quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

NÔMADES: ANDARILHOS DAS ESTRELAS

                                                               Jorge Bichuetti

De terno e gravata... Longas horas de trabalho num claustro... Trabalho repetitivo, robôtico, alenado...
Depois, da sirene, a escola... Salas de portas fechadas, fileiras de cadeiras... Pápeis e escritas lnearres...
Nas, refeições, um lanche rápido...
Enfim, o lar... Um apartamento cheio de celas...
Não a vento no rosto, nem águas nos pés... O riacho só existe na gravura da parede.
O telefone celular, a inteernet... A vida que não se vive, ali.... desenhada num álbum de recortes alheios.
A cidade: um zigue-zague de idas e vindas. O oníbus atrasado, o engarrafamento... O assalto...
O corpo se o queremos em movimento, se vê preso na rotina neurotizante de uma academia.
Hipnotizados, dormimos com a TV, suprindo os diálogos que já nã temos...
Somos sedentários...
O sedentarismo, contudo, não é, tão-somente, o enfarte, a fibromialgia e a depressão; o AVC, os tumores e o pânico.
Ele é um modo de ser e existir... Onde capturados pelos controles que sustem o poder nos toranmos na expressão de Foucault "Homens Infames"... Capturados e subjugados pelo poder.
É o apogeu da subjetividade captalista no assujeitamento que sempre é resultado de uma relação de dominação.
O poder não localiza num corpo, nem num lugar, ele se consubstancia numa relação onde a diferença de potencial cria dois pólos: dominadores e subjugados.
E já dizia Paulo Freire que os dominadores e exploradores não conseguem viver  fora do próprio mundo criado para que se dê estes assujeitamentos...
                                                    ****
A verdade é que todos estamos fartos.
Não vemos o pôr-do-sol, nem andamos cantarolando na chuva...
Não ouvimos o nosso corpo, é o nosso corpo que é obrigaado a escutar calado e sibmisso os alvitres do relógio.
Não viajamos... pelas cachoeiras, montanhas e praias...
Saimos, uma vez ao ano, da cidade; empacotados numa diversão de catálogo onde previamente somos condicionados às posses para o álbum que legaremos aos que virão, que nem mesmo desconfiarão que não estivemos lá... Só retratamos um paraíso sem nele mergulhar...
A lua já anda cansada , pois nem mesmo os enamorados a contemplam com oéxtase da paixão.
E as estrelas , de muito, vem se convertendo em meras figuras do zoodíaco.
Há que existir uma saída!...
                                              ****
Podemos , nesta luta de forças, nos negar à captura e a subjugação, e nos tornarmos nômades.
O nômade é alguém que se leva aqui e ali por linnhas de fuga... Em um movimento de desterritorialização e territorialização, construindo nvos  territórios e, consequentemente, gerando nvovas formas de viver e conviver. Singularindo-se, multiplicitando-se, rizomatizando-se... Dando-se a n devires.
Não mais um corpo robôtico e submisso, um corpo que transpõe o saber e experimenta e se permite um desbravador do que pode um corpo...
Não mais um corpo servil... Um corpo que transpondo os poderes, libera-se às experimentações libertárias e à liberdade de afirmar a vida e a alegria,
Ser nômade, assim, implica em querer ser artista, produzir o novo, criar...
Nômade, um andarilho das estrelas...
Uma vida pela vida...
A vida como obra de arte, recordando o conceito de Gandhi...
" Viver, e não apenas sobreviver"...
Já, então, não carregaremos os velhos tesouros... De ouro e prata; de obrigações i´nospitas, de compromissos asfixiantes...
Levaremos nas asas da liberdade a capacidade de voar e dançar, cantar e brincar, sorrir e amar, criar e sonhar...
Na terra, um a multidão de flores e passáros... Na imensidão, o luar e uma colméia de estrelas...

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