Jorge Bichuetti
A vida nos questiona e nos questiona de forma implacável. Cada fato traz um universo de questões nem sempre fáceis de refletir, já que não podemos separar o pensamento da sensibilidade, dos afetos e da ética.
Uma questão ética no redemoinho dos fatos da história...
Ontem, o mundo celebrou num orgasmo coletivo a execução de Osama Bin Laden... Um ser humano fascista; destrutivo; uma expressão da intolerância...
Alguém que vivia alheia a ética dos direitos humanos, do direito à diferença, do cuidado, do bem comum, dos bons encontros e das paixões alegres...
Contudo, me assusta nossa parcialidade de proclamar o direito de execução...
Não podemos deixar de perguntar: nossos valores éticos se circunscrevem aos desenho de vida dada pelo pragmatismo, pelo funcionamento paranóico, pela animosidade personalizada, ou pensamos a ética como construção que humaniza as relações e se instauram no coração do ser humano e das coletividades como norte , leme, e farol da vida pela vida, para todos e com todos...
Será que estamos dizendo que desejamos um mundo de inclusão diferencial?... Todos com a acesso aos bens e valores, porém, um acesso já previamente dado como desigual...
Será que nossa luta é por direitos humanos para os amigose homens bons; é execução para reconhecidos criminosos?...
Daqui, podemos aferir que o mesmo ocorre com a ética do cuidado: o sistema oferece cuidado para alguns; e marginaliza uma multidão de excluídos que vivem na desvalia e no abandona...
O bem comum é disruptivo; pois, é a ética que pulsa para todos e por todos... Um devir humanidade.
A euforia da massa , afirmando-se na vingança, não é um bom encontro; pois, nos subjetiva fascistas...
A alegria nascida do ódio é fogo fátuo: fugaz e ilusório...
O novo não nasce nem da falta nem da negação: e a paranóia é um atravessamento da falta, como a execução, é pura negação.
A virtualidade do novo, que é a ética do devir, do outro mundo possível , se dá pela afirmação, pela divergência e pela criatividade...
Não desejo um mundo de Bins, Ladens, como não desejo um mundo de Guatánamos, Iraques, Afeganistões, Faixas de Gazas etc...
Nem me agrado o regozijo do ódio...
A divergência é luta revolucionária de afirmação de um projeto, de um sonho, de uma utopia... Instituinte vibra e alimenta-se do novo que se busca e no novo que já se vive, antecipando o amanhã.
Execução é apedrejamento... Inquisição; chibata na senzala...
Não discordo que o Tribunal Internacional de Justiça ( Haia ) não teria dificuldades de provar os crimes e conduta nefasta e perversa de Osama Bin Laden...
Somente, não podemos deixar de ver que a chamada Guerra contra o Terror se desnudou... Não se luta contra o Terror, o Terror vem sendo o bode expiatório que nubla a cultura militarista, as guerra intervencionistas e o terrorismo do império...
Pela liberdade e pela paz, reafirmemos nossos valores éticos...
UNIVERSIDADE POPULAR: DIA 14 DE MAIO DE 2011, SEGUNDO SÁBADO DO MÊS. 13 HS
RUA CAPITÃO DOMINGOS, 1079. ABADIA, UBERABA, MINAS GERAIS.
UMA EDUCAÇÃO NO CAMINHO...
terça-feira, 3 de maio de 2011
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6 comentários:
Jorge
Parabéns por este texto que aborda um assunto muito polêmico. Penso que nem tu, MAS não sei me expressar tão bem nesses meandros.
É muito triste que é a morte deste pulha que consegue unir pessoas em uma reação de ódio expresso!
beijos
Anne
Annne, foco feliz que tenha conseguido; pois ele era uma expressão do pior fascismo, um canalha; mas não vencemos pelo ódio de massa que é também perigoso,pois se mostra incontrolável e que puxa o pior do humano.
Abraços com carinho; jorge
...é reafirmemos nossos valores éticos, pela liberdade e pela paz, e eu ainda acrescentaria pela solidariedade... (ou a equidade na justiça)...porque lutar contra o terror usando o terror não tem nome... Hoje nas notícias que eu evito seguir mas hoje vi, 'torturaram a uma pessoa até que conseguiram que lhes dissesse onde o Bin Laden estava'... Eu sempre repito minha frase 'o que fazes a um ser humano, fazes-lho a humanidade' então eles nos torturam, nos aterrorizaram, para matar a um de nós... tanto faz que se chamasse Bin, como Ban, ou Ben... Abraços de paz para ti, Jorge.
Concha, penso assim; agimos subjetivando-nose subjetivando outros; o terror pelo terror é um retrocessoe uma vida fascista que se instaurae nos lesa a todos.
Abraços com imensa ternura, Jorge
Jorge, esta é uma pergunta que devemos nos fazer todos os dias, pois se queremos paz e liberdade, espalhemos paz e liberdade. À Obama eu perguntaria se era justo ter sido escolhido o Nobel da Paz, pois suas atitudes causam mais terror do que Paz e Amor. Suas promessas de fechar Guantânamo (salas de tortura) em território Cubano e acabar com os embargos à Cuba e a retirada das tropas dos países árabes não foram cumpridas e o desfecho desta operação hollywoodiana abre precedentes graves, pois poderá invadir qualquer país com as desculpas de nele haver agentes terroristas. Obama em seu pronunciamento disse que foi feito justiça, então o Nobel da Paz está com as mãos sujas de sangue. Abraço
Cauí , meu amigo, tudo que disse eu concordo; mais tudo isso vem me levado a pensar no quanto temos depreciado o verdaeeiro inimigo: o império. Abraços com ternura; Jorge
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