UM JEITO DE SONHAR
Jorge Bichuetti
Na esquina, espero
a hora do trem
o beijo roubado
o odor dos sonhos
o suor da madrugada
o sereno o luar
vidas sonhadas
noutras primaveras
(h)eras de paisagens
e vadiagens,
entre pedras e flores,
noites de eternos carnavais...
Na esquina, espero...
E a espera já é um jeito de sonhar...
TESTEMUNHO
Jorge Bichuetti
Não. Digo-te não...
Não sabes onde mora
a poesia pulsante da vida.
Nunca choraste
enternecido
pelos singelos versos de Dona Cora,
Coralina...
Fernando Pessoa na tua boca
não passa de um discurso vazio,
rebuscada etiqueta
dos valores universais;
não, não e não...
Pessoa é visceral humanidade
onde as pedras falam e gritam,
os pássaros silenciam
e os deuses descem e se ajoelham
numa vil e pueril
humana incomensurável
lacrimogeneidade...
Não. Sigo com Bandeira
e bandeiras,
Cartola e Rosas:
sou lágrima, flores e passarinhos...
A Lua fica,
ela, sim, é minha,
minha poesia-menina,
minha cantiga-de-ninar,
minha paixão, visão
cosmopolita, companheira
que sabe a dor e o valor
dos sonhos meus...
ESTA LÁGRIMA
Jorge Bichuetti
Atrás de toda
lágrima
de u'a mulher
há um punhal
retalhando
uma flor...
Cruel... des-amor.
RESISTÊNCIA INSURGENTE
Jorge Bichuetti
A-diversidades:
pedras florescem
flores murchas
caem
no fundo
do mar
sereia
en-canto
o mar ora
a vida
se
renova
e o luar beija
o novo sol...
alvorece nova
felicidade...
RUA E MAR
Jorge Bichuetti
Rua e mar -
ondas vagas
vazantes
marolas
roda
norte
da vida;
orla e horizonte
barco no ar
entre estrelas
ondeia
um novo amor
flores
no mar...
Iemanjá...
Odoiá...
CANTIGA DA RUA
Jorge Bichuetti
Passarada, passeata: protesto da multidão...
Na rua, a multidão sente-se
liberta e esquece seus medos,
insurgente se rebela e sonha
com cantos e voos , andanças e
um turbilhão de vida, antes
jamais pensada... No escuro do
porão só a morte desenha-se;
agora, na luta, para além da dor,
pulsa as cores da aurora e as
sementes caídas da árvore da utopia...
Um outro mundo é possível,
silencioso, anuncia o caminho,
nas trilhas da suada caminhada
onde os sonhos voam e cantam:
são passarinhos do alvorecer
da vida que virá solfejando a liberdade
e as já muito esquecidas cirandas da estrada...
Alvorada, serenata: árias da revolução...
quinta-feira, 19 de maio de 2011
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2 comentários:
Quem inventou a poesia sabia o que era dor, o que era solidão, o que era auto-perdão!
Obrigada querido por banhar-nos com tanto afeto e ternura!
beijos no coração
Sumaia, a poesia é a vida encantada que entre lágrimas e flores tece sonhos; manhãs de vida remçada. Abraços com ternura, Jorge
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