segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

BONS ENCONTROS: HOMOFOBIA É CRIME, É FASCISMO, E É CANIBALISMO EXISTENCIAL

                                            Jorge Bichuetti

Pela paz e pela vida, direitos humanos e cidadania...
Impunemente, a discriminação de homossexuais no Brasil gera uma realidade de sofrimento, violência e morte.
A liberdade e o respeito ao outro, o direito à diferença são maltratados nas escolas, praças, fábricas, igrejas, bares e ruas, enfim, em todo canto canto.
A opção sexual que é um a estratégia de saúde, já que ninguém é feliz alheio aos próprios desejos, constitui-se num motivo de lágrimas, vergonha e intimidação.
A morte espreita os que com audácia assumem seus desejos, quando estes desejos não são os dominantes.
Que queremos e fabricamos? Um país hipócrita, medroso e covarde; um país onde o prazer é risco de vida e o amor, um pecado.
Saia do seu comodismo e alie-se à vida que se deseja livre e feliz, de todos e sem exclusão.
Exija do legislativo, a aprovação dos projetos de lei que ( 122/-06) criminaliza a homofobia e o ( 4914-09) estabelece a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Escutemos a opinião do grupo Projeto DHnet:

O Crime Homofóbico 

Os crimes praticados contra homossexuais, conhecidos como crimes homofóbicos, pertencem à categoria dos crimes de ódio.  

> Crimes de Ódio:
atos ilícitos ou tentativas de tais atos que incluem insultos, danos morais e materiais, agressão física, às vezes chegando ao assassinato, praticados em razão da raça, sexo, religião, orientação sexual ou etnia da vítima. Os crimes de ódio são portanto motivados pelo racismo, machismo, intolerância religiosa, homofobia e etnocentrismo, levando seus atores geralmente a praticarem elevado grau de violência física e desprezo moral contra a vítima, sendo tais mortes muitas vezes antecedidas de tortura, uso de múltiplas armas e grande número de golpes.  
> Crimes Homofóbicos:
os crimes praticados contra homossexuais são, na sua maior parte, crimes de ódio, e devem ser referidos como crimes homofóbicos, tendo como motivo a não aceitação e ódio por parte do agressor em relação à vítima por ser gay, lésbica, travesti ou transexual. É impróprio referir-se aos crimes contra homossexuais como “crimes passionais” reservando-se tal denominação apenas às mortes provocadas por ciúme doentio ou decorrente de desentendimento sentimental entre as partes, ocorrendo crimes passionais entre homossexuais, na maioria destes casos, a homofobia está subjacente em tais delitos, explorando o assassino a condição inferior e a fragilidade física ou social da vítima.
Quando um gay, lésbica ou trangênero é assassinado por um não-homossexual, tendo como motivo ou inspiração do crime o fato da vítima pertencer a uma minoria sexual socialmente estigmatizada e extremamente vulnerável, ou por ostentar um estilo de vida diferenciado, aí então não se trata de um homicídio passional mas um crime homofóbico.
Portanto, podemos descrever os crimes homofóbicos como homicídios praticados por autores não-homossexuais, ou eventualmente por homossexuais ego-distônicos, contra vítimas com orientação sexual exclusiva ou predominantemente homoerótica, tendo como inspiração a ideologia machista predominante em nossa sociedade heterossexista que vê e trata os gays, lésbicas e transgêneros como minorias sexuais desprezíveis e despreparadas, que por viverem  suas práticas eróticas em sua maior parte na clandestinidade, e por ostentarem comportamento andrógino ou efeminado, são vistos pelos agressores como alvo mais fácil de chantagem, extorsão e latrocínios.
Assim como os demais crimes de ódio, o crime homofóbico é marcado pela crueldade do modus operandi do autor ou dos autores, incluindo muitas vezes tortura prévia da vítima, a utilização de diversos instrumentos mortíferos e elevado número de golpes. Como a homofobia permeia todas as áreas culturais e esferas de nossa sociedade, inclusive e particularmente o setor governamental, policial e judiciário, mesmo os crimes mais hediondos contra homossexuais raramente despertam a atenção e empenho das autoridades constituídas que, com indiferença, minimizam a gravidade de tais homicídios ou atribuem à vítima parte da responsabilidade do sinistro, seja por se expor a situações e contactos de risco, seja por tentar “seduzir” o agressor. Devido a tais preconceitos, muitos dos homicídios tendo homossexuais como vítimas não são rigorosamente investigados pela polícia, deixando de registrar, seja no documento policial, seja na mídia, a homofobia como móvel do crime.
Em síntese: na classificação dos crimes de ódio e crimes homofóbicos, não resta dúvida que o homicídio constitui sua expressão mais grave e cruel, assim como nossa principal preocupação, na medida em que redunda no extermínio de um ser humano e violação de nosso bem mais precioso: o direito à vida. Contudo, devem ser consideradas e pesquisadas como crimes homofóbicos todas as demais expressões de preconceito e discriminação motivadas pela homossexualidade alheia, na medida em que constituem manifestações de violência, desrespeito aos direitos humanos e à igualdade de cidadania, sem falar que podem representar o primeiro passo de ações homofóbicas mais agressivas que poderão redundar no extermínio do indivíduo homossexual.

Pela vida e pela liberdade, lute...

2 comentários:

José Caui disse...

Jorge é muito triste ainda termos que conviver com esta realidade cruel, onde a diferença não é aceita, querem manter os padrões estipulados pelo conservadorismo arcaico e retrógrado, uma falsa moral travestida com um discurso em nome da família, que sequer é respeitada pelos que empunham esta bandeira sempre hasteada a meio pau. Para mim os homossexuais são em sua esmagadora maioria dotados de um talento maravilhoso, de encher os olhos, continuemos a lutar em favor das minorias. Viva a diferença !!!!

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4881858-EI6578,00-Numero+de+assassinatos+de+homossexuais+bate+recorde+no+Pais.html

O número de homossexuais assassinados no Brasil superou 250 casos em 2010, um recorde histórico, conforme o Grupo Gay da Bahia (GGB). O dado faz parte do relatório anual - ainda em fase de conclusão - elaborado pela entidade e que será apresentado oficialmente em março.

Em entrevista a Terra Magazine, o fundador do GGB e decano do movimento homossexual brasileiro, Luiz Mott, destaca que foi a primeira vez que a quantidade de homicídios ultrapassa a casa das 200 notificações. Em 2009, foram 198, cerca de 50 a menos do que registrado no ano passado.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Cauí, sempre lúcido e pensando a vida e os caminhos da sociedade mobilizado pelo respeito ao próximo, as singularidades e ao direito à vida.
Ave, Cauí! Que um dia possamos conviver com a vida sendo dignificado por todos e para todos...
Abraços Jorge