quinta-feira, 7 de abril de 2011

DIÁRIO DE BORDO: TODO MOMENTO É TEMPO DE ALVORECER...

                                                            Jorge Bichuetti

A vida segue... Olho o relógio e constato que só agora estou postando o meu diário de bordo...
O tempo voou ou eu anda tartarugando na vida...
Acordei e vi as estrelas no céu... a madrugada é bela: tem gosto de poesia. Um encantamento suave; um silêncio acolhedor...
A Lua não gosta de admirar a lua... Brinca, corre... deita nos pés amados e nos pés dos desconhecidos que ela pressente querê-la... E vigia os passarinhos... No seu mundo, são eles uns ianques invasores...
Há muitos tempos... Tempo de partida; tempo de chegada... Tempo de criar; tempo de aprender... Tempo de escutar; tempo de falar...
Há o relógio... O cronos que marcam a temporalidade matemática da vida que se universalizou e se esqueceu das singularidades...
Um minuto é sempre um minuto no relógio... não o é na vida. O riso é passageiro, voa... A lágrima dura uma eternidade, vagarosa, tempo que não passa...
Os jovens vivem nas curvas da estrada, velozmente...
A velhice propicia uma serena lentidão... que se mundo não perturba, é o tempo da delicadeza, da suavidade...
Cronos, Aion, Kairós... Tempos...
Há um tempo na nossa vida que é o tempo do corpo, seu ciclo vital, suas transmutações pelo caminho... Um tempo dado pelo que conta e pelo que vivencia um corpo... Meninice, juventude, maturidade, velhice... Saúde, doença...
Há potência na lentidão, se ela é leveza, delicadeza e suavidade; para isso há que se superar os registros da força e velocidade que imperam dominantes na lógica do mundo, do capital, das relações de vitória, poder e sucesso... Da vida-fábrica e da vida-palco...
Há um tempo na nossa vida que é o tempo da nossa história, ou da nossa geografia, para ser politicamente correto... O tempo da vivência, da experiência, dos acontecimentos... Tempo do encontro, tempo da saudade... Tempo da criação, tempo da ociosidade... Tempo do amor, tempo da solidão...
este é um tempo que o relógio marca, mas que os dados do relógio não correspondem ao que sente e diz nossos corpos...
Há tempos de intensidade... e há tempos de intensidades alegres e tempos de intensidades tristes...
A alegria é passarinheira; voa... precisamos buscá-lo; reinventá-la...
A tristeza anda no compasso das lesmas... dura, perdura... Temos que lutar, bravamente, e superá-las... Caçar saídas, bifurcar... inventar linhas de fuga...Vida de novas alegrias...
Há um tempo na nossa vida que é o tempo dos sonhos... Tempo de magia, tempo de encantamento...
Não dilui-se velozmente; nem tarda... Um tempo que nos possibilita dar sentido e suportar os dissabores e as fatalidades; pois, ele concretamente dá transcendência...
O sonho dá vida; dá sentido, norte... Vitaliza e afeta-nos... nos desperta, nos faz pulsar, caminhar, lutar e brilhar...
Ele eterniza o instante; e atualiza a eternidade nos segundos de um acontecimento.
Aprendamos a ler o corpo... aprendamos a escutar a vida... aprendamos a conversar com a nossa história...
aprendamos a ouvir nossos sonhos...
Ali, estará os enigmas do tempo...
Minha tartaruga , hoje, era velhice do corpo, vida reflexiva e sonhos pulsantes que me encantam e me levam para uma dimensão da alegria de viver, cada palavra, cada gesto, cada ato... na consciência de que vale sorrir e chorar para semear no solo do próprio corpo e chão do mundo as sementes da aurora...

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde Dr. Seus poemas são lindos. Haja fôlego para encontrar tantas palavras que descrevem a força vital de cada indivíduo, lendo assim parece fácil, mas na vivência das adversidades elas nos fazem falta. Na prática a transmutação é complicada. Abraço, parabéns pelo texto reflexivo. Amiga LuGoyaZ.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lu, todos vivemos este efervescência vitalizante e provocante: con-vivere viver a diversidade... sem deixar de cuidar de si e da vida; ando sempre tentanddo ver, sentir e incluir... não é fácil, mas é o caminho da superação da exclusãoe da solidão... conversa no fogão... Abraços com imensa ternura, Jorge

Tânia Marques disse...

Jorge, a Lu foi magnífica ao falar sobre o fôlego que tens para escrever, tantas palavras, plenas de conteúdo de vida, vida nelas a palpitar, vida a pulsar intensamente, vida consciente de mudança, vida devir-revolucionário. Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tâniaa, o trabalho de pensar, sonhar ee militar nasce nos e dos entre que a vida me propicia... Tento ler, conectar e traduzir a vida, vida em movimentoe vida de nossas reflexões conectados pela internet que leva a saltos que são nossas produções coletivas. Abraços com carinho, Jorge