Jorge Bichuetti
Escondo-me dos meus medos...
Meus medos me ocultam da vida.
Medo da dor, da navalha...
Do veneno da cobra,
do espinho do escorpião...
A febre me despedaça,
a tosse me lança longe
do corpo que um dia
foi cavalgada e bailado
no canto escuro do salão...
Este medo me assalta e me rouba
meu sorriso, meu sortilégio
do menino que ainda sou,
do anjo que nunca fui,
mas que no meu olhar esteve
nos lâmpejos de ternura
com que carreguei uma vela
no escuro lúgubre de uma procissão.
Este medo... Este medo...
Não medo da vida,
nem medo da hora da morte;
é um medo de amante
que teme sofrer e partir
sem que a flor do seu amor
beije meus lábios, meus sonhos;
ou que seja simpesmente,
uma estrela e um amor
no silêncio da minha mão.
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