quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: NO CÉU ESTRELADO, HÁ CAMINHOS DE TERNURA, E SUAVIDADE... BAILADO DA VIDA NA MÚSICA DO VENTO...

                             Jorge Bichuetti

Madrugada, céu estrelado... Os álamos, altivos e elegantes, bailam... A música do vento enche de cirandas o verde do meu quintal... A Luinha despertou cedo, quis tudo ver...  Com seus olhinhos de jaboticaba, fisgava o movimento dos pássaros nas árvores... Longe, um galo cocorocó... O sol ainda dorme, mas, o orvalho e o cheiro da terra encanta o entre a noite salpícada de estrelas e a manhã, vida remoçada no sol nascente...
Contemplei o infinito... Como é bela e imensa a amplidão da vida!... A imensidão canta e ora no silêncio das manhãs...
A roseira já floresceu novos cachos... seu perfume impregna o ar com ternura e suavidade...
A vida é um poema de Cecília Meireles, pintada por Tarsila de Amaral e musicada por Villa Lobos... Mas, tem seus dias de Portinari... com versos de Bandeira e Pessoa na musicalidade melancólica de Tchaikovsky...
Viver é traçar caminhos nos entulhos da realidade... inspirada na poética da vida que encanta as manhãs...
Viver é caminhar... mas, podemos seguir nos embalos do vento... ou inspirados pelo céu estrelado e pelo sol nascente... ser um tecelão de destinos, inventando caminhos e sonhos...
O tempo passa... lento ou ligeiro, mas passa...
O vento uiva e movimenta... leva as folhas secas e renova o manancial das nossas sementes...
Viver é semear... é semear vida no caminho; caminhos, na vida...
Os que passivamente voam com o vento... Bailam nas rotas do destino sem direção...
Viver é escolher, experimentar, eleger caminhos e horizontes...
Podemos ir na correnteza...  ou desbravar vida nova no coração do infinito...
Podemos sentar e esperar... ou guerrear e semear no coração da vida um novo porvir...
Há dias que o tédio e preguiça dominam e desatentos deixamos o barco da vida seguir à deriva... Nau à deriva, vida que baila sem direção e sem horizonte azul...
O encanto do céu estrelado é um apelo da imensidão para que sob o clarão do sol, não nos esqueçamos que o horizonte representa u'a silenciosa indagação da vida: o que queremos da existência?...
Queremos viver alienados da própria vida que clama na lágrima dos que muito sofrem um novo rumo, uma nova direção...
Queremos viver esquecidos das nossas angústias e tédio que nos reclama por novos caminhos e novas experimentações...
Renascemos no ventre de cada manhã... Bela, a vida nas nossas mãos é vida tecida: ânsia de vida nova... grunhidos da solidão...
Precisamos desbravar caminhos de ternura e suavidade, compaixão e solidariedade...
Precisamos romper nossa gaiola e voar, livremente... reinventada na vida u'a nova vida que nos possiblite ser e estar além... em conexão com o outro... num caminho de partilha... voando com asas da solidariedade...
O eu é uma prisão...
O narcisismo, uma vida regressiva, infatilizada... energia estagnada nos rodopios da ilusão...
A vida é cio e estio... Cio germinativo que agencia novos modos de ser e estar no entre das relações... Estio, introspecção que nos permite ouvir o que fala a música que toca no sarau vivo dos nossos corações...
Assim, nasce novos caminhos... de alegria e paz... Porque, assim, encontramos no caminho a magia de amar e sonhar, buscando na aurora... a nossa condição de estrela do chão fértil que harmoniza o canto da imensidão...

Nenhum comentário: