sexta-feira, 6 de maio de 2011

MESTRES DO CAMINHO: SOBRE A POTÊNCIA DA ESCUTA

                                                REFLEXÕES:

- "Você deseja ver; ouça. Escutar é um passo além da visão." --São Bernardo

- "O primeiro dever do amor é escutar." --Paul Tillich

- "Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta."--Ernest Hemingway

"Com o dom de ouvir vem o dom de curar. "(Catherine de Hueck Doherty)

"Saber ouvir quase que é responder." (Pierre Marivaux)

- "As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." Fernando Pessoa


8 comentários:

Concha Rousia disse...

Quanto saber em que poucas palavras, parabéns por tuas escolhas para o dia... Vou reflexionar, se me permites querido amigo, sobre uma delas porque também acho que o primeiro dever do amor é escutar, (eu antes que dever diria habilidade ou poder...) a pessoa que não escuta é porque no seu interior há uma dor imensa que emascara o amor, é por isso que não nos devemos ofender quando não somos escutados, nem pensar que por isso não nos amam, acontece que nesse momento essa pessoa tem que atender a uma emoção mais urgente, que não por isso é mais importante, ora queima mais... se o nosso amor não nos escuta em alguma ocasião, escutemos nós a sua dor, e então ele finalmente ouvirá a nossa mensagem, tenho certeza de que concordarás comigo, se consegui comunicar a ideia dentro de mim. Abraços de carinho,

Nota: A tau frase no face foi um sucesso, como eu copiei os teus dados, e pus Brazil com 'z' uma pessoa me diz, que adorava o pensamento, mas não gostava de Brazil com 'z' eu diz que perguntaria ao Jorge... se tens a bem em dizer. Abraço grande, Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

QUERIDA CONCHA, AMIGA DE CAMINHADA, NÃO SE CONSTRÓI UM VÍNCULO AMOROSO SEM A CAPACIDADE DA ESCUTA. a ESCUTA NOS PEREMITE SAIR DAS IDEALIZAÇÕES E DEIXAR O OUTRO TORNAR-SE PRESENTE.
ESTUDO COM CARINHO O ESPANHOL:IDIOMA E CULTURA, TENHO PAIXÃO, INCLUSIVE, DEFENDO COM DIVERSIDADE MAS O TERRITÓRIO LATINOAMERICANO COMO MINHA PÁTRIA;S OU Z, TUDO É BRASIS... DIVERSOS, DO POVO DA RUA, DO POVO INDÍGENA, DO POVO DA FLORESTA... POVOS ESTES QUE NEM SABE QUE DIFERENÇA TEM S DO Z.
aBRAÇOS COM CARINHO E MUITA TERNURA, JORGE

Concha Rousia disse...

...Jorge, eu como tu amo a América Latina também com paixão, quando a Espanha já não posso dizer o mesmo... (por razoes tao profundas como a vida mesma) Mas amo sim a diversidade, adorei isso dos Brasis... Mais abraços de carinho para ti,

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, nossa América Latina com Benedetti, Neruda, Mercedes Sosa, Fito Paez, Piazzola, e tantos e tantas... Brasis: diversidade colorida na magia, na ginga, na poesia... Um abraço com imenso carinho.
A Espanha - amo, sem conhecer; com um defito só vejo o que me agrada; aí não vale...
Abraços. Jorge

Concha Rousia disse...

...quado queiras conhecer, aqui estamos, e não mudes nunca esses óculos que te permitem ver o que te agrada, e não mudes tampouco a tua sensibilidade para o mostrar a todos nós, muitos abraços, Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, teu coração é porto... Obrigado por existires...
Abraços, Jorge

Miriam disse...

A arrogância e a prepotência contribuem para dificultarem o vazio interior, responsável pela assimilação do que se ouve. Lembrei-me do texto "Escutatória", de Rubem Alves.
"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…
Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas… Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios…
Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado”.
Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”. E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto."
Abraço com carinho!
Miriam Cunha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Miriam, suas reflexões chegaram e me permitiram voar: não escutamos; não escutamos o outro nem a natureza. Ouvimos e enquadramos nas palavras que vomitamos para silenciar o mundo.
Abraços com carinho, Jorge