sexta-feira, 20 de maio de 2011

DO HOMEM-DESENCANTO AO HOMEM - RESISTÊNCIA, INSURGÊNCIA, LIBERTAÇÃO: POETAS VIVOS...

                Despovoadas
                               Concha  Rousia
Detecto o sofrimento humano
nos rostos esculpidos da cidade

Rijas enrugas de um olhar sem ver
de um olhar para dentro
mas a um vazio...
a um mundo desabitado
um mundo cheio de ocos
cheio de abismos escuros
que nascem nas pupilas
duns olhos que são tristes janelas
de brilhos apagados...

Dentro o sofrimento das gentes
que vivem despovoadas
que moram sozinhas em seu
imenso interior...
desproporcionado,
infinito mesmo.


 
                           O que pode um corpo...

                                                            Jorge Bichuetti


Somos presos, prisioneiros
da cela do próprio coração,
coração vazio, nublado, nele,
o  negro manto da desilusão...


Onde anda as estrelas que bailavam nos nossos olhares?...


Caóimos num abismo:
escravos da nossa própria solidão -
niilistas, fatalistas e vida alheia
às flores da poesia
aos voos dos sonhos
aos eêxtases da paixão...


Estamos num buraco, um oco, num caminho sem  amanhã!...


A vida chora e clama, espera
que reinventemos a utopia
que renasçamos para o amor
numa eterna primavera e
num rebelde emergir de
brilho e florescências,
poesias do devir...  n'a ternura no existir...



4 comentários:

Concha Rousia disse...

Jorge, meu amigo de além-mar, há tempo que penso que os humanos erramos por valorizar demais o que vemos, e como vemos que fisicamente somos seres individuais, temos um corpo que é 'só' nosso, achamos que emocionalmente e noutras dimensões psiquicas também somos assim individuais... Eu acho que isso é um erro que nos leva a querermo-nos 'individualizados' quando nessas dimensões mentais, emocionais, somos plurais, somos coletivos, fazemos parte uns dos outros, entramos e saímos uns dos outros, nos criamos nos e com os outros... se nos arrancarmos (como acontece nesta sociedade moderna que destrói o Ser coletivo, cortando os vínculos os laços) nós morremos como seres plurais, nós nos dessecamos... Abraço emocional a teu ser coletivo, Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

CONCHA, TUAS PALAVRAS TRADUZEM MEU SENTIMENTO. ME EMOCIONEI A PRIMEIRA VEZ, QUE EM bUENOS aIRES, VI HEBE, PRESIDENTA DA ASOCIACIÓN DE MADRES DE PLAZA DE MAYO, DIZER - EL OTRO SOY YO... O INDIVIDUALISMO NASCE DESSA ILUSÃO: MEU COORPO, MEU PATRIMÔNIO, MINHA VIDA... A VIDA FLORESCE NOS ENTRES DOS ENCONTROS... SOMOS COLETIVIDADES QUE NOS AGENCIAM PARA A VIDA. CREIO, TAMBÉ, COMO TU, QUE O INDIVIDUALISMO OSSIFICA O HOMEM E A PRÓPRIA VIDA.
ABRAÇOS COM TERNURA E CARINHO, JORGE

Sumaia Debroi disse...

CORPO
O CORPO pede
espirro
O ESPIRRO pede
alma
A ALMA pede
mente
A MENTE pede
gente
A GENTE pede
água
A ÁGUA pede
fogo
O FOGO pede
pouco
O POUCO pede
SER

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sumaia, que belíssimo poema: publicarei amanhã ... já irei prepará-lo.
Um dia de paz, alegria e luminosidade.
Com carinho, uma multidão de abraços, Jorge