PIPOCAS
Paulo Cecílio.
Agoniza em público o louco.
Deleitam-se comensais, parasitas,
na penumbra do anonimato.
Seguros com seus pijamas,
aplaudem... pus.
Apodrece no palco o louco;
em prateleiras mofadas,
degustam o banquete, abutres:
jorra o louco, urra e brada
vômito de sangue e vida.
Explode o louco!
Edifica castelos imaginários,
arco-íris cintilantes,tempestades,
paraísos intangíveis à plateia
semi-morta no silencio
da penumbra ...
FUNERAL DO NAVEGANTE
Paulo Cecílio
Sonhando,
o Jangadeiro despede-se
das ruas brancas do arraial.
Cinco pessoas choram.
Lua alumia as pedras.
Nas caravelas, velas.
Velas, Maria,velas.
Artesão, velejador barroco.
O mar, agora é de palha,
da Bahia até Angola.
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