domingo, 9 de janeiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: LIBERDADE, LIBERDADE

                                       Jorge Bichuetti

Esta chuva me aconchega...  Me faz forte, guerreiro, audaz.
Ouvindo-a, penso na vida e vejo o quanto temos nos amedrontados ante os inimigos da liberdade.
Há muito a liberdade vem sendo cerceado sutilmente.
Antes, a senzala e o tronco, os porões da repressão, o fuzil e o choque elétrico; hoje, sutilmente, somos condicionados a existir no quadriculado dos desejos alheios e consumidos pela ordem institucionalizada.
Não observamos no ar um conjunto de proibições, a vida se vê inibido pelas encomendas que introjetamos do status quo.
Passamos a viver pelo mercado e pela aceitação do outro.
Afogamo-nos em inuméros chamados e, neste barulho, não logramos escutar os alvitres do nosso próprio coração.
E acabamos deprimidos, panicados ou dependentes químicos, é o preço que pagamos por alienar a nossa vida dos próprios desejos e sonhos, e conduzi-la submissa as regras de felicidade do outro( do sistema).
Esquecemos Belchior: " Saia do meu caminho. eu prefiro sozinho, deixem que eu decida a minha vida... Não preciso que me digam de lado nasce sol...
Lá, mora nosso coração...Se não escutamo-lo, acabamos por desalojá-lo e, assim, o afastamos  de nossa vida
Em cada esquina, encontramos alguém que vive na condição de má consciência do outro, eles sempre estão de plantão julgando, condenando, criticando..
Busquemos em Deleuze uma perspectiva de ruptura. diz ele que não deseja ser a má consciência do mundo.
Evitemos, igualmente.
E mais: expulsemos de nossas vidas os que se colocam como tribunais dos nossos desejos e sonhos.
Não existe liberdade longe dos desejos e sonhos que assinalam a singularidade da nossa vida.
Liberdade, liberdade... abre as asas sobre nós...
As asas da liberdade tem como tecido os nossos próprios desejos que não voam distantes dos ventos dos sonhos.
Voemos.
Deixemos os pântanos para os répteis da opressão  e da dominação.
E voando, busquemos a ternura de amar e sorrir, cantar e bailar na plenitude singela de quem aprendeu a respeitar o próprio coração.


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