Jorge Bichuetti
O sol brilha. Tímido, discreto, como se ousasse apagar as recordações da chuva.
Minha casa, silenciosa e acolhedora, me convoca e escutando-a reflito: como eu me retrataria se decidisse, por acaso, narrar um pouco da geografia de mim mesmo?
Somos tantos, múltiplos eus, emergência da impermanência na fabricação do novo e do inusitado; tantos que se torna difícil desenovelar os fragmentos da minha própria vida.
Não querendo fugir da provocação da vida, digo: Sou latinoamericano, um súdito dos sonhos e um amante da poesia, sou passarinho e uma fagulha do mais doce e meigo luar.
Bolivariano e solcialista, creio nos direitos humanos e na liberdade...
Canto em prosa e vida, verso e luta que toda forma de amor vale a pena e vale as penas.
Não consigo acreditar que estamos matando o verde das matas, nem admito que estejamos nublando o azul do céu com as poeiras da acumulação capitalista, selvagem e imbécil que polui e degrada o meio ambiente.
Sou verde...
Também, sou vermelho.. Lilás, rosa, azul, amarelo e laranja..
Como me comove o branco da paz, da não-violência...
Trago, em mim, os sonhos de libertação de um povo sofrido e oprimido, quero a América Latina Livre e Reinventada na usina da solidariedade.
Carrego um multidão de desejos e utopias, delírios de uma vida que se afirme na ternura dos bons encontros e na leveza das paixões alegres.
Um dia, estarei velhinho, cansado e enfermo, olharei o meu chão.. e meu céu, e direi: Salve, Salve! Minha casa é minha pátria, minha pátria é este chão latinoamericano que ousou construir-se, inventando um novo céu, com os seus voos de liberdade e amor, justiça e vida plena.
Sorrirei, descansado, pois não suportarei o remorso de ter me acomodado na covardia..
Agradecerei a vida e a coragem de ter ousado sonhar.
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