terça-feira, 4 de janeiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: ENCANTOS E MAGIA

                                                                       Jorge Bichuetti

Chove... Chuva mansa, um barulho suave que é um terno e meigo silêncio.
Sinto a magia da vida e penso que nada é tão forte como forte é o amor e seus derivados.
Dói tanto desamor... A violência e o egoísmo pesam da economia da vida. Desta vida encantada feita de canções e poesia.
O homem é um ser do caminho.
Seus passos podem grudá-lo no chão, como seus voos o leva as imensidões do infinito e do porvir.
Muitos são os que perguntam pela saída diante dos dores que ferem a humanidade nos dias de hoje.
Outros indagam sobre os motivos da depressão e do pânico, da dependência química e da psicose.
Afinal, por que sofremos tanto?
A fábrica das dores não pode ser dissecada na simplicidade de uma explicação universal; contudo, podemos facilmente perceber que não inventaremos saídas longe do contexto dos sonhos que nos possibilita a superação da realidade crua e cruel, através do território encantado da esperança e da ousadia, da coragem e da vida afirmativa que desbrava novos horizontes e rompe a escuridão com as luzes diáfanas de um novo alvorecer.
Ousemos sonhar...
Lutemos... Atualizando os sonhos numa realidade moldada pelas nossas mãos que podem tecer um novo jeito de ser e existir e uma nova sociedade.
Um outro mundo é possível. Um outro mundo é necessário.
Adoecemos pela mesmisse; emancipamo-nos mediante a produção de novos modos de ser e existir, pelas utopias ativas que germinam no território dos sonhos , mas podem e devem florescer e frutificar nos caminhos das nossas andanças.
Somente através de linhas de fuga construimos um novo socius e uma nova vida.
Dar-se ao devir e intensificar as linhas de afirmação da diferença é o caminho para o genuinamente novo.
Um dia, olharemos a vida vivida e já envelhecidos sentiremos uma profunda dor pela acomodação, pelo conformismo e pela covardia.
Saibamos viver... A vida corre e velozmente passa e passando corrói as ilusões e aniquila os medos.
Tudo passa... Fica conosco a vida inventada e a solidariedade partilhada.
A solidariedade é mais do que valor ético, é um novo paradigma para nos nortear na reinvenção do próprio destino, individual e coletivo.
Ela é a apoteose do amor.
Ela é o germe de um novo tempo.
Ela é a estrela-guia do porvir.
Amanhã os pássaros voltarão a cantar...
O céu perderá o cinza do hoje e se vestirá de um colorido encantado e encantador.
Os jardins florirão, os quintais estarão cheios de frutos...
Também, nós podemos brilhar encantados, basta deixar a magia do amor nos reinventar e , assim, seguir, tendo por lume a solidariedade... E por vocação a mudança.
Somos inacabados...
Avante, seguem os que aceitam por teto o céu estrelado e por solo a relva orvalhada.
Seguem... Os que sabem que a vida mora no coração dos sonhos...
Semeemos, então, um tempo de sonho e magia, solidariedade e amor...
Eis o segredo do riso que nós se ausentou... Eis o fim das lágrimas que andam afogando a humanidade.
Escutemos o coração da vida e haveremos de fazê-la nova com a argila da ternura e o aroma da paz.

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