Céu claro; azul aberto... Pássaros, voando entre sonhos e miragens... Aqui, nos meus pés, minha Luinha: faceira, mimosa, ternura encantada... No ar, a viola; Paulinho da Viola azulando o caminho... " Não sou que navego; quem me navaga é o mar..." E, assim, a vida... nos embalos da aconchego do infinito. O corpo pesa, a alma voa... Voando, pergunto saudadoso: onde anda o Luar?... Entre estrelas, somos passarinhos... Uma revoada na imensidão, procurando um oásis...
A Lua tem sido, nos morros íngremes e nas rimbanceiras, meu oásis...
Quase todos os dias... acordo com ela, para juntos, esperarmos o nascer do sol, a aurora...
Quando o corpo pesa, mesmo voando entre estrelas, passarinheiro, fico nostálgico... Saudades do luar...
Reflito e concluo, que o mesmo se dá com tudo que amo... Um segundo de ausência pesa uma eternidade...
Ah! e como há segundos na vida... segundos de ausência, segundos de silêncio...
São tantos, que começo a desconfiar que algo existe além... são tantos que não suportaríamos...
Há algo... no amor e no bem-querer que tece travessuaras na geometria e na física...
Há no amor um dentro e um fora... Mais há algo mais: há um dentro no fora e um fora no dentro...
Alquimia do amor: a magia de se carregar no coração a presença ausente; o feitiço de deixar voar a ausência presente...
Um ser livre atado; um ser atado livre...
Amor, bem-querer... é a poesia do infinito, desenhada na pele do corpo enluarado; é a musica do coração da vida orquestrada na sinfonia das estrelas...
E, assim, se dá outra peraltice: o luar brilha no céu, mas ele mora mesmo é no coração da gente...
Agora, então, só precisamos: descobrir o caminho do nosso coração; os versos da imensidão e aprender a ouvir a melodia do cosmos que pulsa no brilho enfeitiçado das estrelas...
O amor se revela, oculta-se... voa e pousa... é ninho; é borboleta...
Amar é, tão-somente, a eternidade de um segundo; e um segundo singular na corrente de segundos que tecem no horizonte azul a própria eternidade...
Amar é...
- "Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. "Carlos Drummond de Andrade
2 comentários:
Sou sua órbita...percorre em mim esse buraco negro que só tu és!
E na alquimia caosmótica do teu mistério,
Em nebulosas deixo nascer teu novo mundo!
O que queres ser?
Rizome luar...luar, rizome!
E prateie esse lago noctívago,
Onde meus beija-flores persistem em se banhar.
Um poro grita...quer tinta!
Dai-lhe as cores da vida em mim face...a...face!
Jô, doce flor do maracujá... e clareira dos cerrados... saudades e desejoso de papear... Aparece, estarei aqui... beijos, jorge
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