.
Abraços com carinho, Jorge

Tânia Marques disse...

Não seja autocrítico a ponto de punir-se. Ansiosos somos, eu sei bem isso por mim mesma, pela vida que as pessoas levam nessa estrada consumista e de busca de desejos desenfreada. Porém, para produzirmos utopias, temos de cair naquela ideia anterior de que falávamos há algum tempo, a desacelar. Com calma, com serenidade, com paz espiritual, chegaremos lá. Os atropelos do dia a dia são muitos, mas a nossa vontade de mudar o mundo é muuuuito maior.

Tânia Marques disse...

Desacelerar é preciso, para que consigamos na paz espiritual capturar energias positivas. Sonhar com o arco-íris, dormir com a lua(Lua), acordar com os pássaros, refletir olhando nos olhos amigos, segurar a mão de quem precisa de carinho, a vida é magia, individual e coletiva. Mas olhando nas ruas, vejo expressões duras nas faces alheias, rudeza por falta de vida, de comida, de direitos, de lazer. Marcas nos rostos anônimos chocam-me por vê-los distantes de um devir-passarinho. Me emociono. Bj.