Jorge Bichuetti
Don Juan... Belo, elegante e carismático. Sensual e sedutor: irresistível. Amável e charmoso.
Intenso na sedução, volúvel no vínculo.
Todas o desejam e ele as conquista: um pleonasmo da paixão.
Sempre apaixonado e apaixonante, porém, nunca se dá permanentemente.
Mantém um harém na ilusão de ser um amante ardoroso, um arcanjo do sexo, um deus da sedução...
A monogamia nunca o aprisiona, já que sempre ama no plural.
Ninguém sabe se sofre ou não, se a solidão lhe angustia, já que sendo de todos, guarda o desatino de não ser de ninguém...
***
Freud viu, no comportamento dos dons juans, uma clara e evidente homossexualidade latente.
O excesso e a compulsividade anulava um medo interno, inconsciente, da própria masculinidade.
Um ego sofrido: édipo invertido, identificação com a mãe e dificuldade de se espelhar no pai real.
... Um funcionamento paranóico típico.
A paranóia domina onde prevalece o instituído.
Guattari amplia os mecanismo do instituído de produzir uma subjetividade edípica.
Somos afetados pelo pai, pelos patrões, pelas autoridades castradoras...
Prevalece na não aceitação da castração uma tentativa de rebeldia e resistência.
Todavia, nem sempre esta negativa se dá produzindo o novo, o insituinte, o diferente. Podemos se capturados, não funcionar de modo esquizo-criativo, mas sim reforçando o falocentrismo e o machismo peculiares ao édipo.
E, assim ainda que fora dos padrões nosso modo de amar reproduz a dominação, a submissão do corpo-objeto da mulher e uma lastimável carência na capacidade de vínculo ternos e cúmplices, de doação e partilha.
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Don Juan, neste contexto, não revoluciona a sexualidade...
O n sexo - a sexualidade libertária, é , igualmente uma ruptura com o poder do conquistador, com a ausência de uma suavidade que gerará um novo homem e uma nova mulher.
Don Juan é , tão-somente, o avesso do amor romântico... Ele só é livre na subjugação que efetua a uma multidão de mulheres.
A libertação sexual é uma ruptura com o modo de ser e amar da subjetividade edípica..
Para todos...
E é principalmente a produção desejante de uma nova suavidade, de uma solidão compartilhada, que nega a simbiose,afirmando o amor-vínculo-ternura-partilha e doação.
domingo, 23 de janeiro de 2011
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