O VELHO
Jorge Bichuetti
Co'u'a garrafa de cachaça,
o velho se consumia,
mergulhado na desgraça
das dores de nostalgia.
A rua era a liturgia
da alma que não descansa,
que de si mesma fugia
nu'a árida errante andança.
Aposentado de guerra,
sem lar, pátria ou família,
era a dor que não se encerra...
Alucinava, noite e dia
solvendo o fel-da-terra,
na guerra que longe ia...
MARIA DAS FLORES
Jorge Bichuetti
Era na noite a festa
dos loucos e vagabundos,
mas, no amor, era honesta,
era a flor dos nauseabundos
jardins da dura miséria...
Era a Maria das Flores,
u'a mulher de reza séria,
se muitas fossem as dores...
Atire a primeira pedra,
aquele que nunca amou
no fogo que o cio medra...
Assim, pensava o Senhor,
homem santo de beleza,
sem malícia ou pudor...
UM ANJO MENINO
Jorge Bichuetti
- Ladrãozinho, ladrãozinho,
gritava o policial...
Tudo isto por um pãozinho,
e a fome roncando: miau...
O POBRE E O SAMARITANO
Jorge Bichuetti
Bêbado, caído no chão,
chorava o pobre infeliz,
tão tristonho
via passando os homens
de um bem
que não o acolhia...
Fiel na fé, o ébrio
de sonhos angelicais,
esperou...
E ali, morreu,
todos passaram,
o samaritano não passou.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário