Chove. A chuva me despertou e eu, alegre, aspirei a esperança que subia no cheiro da terra molhada... Verde; meu quintal pulsa na alegria do limoeiro e do pé de romã, dos álamos e na roseira... dialogam com a chuva em sussurros inaudíveis... Coisas do amor, prosa da amizade... A Luinha, assustada, se agarrou a mim... E, aqui, estamos... eu e Luinha, escrevendo, pensando...Lhe convenci que a chuva é aconchegante, para os que amam e para os que não temem ouvir o que fala o próprio coração...
Seguimos... Com a alma, cantando a beleza dos girassóis e a ternura dos passarinhos que logo chegarão...
A vida fala...
Na racionalidade capitalista, é calculista e fria, matemática e prepotente, narcísica e onipotente...
Na poesia e magia da ternura, canta versos de amizade e compaixão, solidariedade e partilha, compreensão e generosidade...
Numa, o deserto da solidão e da ganância; noutra, as floradas do amor e da paz...
Não ternura sem inclusão; nem compaixão sem respeito ao outro na sua singularidade...
Entre tantos universos que abrigamos no que chamamos eu, nosso grupo, nosso mundo há pontes... A ética é a grande ponte que cria conexões no cio primaveril do Bem Comum...
Os grandes guerreiros e valorosos amigos da humanidade buscam o seu devir imperceptível...
Os que funcionam na paranóia - modo institucional de vida e não patologia - nunca perdem a rostridade e o egocentrismo...
A chuva é uma grande mestre... silencia, nos deixa num canto anônimo... Os burburinhos das rutilâncias festivas são perigosas... é canto de sereia... no coloca com o desejo de ser o centro, de ocupar o cume...
Cega-nos... E ai não percebemos que a superação do modo de viver neoliberal é o coletivismo que emerge da vida rizomática, redes transversais...
Tudo brilha e floresce nos entres...O próprio protagonismo se tece nos entres...
Neste sentido, escutamos Deleuze falar da morte do ego... O Cristo, da necessidade de negar a si mesmo... O Zen Budismo, da anulação da individualidade egóica na emergência de u'a consciência cósmica... E Che, do Homem Novo... Amor e generosidade, companheirismo...
Saudades de Espinoza e da Velha Guarda... Da Mangueira, Portela, Mocidade e todas escolas que do morro gritava por vida de comunidade na alegria dos bons encontros...
Porém, nesta caminhada que é todos nós, resta-nos a possibilidade de viver com o outro na alegria de afirmar a vida, ouvindo o nosso Rosa, flor terna do Sertão:
" Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura."
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