Josiane Souza
O silêncio gritante da escuridão penetra-me,
Escorre de meu tecido pálido...poros em sangue...
Sinto-lhe como estacas perfurando minha pulsação.
Tonteio-lhe com a saliva amarga da solidão
Até que embriagado sussurra-me o castigo do não.
Corro por entre mim mesma na absorvescência da ilusão
E meus olhos umidecidos ainda trapaceia-me com tua miragem.
Quero não vê-la ... como não lhe vejo agora...
Quero esquecê-la...como me esqueces agora...
Teu eflúvio ainda vagueia arrepiando minh'alma,
Fantasma...se ainda não pudesse tocá-lo em meu corpo.
Dize-me, você, como tornarei a olhar para o manto celeste,
Comtemplando a negridão do mistério cósmico,
Sem soprar meus pensamentos até seus olhos?
Dize-me, você, como tocar no negrume de meus cabelos,
Sentindo a extensidade dos fios sobressaltos,
Sem, em devaneio, deslizar meus compridos dedos pelo seu?
Dize-me você, como experimentar a brandura das nuvens em dia de verão,
Trasmutando-se em penugens celestes,
Sem sentir o arrepio de tua pele tenra unindo-se à minha?
Dize-me como gozar quando deleitar-me com o bálsamo das rosas,
Experimentando tuas pétalas orvalhadas,
Sem abarrotar-me de excitação pela umidez lasciva de teu corpo?
Passa da meia-noite, e tua ausência ainda grita em meus ouvidos...
Quem dera...ser-me surda para a ingratidão de teu amor!
Mas sou assim, esse turbilhão de esperança!
Se ao menos pudesse eu agora adormecer...
Meus sonhos o trariam de volta pra mim,
E na ebulição do nosso quimérico encontro,
Pudesse eu tocar-lhe mais uma vez....
Mas até mesmo o pálido sono abandonaste-me no altar dos sonhos...
E então...resta-me o atordeio dessa alma noctívaga!
De máquina à humanos
Lilian Naves
Como canto,
Desencanto a alienação
Da vida sórdida e sombria
De fria velocidade.
Com encanto,
Reativo o humano
Perdendo o parafuso
Dos corpos de máquina.
Em recanto
Comemoro o doce sol da manhã
Que brilha em olhos despidos
Dos ternos de lata.
Descem prantos
De emoção calorosa
Em movimentos quebrantes de regras
Buscando ativamente fazer esperança.
Nascem humanos
Como flores que brotam
Do meio de ferrugens e vermes
Anunciando Vida Nova.
O SILENCIO
Paulo Cecílio
SILENCIO DIANTE DA PERDA É RESPEITO.
SILENCIO DIANTE DA DOR É SABEDORIA.
SILENCIO DIANTE DA SAUDADE É CORAGEM.
SILENCIO DIANTE DA AGRESSÃO É FORÇA.
SILENCIO DIANTE DA BELEZA É INTENSIDADE.
SILENCIO DIANTE DA MORTE É ETERNIDADE.
SILENCIO DIANTE DE BACH É PROVEITO.
SILENCIO DIANTE DAS ESTRELAS É SILENCIO.
SILENCIO DIANTE DAS SEQUÓIAS É APRENDIZADO.
SILENCIO DIANTE DA DERROTA É HUMILDADE.
MAS SILENCIO DIANTE DO ESPELHO ,
É RECURSO DOS COVARDES....
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