Janeiro, 2011. A chuva, novamente, me acolhe suave; mansa e silenciosa. Ali, perto de mim, outros lugares estão devastados pelas chuvas, clamando a solidariedade de todos.
Não conquistamos a paz e a felicidade numa redoma de egoísmo e alienação... Crianças, velhos, jovens... famílias tiverem destruídos pelas chuvas seus cantos e seus sonhos. E, agora, desabrigadas esperam a misericórdia da sua gente e a intervenção do estado.
Eles padecem o desespero enlouquecedor da ruína.
Só a solidariedade salva a vida e só a vida solidária abre , nos escombros da morte, caminhos para a reinvenção da própria vida que se eterniza na ternura das mãos que, rompendo o individualismo, pensam, sentem e partilham as dores do mundo.
Auxiliemos... Sejamos solidários...
" Quem mora no moro,
já vive pertinho do céu"
Contudo, hoje, com as chuvas devastadoras, somente nós podemos devolvê-los a esperança: podemos dá-los de novo a alegria das passaradas e dos alvoreceres.
Ave, Maria! Ave, povo brasileiro!... sinfonia de pardais anunciando ... o recomeço, um novo dia.
***
A chuva, agora, ruge e seus rugidos me recorda que os dias seguem e, muitas vezes, seguem com o esquecimento do passado.
Quem esquece o passado, se vulnerabiliza e sucumbe à sua repetição.
As catástrofes se repetem...
Coletivamente, temos o compromisso de detê-las
O PNDH-3 permanece esperando a decisão do nosso legislativo que somente é ágil das falcatruas do poder e suas negociatas de verbas e cargos.
Somos nós, a sociedade civil, que podemos agir: façamos algo.
Não é possível que os torturadores e seus atos espúrios permanecerão ocultados pela cumplicidade dos covardes.
Exijamos a aprovação da Comissão da Verdade que limpará nossa história sangrenta com as águas límpidas da justiça.
Torturados, desaparecidos, assassinados - eles, os filhos da nossa pátria, mãe gentil, não podem cair no esquecimento.
O terror da ditadura militar precisa ser vasculhado, os fatos esclarecidos e os culpados punidos.
Só, assim, evitaremos a repetição deste ontem sangrento e desumano... Tortura nunca mais...
" Você vai pagar, e é dobrado;
cada lágrima chorada...
neste meu penar."
Gritemos. Exijamos: não cavemos com o nosso silêncio um novo tempo de "pranto contido... medo do escuro."
Direitos Humanos é vida. Liberdade e justiça...
***
A Lua que ama a Lua e as estrelas... Está toda carinhosa. Não sei o que lhe passa nos pensamentos de anjo.
Entenderá ela esta lágrima que corre no rio das lembranças que corta o meu corpo?
Algo sei: ela ama a liberdade e a sente plena na alegria de um samba.
Ela ama... a solidariedade que alisa as estratificações e exlusões e gesta uma uma vida onde a sociedade de exploração e opressão dá, pouco a pouco, lugar a uma sociedade de amigos.
4 comentários:
Caro Jorge, a cada dia vejo o quanto a Argentina está a anos luz na nossa frente neste assunto, pois estão passando a limpo os crimes de tortura e punindo os culpados, além do mais Cristina kirchner aprovou a lei de medyos que regula a mídia, e que não é censura como os meios de comunicação do Brasil argumentam, para confundir as pessoas, mas há um livro que esclarece muito bem o que é Liberdade de expressão x Liberdade de imprensa,de Venício Lima.
Em seu novo livro, Venício de Lima opõe os conceitos de liberdade de expressão e liberdade de imprensa, ressaltando que esta última, no sistema capitalista, foi transformada em liberdade de empresa. Ainda no prefácio, Comparato lembra que, por ocasião da independência dos Estados Unidos, James Madison afirmou que um governo democrático, sem uma imprensa controlada pelo povo, seria um prelúdio à farsa, à tragédia, ou a ambas as coisas. E emenda:
“No Brasil, a criação do oligopólio empresarial dos meios de comunicação de massa durante o regime militar (1964 a 1985) logrou, de fato, unir a farsa à tragédia. Não foi por outra razão que esse amálgama monstruoso mereceu de um jornal de São Paulo a leviana qualificação de ditabranda”. Trecho retirado do blog conversaafiada
Tortura nunca poderá ser considerada crime político
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos justos". (Matir Luther King)
A Lei 6.683/1979 concedeu anistia estritamente aos delitos praticados com motivação política e, também, àqueles conexos a estes, em nenhum momento mencionando dentre eles os crimes comuns. E tortura nunca poderá ser considerada um crime político.
A tortura, prática repugnante e covarde, constitui crime contra a humanidade. O Brasil é signatário de Convenções e Tratados Internacionais, ratificados pelo Congresso Nacional, como o Pacto de San Jose da Costa Rica, que asseguram o respeito a direitos políticos, civis e humanos, considerando, ainda, as violências praticadas, em razão de perseguições políticas, delitos contra a humanidade, sendo, assim, imprescritíveis. Além disso, a impunidade que se estabeleceu aos torturadores não pode significar isentá-los de responsabilidade criminal pelas barbaridades cometidas.
Aliás, atualmente, o Estado brasileiro encontra-se condenado perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que o determinou a fazer a investigação penal das responsabilidades penais para aplicação das sanções previstas na Lei pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre eles camponeses da região, envolvidos na Guerrilha do Araguaia, no período da ditadura militar. Cabe ao Brasil acatar a referida determinação, uma vez que é membro da OEA e signatário das Convenções Internacionais, podendo vir a sofrer sérias consequências penais e econômicas.
Trecho retirado do blog do nassif.
Cauí, estamos longe... Longe, canta o sabiá.
Mas podemos dizer um basta ao silêncio e mobilizar pela aprovação da Comissão da Verdade.
Sinto que em nossas mãos vive o sonho de liberdade.
Não há liberdade sem o fim dos fantasmas do medo e da morte.
Cada email, cada escrito... é um grito: um dia o silêncio se romperá e a aurora chegará para sempre.
Abraços jorge
São 21h15 na capital do Brasil.
Chove fino e com cheiro de água na terra... É cheiro de alegria de infância...
Nunca entendo a chuva... molha tudo, lava tudo, leva tudo... tão democrática quanto o Sol e a Lua e...
Não entendo quem foge do fogo da chuva...
Construímos asfalto, viaduto, túnel para nos comunicarmos cada vez menos. Arrancamos do solo vida que protege por necessidade de se enraizar ainda que precariamente.
Chove sobre nossas cabeças responsabilidade, sem exceção, pelas vidas equilibristas dos morros, dos porões, das prisões.
Continuamos firmes na vontade de lutar pela vida, mesmo que a luta pareça ainda árdua e triste.
Cláudia, doce e valente coração... Linda e porvindeira, és um pouco da magia da vida.
Ler tuas reflexões me animam a caminhar na ousadia de sonhar novos voos na imensidão do horizonte.
Um abraço terno, com beijos de carinho.
jorge
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