MINHA VELHICE
Jorge Bichuetti
Minha velhice não está nos joelhos
que titubeam, diante dos morros e
das grandes escadas entre o sotão
e o porão...
Minha velhice se ata no rádio mudo,
onde alucino palavras, poesias e canções...
Ali, auscuto, no silêncio, vulcânicas revoluções...
Minha velhice não mora nos meus
livros amarelos,
canções esquecidas,
poetas já canonizados no sepulcro
das enciclopédias...
Minha velhice chora, tropeça e vê
a morte e o na morte, o descanso:
quando, nas praças, já não encontro
o amor na paixão de mãos dadas, nem escuto
na rua, rebeldes desenhando um paraíso,
na poesia de um só verso que já brilhou nos olhos
da multidão...
Ressuscitem a palavra e o sonho,
gritem socialismo já...
Não serão presos, nem torturados;
mas, ali, então, eu me renecontrarei
com a minha juventude eterna...
Na primavera, as flores fecundam os sonhos...
O PÃO E A FLOR
Jorge Bichuetti
Muitos perguntam pelo sonho,
cínicos, declaram: o socialismo morreu...
E eu, louco, o vejo
no pão multiplicado;
como o encontro na indignação da vida,
diante da fome... no pão negado...
Delirante, o pressinto nas flores...
que brotam nos jardins e quintais...
Nascem, perfumam e esperam
a ousadia do amor
que as roubarão
na quietude rebelde da paixão,
loucura na arte das serestas e serenatas...
A vida nova chegará no orvalho
de u'a manhã qualquer, quando a loucura
libertar o amor e a compaixão,
trincheiras poéticas da musicalidade viva
que mora nos átrios da insurgência,
dá vigor e viço a vida, vulcamiza a poesia
e abre as comportas da revolução...
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
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10 comentários:
Sua velhice .. a nossa velhice ... ainda é muito jovem...enquanto ela não envelhece ... vamos aqui ....comparilhando a experiencia de envelhecer... bom dia meu companheiro ... um fraterno abraço
MINHA VELHICE: Jorge, seu poema, de tão belo, veio tomar café preto em minha quintal. Fazer companhia à um outro velho.Ouvir comigo os lábios mudos que se vão nas asas suaves das jurutis.Digo: escrever, tornou-se ofício, compromisso, nas tuas mãos.Bom dia, companheiro!
Adilson, vamos caminhando entre sonhos que nos rejuvenescem e lutas que nos dão asas no caminho da utopia... De lado, a velhice prateia copiando o luar... Abraços com carinho, jorge
Paulo Cecílio, estar no teu quintal me honra e me faz passarinho... sonhador e cantante; abraço com carinho, jorge
MEU GRANDE AMIGO, IRMÃO E PAI PELA AFEIÇÃO , AFINIDADE E ADMIRAÇÃO DE TANTOS JOVENS QUE INICIAM A CAMINHADA, É MUITO BOM ENCONTRÁ-LO E ENCONTRAR-ME NA SUA POESIA PELA MANHÃ. ME FAZ SORRIR, ME PREPARA PARA UM NOVO DIA DE BATALHA NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO QUE É O PS/SUS DO NOSSO BRASIL. COM USUÁRIOS INSURGENTES LUTANDO COM MUITA FORÇA PELA VIDA, POR UM POUCO DE DIGNIDADE...NELES VISLUMBRO TERESA DE CALCUTÁ, QUE EM SUAS INFERNIDADES ESCOLHIA ESTAR COM ELES. MUITA FORÇA, AMOR E EXEMPLO PARA NÓS. OBRIGADA MEU IRMÃO. ÉS REALEMTNE O PASSARINHO DA ALVORADA!
ABRAÇOS FRATERNOS
qUERIDA AMIGA, O MEU CORAÇÃO ESTÁ AI JUNTO DE VOCÊ... tENTEI MANDAR-LHE UMA MENSAGEM NO TELEFONE; PORÉM, ME COMP´LIQUEI... A luta é o caminho da vida que nas asas da compaixão voa sobre os abismos das injustiças sociais. Guerreira, irmã, lutemos... na recordação da valentia da nOssa querida Franca... Abs ternos, jorge
Que pena...não tenho quintal para convidar Dr. Jorge e Paulo, dois poetas e poder ouvi-los. Seria um bálsamo para minha alma.
Abraços.
Maria Alice
Maria Alice, com cafezinho preto fazemos poesia até na calçada; abraços com carinho, jorge
Dr. Jorge, não resta dúvida.
A poesia brota no coração do poeta, nos mais diversos momentos e locais.
O quintal nos faz pensar, adormecer, conversar sobre as loucuras que estamos vivendo atualmente e talvez rabiscar a poesia. Nos faz sentir saudades: lembro-me de 11 pés de jabuticabas no quintal da minha casa. E subíamos até nas "GRIMPAS" para buscar as maiores.
Talvez os rabiscos das poesias fossem criados em união com os pés de manga, jabuticaba, pitanga, goiaba, romã e intercalados com uma pausa para saborearmos essas delicias colhidas direto do pé.
O QUINTAL, espaço sagrado já está em extinção. Ordem do dia: falta de tempo, praticidade, cimento e cerâmicas.
Hoje tudo é mais fácil, mais prático. Mangas, goiabas, estão mais bonitas embaladas no isopor com o brilho do filme...
Rumo ao Hipermercado, estão lá, nas prateleiras despidas de toda beleza: suas flores e o desabrochar dos frutos.
Que venham as grandes produções, os pesticidas, os agrotóxicos.
Que, se dane o Meio Ambiente!!! Que se dane o Planeta Terra!!!!
No final das tardes, as calçadas já tinham as marcas das cadeiras e banquinhos no cimento Aos pouquinhos chegavam o pessoal da prosa e talvez ali surgisse um verso.
A CALÇADA, espaço de união, reunião e prosa já está em extinção.
O pavor, o medo que sentimos, dos que invadem nossas casas, amordaçam os presentes, roubam e matam, fizeram com que ficássemos enjaulados por cercas elétricas, câmeras de segurança, cães. Protegidos!!!!...doce ilusão.
Que se dane o outro!!! Que se dane a desigualdade da sociedade. Achamos que não temos responsabilidade com este caos.
Os quintais e as calçadas estão na lista de extinções juntinho com nossos animais, com nossas árvores seculares,com nossas famílias, com valores éticos.....
Afinal...pensando bem, acho que a humanidade está em extinção...Que pena.
Beijinhos na menina Lua,"minha" (rs) doçura.
Abraço com carinho, ternura e muita admiração.
maria alice
Obs.: quando escrevo, já falei como escrevo. Então.......
Maria Alice, sua escrita é uma poesia terna e cheia de memórias da vida que passa e não choramos as perdas: quintais, calçadas.... amigos na mesa e broa e pão-de queijo no prosear a vida partilhada... O brigado por dividir conosco sua divina inspiração... Abraços da Luinha, meu carinho eterno; jorge
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