sábado, 2 de abril de 2011

CARTA ABERTA DOS RIOS E RIACHOS AO POVO BRASILEIRO

Meu querido, meu povo do Brasil,
seguimos persistentes e caminhando, chegamos no mar...
Não somos covardes, porém, andamos com muito medo.
No caminho para o mar, nossa alegria é tornar-se o copo d'água dos sedentos, o banho refrescante do domingo das crianças e jovens, casais e alguns velhinhos... Como é oferecer nossos peixes a homens e mulheres que neles aplacam sua fome... A luz da sua casa, meu povo, a damos com nossas correntezas, cheios de orgulho e alegria de tirar a vida da escuridão.
Agora, caminhamos... Mas somos só medo.
No caminho, nossa valentia nada faria se não fôssemos protegidos pelas nossas irmãs bondosas, nossas árvores, nossa mata, o verde que nos permite ser rios e riachos na beleza do solo brasileiro...
Com suas folhas vamos adubando a vida...
Agora, nos querem tirar este nosso único bem... nossa única exigência para os nossos humildes serviços.
Somos água... matamos sede e fome; adubamos... divertimos nossa gente; mas não sabemos como fazer ouvir nossa voz, nossa própria agonia...
Nós que choramos com os índios que foram, pouco a pouco, sendo dizimados; nós que nos desesperamos com as chibatas que ardiam no lombo dos escravos... Garimpeiros, trabalhadores... lavadeiras, pescadores... já vimos a dor e o desespero de muita gente. E já sonhamos com o riso de quem no nosso leito encontrava a alegria...
Não sabemos falar, nem conseguimos gritar... Nem posso meu povo lhe explicar porque deputados e senadores, latifundiários e perdulários não compreendem o idioma da poesia cristalina que murmura e sibila cantos de esperança e pesadelos de agonia...
Deus, Tupã, Olorum... todo o céu... nos brindou com a mata verde que o homem teima em nos roubar...
Era ilimitada...Frondoso verde...
Agora, nos ameaçam com a mutilação do Código Florestal...
Nos defendam... Falem por nós... digam que nos querem com o nosso copo d'água, com os nossos peixes, com a nossa cândida beleza... queremos ver  eternamente a luz nascendo das nossas correntezas, a fertilidade do solo vindo da nossa adubação e o riso dos que se banham e dos que nos contemplam como se a nossa limpidez os desse a própria face de Deus.
Era trinta... virou quinze... e, agora, já querem diminuir pela metade... Você, meu povo, conhece a vida e a realidade.... Se não formos protegidos, nenhuma árvore irá ficar...
Não deixe eles nos matarem... Lute por nós...
E Deus que nos criou para lhe servir, os irá abençoar...
Não queremos secar...
Nossa lágrima escreve hoje... esta desesperada rogativa. Meu povo, povo brasileiro, só você pode , neste momento, lutando pela vida, nos salvar...

                    Respeitosamente,
                                        Rios e riachos














EM DEFESA DAS MATAS... PELA VIDA DE RIOS E RIACHOS... EXIJAMOS 30 M DE MATA NA PROTEÇÃO DAS ÁGUAS QUE SUSTENTAM A VIDA NO SOLO BRASILEIRO: CÓDIGO FLORESTAL PARA A VIDA E PELO MEIO AMBIENTE... NÃO À GANÂNCIA DO CAPITAL...
ESCREVA A DEPUTADOS, SENADORES, VEREADORES, PREFEITOS, GOVERNADORES, LÍDERES... SEJA A VOZ DOS RIOS E DOS RIACHOS... SEJA O VERDE DA NOSSA NAÇÃO...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Dr. Lindo sábado não? Venho aqui com meu plácido respeito dizer que, me lembrei de um poema enquanto eu lia este seu post ecologicamente correto e você cita também a figura do índio, muito lindo diga-se também. Veja se não é bonito também. Beijinho e tenha um santo e abençoado domingo. Sua fiel amiga Lu.

Barrow-on-Furness
Fernando Pessoa

Sou vil, sou reles, como toda a gente
Não tenho ideais, mas não os tem ninguém.
Quem diz que os tem é como eu, mas mente.
Quem diz que busca é porque não os tem.
É com a imaginação que eu amo o bem.
Meu baixo ser porém não mo consente.
Passo, fantasma do meu ser presente,
Ébrio, por intervalos, de um Além.
Como todos não creio no que creio.
Talvez possa morrer por esse ideal.
Mas, enquanto não morro, falo e leio.
Justificar-me? Sou quem todos são...
Modificar-me? Para meu igual?...
— Acaba lá com isso, ó coração!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lu, pessoa do bem e da luz, que sempre chega nos renovando os horizontes... Uma bênção F Pessoa, sempre o amaei muito... Ele e seu olhar cético, porém, encantado sobre o mundo e a vida.
Abraçose muita paz, Jorge