Anos sessenta. Juventude na rua. Maio de 68: a imaginação no poder, o poder jovem... Jovens cheios de vida e sonhos, idealismo e uma vida onde política e e xistência se conjugavam melodiosamente numa canção de liberdade.
Ousadia, rebeldia...
Estudavam, eram amantes das artes e da cultura... Sexualmente libertos, amavam com prodigalidade.
Queriam um mundo de paz e amor, de vida comunitária, não-consumista, de trocas generosas, simplicidade e união com a nossa Mãe Gaia.
Eram um sonho de vanguarda, e a vanguarda de um sonho...
Encarnavam a vida e morte pela revolução...
E, hoje? quem são os nossos jovens?
Está a juventude capturada?
É, ela, a acomodação, o instituído e o projeto burguês de um vida de sucessso, fama, poder e dinheiro?
Já é ela um território tão estriado que se transformou num campo hostil aos devires?
Afinal, quem é a juventude nos dias de hoje?
Inicialmente, não são situados pelos teóricos do devir como sitações caosmóticas, como o são a infância, os artistas e loucos, os apaixonados, os enfermos e velhos...
Muitas vezes, os situamos nos extremos nauseantes do instituído: nos atos fascistas e hoofóbicos, violêntos e racistas ou, no outro extremo, aleandos. Alienados pela máquina reprodutora do capitalismo que aborta a infância e a adolescência, em nome de um vestibular, de uma ascensão social, de um triunfo no mundo de vendedores e vencedores.... Alienados pelo vazio.... Alienados pela dependência química... Alienados pelo nada...
Não os estereotipemos..,
Eles são, para mim, uma crise, de crise de passagem , crise de identidade e buscas, crise de desejo de afirmação criativa sobre si próprios, e a rebeldia dos que sendo frutos deum esgotamento do velho guarda,. virtualmente, os germes do novo.
Capturados, vegetam robôticos pelas ruas, escolas e discotecas...
Contudo, não conseguem anular e calar um nomadismo inerente à própria desterritorialização peculiar a sua vivência: jovens numa encruzilhada nos redemoinhos da passagem...
Podem ramificar, singularizarem-se, devirem-se revolucionários: o novo num ato de arte e criação, arte-criação...
Lhes faltam causas, carecem de paixões...
Lhes roubaram os sonhos e os capturaram, temporiamente, por muito da anti-produção.
Isto, todavia, não é juventude... é o que estamos fazendo, negando e limitamos na juventude...
Não cabe somente despertar para a problemática num pronto-socorro ou numa delegacia, na agonia de uma overdose... Ou quando os levamos a um psiquiatra, por depressão, vazio, pânico e medo...
Agenciemos um novo mundo: ummundo onde os jovens se reencontrem com a sua paixão pelo novo, pelo diferente, pela mudança...
Não só por eles, a revolução não e só obra dos operários...
Sem a ousadia e rebeldia, o disruptivo e o intempestivo da juventude, corre, ela, o risco de se enovelar nas tramas burocráticas e nas lutas doinsituído caduco e não germinar no solo de uma nova primavera... as flores do devir e dos acontecimentos, da diferença e da vida alegre.
Já Spinoza afirmava que não há política de massas sem alegria...
E eles, só não os arautos da alegria, porque andamos enclausurando a juventude, não nos porões de uma ditadura, num modo de viver e existir onde a vida é abortada e nasce viril novos pequenos reprodutores da violência e do tédio, da morte e da lágrima contida numa loucura de fronteira, no limie, entre cinzas de desilusão e a energia da vida florescente.
Eles podem... Basta que rasquemos os impedimentos legais e escolásticos que lhes roubaram o direito de desejar e sonhar.
Não há porvir, longe da potência dos desejos e dos sonhos...
O resto e o abismo das velhas e caducas repetições... Desilução e morte...
Acordemos: há vida no coração da própria vida...
faça amor, não faça guerra!...
2 comentários:
Caro Jorge, a depender de mim, re-leremos juntos, meus filhos e eu, este artigo lúcido,ácido,mas acolhedor, esperançoso e potente.
paulo
Paulo, meu carinho pela sua ternura... E eu peço a Deus e à Vida, força para escutá-los na leitura, que estará fortalendo o texto com o seu coração terno e guerreiro.
E escrevei outros... E leremos outros... E caminharemos juntos rumo ao clarão do alvorecer de um tempo de amor e paz, liberdade e justiça, gentileza e solidariedade.
Viver é partilhar.... Obrigado, por sua companhia nas veredas de lutas e sonhos da vida, Beijos .... Jorge
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