sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ESCRITO ESQUIZO-ERRANTE

                                         Jorge Bichuetti

Um cavaquin é um anjo que floreia os caminhos dos que das lágrimas tricotam ninhos e, assim, no en-canto de u'a melodia, os passarins podem voar... quando pousam entre as suas penas estrelas solfejam, num en-canto, um novo caminhar...
A música é a oração dos que encontram na sarjeta... relíquias das catedrais...
                                         ***
Há muita gente no hospício que só ali chegou... por não haver nas esquinas a poesia do amor...
                                         ***
entre o poeta e o louco, a diferença é musical: o poeta delira, cantando... o louco chora sozinho, pois lhe roubaram a musa, trancafiando-a num porão... escuro e silencioso... Mas, a musa não desiste. Um dia, irá levá-lo e livre, passarinheiro poderá, então, dizer... a vida é um madrigal...
                                         ***
Ouvi palavras confusas... pensei que era a loucura. Depois, descobri, por acaso, que eram versos estimados; era poemas escritos no dedilhar da existência... Muitos escutam; mas nada entendem... aplaudem, é triunfal...
Ah!... se os loucos tivessem produtor e editora... Talvez, o mundo fosse outro: as rosas, todas no palco... na plateia, os comensais...
                                       ***
Toda arte é subversiva... Joga cinzas no passado; e tramam no presente... o que os poderosos jogam no lixo e no além... temendo o amanhã, com as luzes de um novo tempo...


                                     

6 comentários:

Anônimo disse...

Achei curioso uma notícia que li no jornal da manhã desta semana, uma comissão avalia opções de internação involuntária para dependentes químicos em "hospício" de uberaba, como se isso fosse a solução do problema. É como se eles tivessem a necessidade de fazer alguma coisa, mesmo que fosse a pior decisão que poderiam tomar. No Brasil a cultura da violência, da "lei e da ordem" subestima o direito à liberdade e a cidadania. Criam-se ações paliativos para tentar resolver o problema da incompetência geral. Gostaria de saber sua opinião: se uma pessoa é dependente química mas não faz nada contrário à lei, porque ele deve ser raptado de sua liberdade? Se um dependente químico faz algo que é contra a lei, deve ele passar por um processo legal e ser obrigado a tratamento, aí sim, compulsório. Caso contrário nenhum direito tem o público contra o privado. O problema é que a falta de celeridade da polícia e da justiça termina por fazer ineficaz qualquer solução nesta direção. Obrigado! Abraços!

Anônimo disse...

Caro Jorge, deixo meu pensar para sua reflexão. A felicidade não existe. Mas, se existe ela é uma contradição pois, ela seria a capacidade que uma pessoa tem de suportar com paz e serenidade os seus conflitos e sofrimentos pessoais. Contudo, se uma pessoa já alcançou um momento da eternidade em que os conflitos cessaram e os padecimentos do corpo não mais incomodam, então esta pessoa é feliz. Mas como dizer que não temos conflitos se somos organicamente ligados a um mundo doente, caótico contraditório, diria esquizofrênico (literalmente, se formos tomar ao pé da letra a definição de esquizofrenia)? É como viver em um lar onde temos um parente esquizofrênico e que não toma remédios. Teremos um conflito, queiramos ou não. Abraços!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, a internação compulsória são destas leis que pegam a vida e os guerreiros de surpresa... A clínica da dapendência química é alegre e rebelde, instituinte e libertária... é caminho de vida e não, punição. abraços ternos...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo: talzes, a felicidade surja quando, não é vista como carma, mas dharma- caminhos da libertação... Na luta, há a felicidade da germinação da aurora...morte do ego e transformação radical do socius - uma nova suavidade... Abs ternos, jorge

Anônimo disse...

Correto, a verdadeira clínica de emancipação da alma não aceita o tolhimento de qualquer natureza, por ser contrária à sua própria essência. Assim mesmo, digo que solicitei dispensa do tiro de guerra sendo, portanto, um amigo da paz: a lei brasileira nesta minha idade já me dá alergia só de pensar. A lei criada pelo Dep. Paulo Delgado foi um avanço. Contudo, ainda permite a existência de instituições asilares que funcionam na forma de comunidade terapêutica. Não vejo como conciliar estes dois aspectos.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, precisamos lutar por um sociedade livre e solidária, sem confinamentos... abs ternos