segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

CONVIVER É O AMOR NA ENCRUZILHADA...

                                       Jorge Bichuetti

Se convivemos, partilhamos um grau de intimidade que nos desnuda e que desnuda o outro... Ai, a vida é espinho e flores; pedras e sonhos... Ninguém é o espelho do outro; a metade perdida, nem o ideal tecido nas projeções mentais...
Humanos: decepcionamos e somos decepcionados; frustramos e somos frustrados...
O vínculo consolida-se na medida que logra conter um ao outro na singularidade que os caricterizam... Vidas partilhadas com diferenças e contradições; porém, harmonizadas na ternura, na lealdade, na partilha e cumplicidade...
Vincular-se é mais do que adicionar, conectar, conhecer... O vínculo é alicerce de relação comporta caminhada, trocas, diálogos, partilhas... cuidado mútua; tolerância recíproca... amor...
O amor é sol que nasce no alvorecer das caminhadas partilhadas... Se amor, não morre...
Já as relações  mobilizadas pela necessidade, pelo interesse, e pelo oportunismo tendem a sofrer  a prova de fogo das encruzilhadas...
Ali, onde redomoinho tudo embaralha, somos chamados a dar um sentido ao nosso relacionamento...
Ou ele se dilui nas banalidades da pós-modernidade, onde o ser e a relação é líquida; ou solidifica ganhando uma dimensão ética de afirmação da vida, alegria e bons encontros...
Se toda relação liberta é ativa e guarda poder... qual é poder que subexiste no vínculo? o poder e potência de amar... Se afirmamos nosso poder/potência no ser amado... aniquilamos o vínculo; pois, o forjamos servil às nossas necessidades interiores. Reservamos para o outro o aviltamento da passividade... Lhe negamos a capacidade de protagonismo...
Vê-se que o vínculo que não vitimiza nem oprime; é uma linha que nega o narcisismo e a onipotência...
Conviver é viver... viver é amar...
Somos, entretanto, todos, aprendizes desta arte, arte que nos conecta com a imensidão...
O amor é a fonte dos vínculos criativos, nas diversas esferas da vida...
Amar é um condicionante das convivências criativas e libertárias.
Muitos convivem sem amar...  Muitos se encontram sem ternura... Muitos se conectam sem respeito mútuo...
Pura banalização da possibilidade de estar com... sem corresponsabilizar pelo vínculo criado...
Amor não é prisão... tampouco, festejo alegre que emerge na total marginalidade da vida inclusão, cidadania, e cuidado mútuo...
Neste sentido, de se pensar o amor na paixão, na amizade e nas redes, podemos dizer que o umbigo não é o espaço de conexão... é a ternura e o carinho, os sonhos e a partilha de caminho e vida...
Conviver é versar o caminho da vida na poesia da inclusão, da ternura e compaixão... Um sonho que se tece na loucura fraternal da vida que é vida de humanidade.... Tribo dos voos suaves e ternos no horizonte azul.

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