sábado, 7 de maio de 2011

POESIAS: ASAS DA SAUDADE

                                   SAUDADE
                                               Jorge Bichuetti

Dói, como se um ácido corrosivo
inundasse nossa pele, ardência e
uma triste e solitária demência...
Lembranças voltam e vestem
os dias com seu véu cinzento;
os olhos lacrimejam e deliram
tornando presente o ausente,
enchendo-nos de um oco vazio...

Oh! saudade, triste e indolente,
és tu minha sombra, dia-a-dia,
onde vasculhando os porões
da vida, reencontro e perco,
o amor negado na partida,
agora, num retorno cruel,
já que só é vivo na fantasia...


                                  NOSSA CANÇÃO
                                                  Jorge Bichuetti

Choras, mas não queres a vida
no singelo caminho do sereno
das nossa madrugadas de poesia;
nem mesmo escutas no voz do vento
a nossa velha canção, a doce melodia
dos nossos corpos harpeados pelo desejo
que nos enlouqueciam e nos faziam
uma só nota dissonante  na sonata
do amor de uivos musicais e versos
escritos na pele com as plumas da carícia...


                         DE MIM
                                   Jorge Bichuetti

Tenho saudades de mim...
Das minhas aventuras trigueiras
entre sonhos e as correnteza
do rio, águas do infinito na pele
indígena
das m'ias travessuras de menino...

Saudades!... da primeira serenata,
paixão juvenal, inocência tingida
com as cores da sexualidade e
dos amores, estrelas e luar na pele
poliglota
das meus sacros ritos sensuais...

Oh! saudade... o menino cresceu,
mas os anos não adormeceram
a voracidade do amor que se dá
entre a casta pureza de uma flor
e o devasso e paradisíaco cio,
suavidade animal
nos idílicos amores da m'ia mente...


                                       SONATA DO ADEUS
                                                                     Jorge Bichuetti

Canta, longe, meu destino;
de mim mesmo esquecido...
Solfeja o amor vivido
e os estribilhos do tempo
que sepultou as ilusões
no batuque mudo do adeus...

Os tambores se calaram...
ficou a velha cantiga,
feita de sons e gemidos,
do corpo molhado na chuva
que as lágrimas escondiam...

O cavaquinho sem cordas
retrata meu desespero,
longe de ti, já não canto
nem sou o bailarino na noite
que o luar efervescênte
movimenta, ritmando alegre
as contrações do amor...

Agora, só o vento, soa, inclemente,
cantando, diariamente,
a nossa sonata do adeus...

7 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia Dr. que Deus continue sempre iluminando sua sabedoria e lindas palavras. Sublime expressão de vida. Abraço na aurora desse vindouro dia. LuGoyaZ.

Anônimo disse...

Eu pudia ouvir os sambores salpicando sons da sua presença Dr. Abraço da amiga LuGoyaZ.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

lU, OS TAMBORES NOS PERCUTEM E NOS DESPERTAM PARA POTÊNCIAS ANCESTRAIS ADORMECIDAS PELO RACIONALISMO TÉCNICO-INSTRUMENTAL;
UM DIA ILUMINADO PARA VOCÊ COM PAZ, TERNURA E ALEGRIA.
aBRAÇOS, jORGE

Anne M. Moor disse...

Jorge

Saudades
Saudade em uma noite
chuvosa e quente
traz uma certa
nostalgia do que foi,
do que poderia ter sido
e do que é
em momentos especiais!

beijo grande
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, uma saudadinha pulsa nas noites silenciosas, saudades do foi e do que virá... Abraços com carinho; Jorge

Mila Pires disse...

Jorge,sentir saudade é muito bom, pois sabemos que "aconteceu", assim temos essa sensação gostosa!
Teu texto me fez sentir saudade...


"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar."
Rubem Alves


Abraços...com carinho...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mila, como é sábio nosso Rubem Alves: saudade, sinal dos eternos retornos; Abraços com carinho, Jorge