BONS ENCONTROS: O CAPS, UMA VIAGEM NOS CAMINHOS DA LIBERDADE

Aqui, temos um texto de Guiolherme Elias. Ele narra suas vivências num CAPS.
O Caps é uma ilha de liberdade, um laboratório do novo.
Nele, a loucura se vê chamada à inclusão social.
Não mais a negatividade da loucura-doença...
Singularidade e alegria, expontanedade arte - um mundo de ternura e devires.

Notas de um cartógrafo no Caps.1

                         GUILHERME ELIAS

¹Corpo Cupim-

Em minhas andanças no Caps me deparo com o coletivo Cupim que aos poucos por entre os instituídos mistificadores vão tomando conta do prédio cinzento de concreto e reto,criando fissuras e o transformando em pequenas rachaduras por toda a instituição total.Atravessando blocos de enunciados paralisados, criando corpos de coexistência em multiplicidade, agenciada pelo coletivo implicado com a diferença auto-criadora de novas coordenadas de desejo heterogêneo, que se encontram pelos corpos produtores de subjetividades entre a grama e a raiz, do processo ético-pólítico- ecológico do novo paradigma.Traçando linhas de vida inovadoras pelo afecto desejante do corpo sem órgãos, que povoados de tribos e desertos produzem novos mundos de um corpo cupim em constante involução do devir.O cupim deixa de assumir sua serie histórica ecológica e passa a ser Também processo de subjetivação.O curioso é que Cupim só dá em árvores rizomáticas.O cartógrafo perdido em selva instituída  outrar-se  cupim, afim de transitar nas fissuras dos concretos e  interpenetrando com outras matérias de expressão, que estão entre as histórias produzidas por agenciamentos coletivos de enunciação.Corpo cupim, Corpo devir...produzindo inconsciente produtivo e inventando máquinas desejantes que  tornam-se arma branca em meio a maquinaria instituída reprodutiva capitalística.

 Coextensão guerreira

Utopia ativa, vibrante

Processo desejante

Implicação em produzir diferença

Mudanças de coordenadas enunciativas

Criação de novos mundos, em que o coletivo do Caps seja protagonista de vida coletiva e afectuosa.

Notas de um cartógrafo no Caps 2

Festa "saci esta louco".

 Festa à fantasia, co-produzida com os usuários do Caps de Assis, com cerca de 20 intensivos, com tema do folclore brasileiro e outros, mundo a-fora.

Há de se ressaltar que trata-se de um Caps onde a abordagem é predominantemente medicamentosa e onde os médicos são o núcleo da maquinaria institucionalizada.As oficinas oferecidas tem pouca adesão, devido também ao corpo instituído a anos nos pacientes, que criaram corpos calcados a uma “preguiça”(sic) patológica e mistificadora em que atribuem sua “normalidade”(sic) ao poder da medicação como sendo algo único e essencial salvador de suas crises.Quebrar com este modelo e produzir outras Koisas, por desvio e co-composição, produzir instituinte através de relações horizontais, agenciando dispositivos como a amizade, a confiança e o respeito com a vida em sua singularidade,tem sido o meu caminhar; ativando suavidade em pedra entristecida e colorindo as árvores com suas raízes  arbóreas(instituição-verticalizada) em grama e fluxo e loucura, mesmo que nas fissuras do corpo á corpo das micro-políticas, das ambiências e dos bons encontros.Abrindo a árvore e a contaminando por ondas  de afetos que são linhas de fuga à linguagem verbal e cronificada.

 O texto de Guilherme Elias, sensível e terno, fala de um mundo novo, construido nos CAPSs.

A loucura, londe dos hospícios - verdadeiros campos de concentração, onde o fascismo exerge seu maléfico poder de destruir na vida os germes do amanhã.

Loucura - magia, festa, expontaneidade e liberdade. Um modo de existir  entre o sonho e a  aurora.